O ciclismo de estrada tem o seu primeiro episódio nos Jogos Olímpicos de Paris com a prova de contra-relógio. Um percurso sem grandes dificuldades que servirá para encontrar o sucessor de Primoz Roglic!

 

Percurso

Era complicado um desenho mais acessível, são 32,5 kms (uma distância muito curta para uns Jogos Olímpicos) completamente planos, há apenas 90 metros de desnível positivo e o próprio traçado também tem longas rectas e poucas curvas realmente técnicas.

O percurso é tão rápido que se fala na possibilidade de usar roda lenticular à frente também, algo que Wout van Aert testou, isto torna a bicicleta mais difícil de manobrar e mais susceptível ao vento também.



Qual a melhor preparação? Olhando para o passado, em 2021, Primoz Roglic foi o campeão, ele que não está aqui para defender o seu título, num traçado bem mais difícil e depois de abandonar o Tour devido a queda. Em 2016, Fabian Cancellara fez a última prova da carreira no Rio de Janeiro com uma vitória retumbante, também com mais dureza, também fez o Tour e abandonou precocemente. Em 201,2 Bradley Wiggins triunfou em casa depois de ter ganho a Volta a França e num traçado com uma orografia bem acessível, atestada pelos 52 km/h de média.

O que os dados indicam é que os ciclistas que fazem o Tour e o concluem não ficam propriamente prejudicados numa corrida destas, principalmente porque a quilometragem também é reduzida, com o bónus de que, como os Jogos Olímpicos são em Paris, não houve necessidade de grandes viagens, ao contrário de Tóquio 2021 ou Rio 2016.

 

Favoritos

Joshua Tarling – Para mim ,é o maior candidato à vitória. Resta saber como lida com as emoções e a parte mental de ser a sua primeira participação nos Jogos Olímpicos, nas últimas 3 edições foram sempre corredores veteranos a ganhar. Em 2023, num traçado semelhante a este bateu, com muita clareza, Van Aert e Bissegger no Campeonato da Europa, e este ano, no Dauphiné, fez quase jogo igual com Evenepoel num percurso bem mais complicado. Está a preparar este momento há meses e a sua envergadura e posição aerodinâmica vai ser uma ajuda preciosa.



Filippo Ganna – Tem tido uma temporada um pouco aquém das expectativas, pode virar aqui um pouco o bico ao prego. Num percurso semelhante, ganhou a etapa do Giro, mas os 30 segundos colocados a Pogacar não convenceram muito. recentemente foi à Volta a Áustria ganhar ritmo competitivo e venceu 1 jornada por lá. A distância acho perfeita para ele, é alguém pesado e que faz médias altíssimas também pelo aerodinamismo que tem, foi campeão do Mundo em 2020 e 2021.

 

Outsiders

Remco Evenepoel – Acho que tem hipóteses de ganhar, mas é aquele que tem mais pontos de interrogação. Primeiro porque fez o Tour até ao fim e tem o desgaste físico e mental de ter estado a lutar pela classificação geral até ao fim, segundo porque gostaria de mais dureza no percurso. O belga não tem o peso de Ganna ou Tarling, mas beneficia de ser quase como uma bala em cima da bicicleta de contra-relógio, bateu precisamente Ganna por 12 segundos nos últimos Mundiais.

Magnus Sheffield – Não sei bem o que achar do norte-americano, mas olhando para esta lista de participantes considero que pode surpreender, também pela mentalidade e importância que os norte-americanos dão aos Jogos Olímpicos. Nunca obteve resultados incríveis em grandes campeonatos, a questão é que faz top 10 entre os sub-23 com apenas 19 anos e top 20 nos seniores como sub-23 e entretanto evoluiu. É um motor a diesel capaz de manter a mesma velocidade algum tempo.

Stefan Kung – Não fez um Tour inacreditável, só que tem a vantagem de chegar aqui com muita rodagem e sem desgaste em demasia visto que não foi a fundo em muitas das etapas. É sempre um potencial candidato nos grandes campeonatos a um bom lugar, gostaria de ter algumas colinas pelo meio.

 

Possíveis surpresas

Wout van Aert – Pelo que vi no Tour ficaria muito surpreendido se o belga conseguisse uma medalha. Pareceu-me estar longe do seu melhor, posso estar redondamente enganado.

Tobias Foss – Um antigo campeão mundial de uma forma totalmente surpreendente e que vai tentar fazer o mesmo aqui. A Ineos costuma ser uma equipa bastante atenta aos pormenores e acredito que tenha feita uma preparação muito específica.



Stefan Bissegger – Aquela enorme promessa que a este nível e em competições importantes de 1 dia nunca se confirmou, mas também acho que nunca teve um traçado tão favorável.

Nelson Oliveira – Um fiel da balança em grandes campeonatos que consegue estar regularmente entre os 8/10 primeiros. Não há assim tantos puros especialistas aqui e acredito que pode voltar a conquistar um lugar parecido.

Brandon McNulty – Campeão nacional, vencedor do contra-relógio na Romândia, vencedor do esforço individual plano no UAE Tour. Considero-o um sério outsider para as medalhas, parece que evoluiu nesta disciplina este ano e os ciclistas da UAE estão a voar globalmente.

Mikkel Bjerg – Outro corredor da UAE, o dinamarquês obteve sempre grandes resultados nos Mundiais nesta disciplina nas camadas jovens, está a demorar um bocadinho a confirmar isso entre os elites. Foi apenas 14º e 9º nos Mundiais em 2022 e 2023, respectivamente.

Luke Plapp – O australiano, este ano, tem evoluído mas como ciclista de provas por etapas, não tanto como contra-relogista. No entanto teve algum tempo para preparar este objectivo específico.

Soren Waerenksjold – Foi uma das minhas desilusões da Volta a França, no papel tem uma fisionomia perfeita para esta distância e este tipo de orografia, veremos o que o poderoso norueguês pode fazer.



Oier Lazkano – Uma esperança espanhola para o top 10. Fez um Tour de muita qualidade, não sendo um puro especialista é um corredor poderoso e que se adapta bem.

Daan Hoole – Pode imiscuir-se no top 10, tem quase 2 metros e poder para dar e vender. Ocasionalmente faz bons resultados, é um puro especialista.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Alberto Bettiol e Derek Gee

 

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