Os Campeonatos da Europa fecham com a prova de elites masculinos! Quem sucederá a Giacomo Nizzolo no complicado circuito de Trentino? Teremos Portugal na luta pelas medalhas?

 

Percurso

Ao contrário de todos os outros escalões, os elites masculinos iniciam a sua prova fora de Trento. É uma forma de endurecer, ainda mais, a corrida, uma vez que terá dificuldades bastante longas, ao contrário do que acontece no circuito final.



Logo a abrir surge a subida de Cadine (5,7 kms a 5,1%), seguindo-se um pequeno topo e cerca de 25 quilómetros de planos antes de Vigo Cavedine (5,3 kms a 6,2%). Atingido este topo, aparece a subida mais dura do dia, o Candriai (5,6 kms a 8,6%).

12 quilómetros de descida levam os corredores à entrada do circuito de Trento, a ser percorrido por 8 vezes. O circuito tem 14800 metros e conta com a subida de Povo (3,6 kms a 4,7%) ainda na sua primeira metade. No topo, ficam a faltar 9 quilómetros, 5 em descida e 5 planos. O final é bastante técnico e em empedrado.

 

Tácticas

Pelas provas anteriores dá para perceber que a subida de Povo, no circuito final, dá para fazer algumas diferenças, mas que geralmente alguns sprints conseguem aguentar entre os melhores. Em relação a homens rápidos estão cá Peter Sagan, Alexander Kristoff e Sam Bennett, o circuito parece-nos duro demais para todos eles. Ainda existe um nome muito forte neste campo que é Sonny Colbrelli, este ano a subir como nunca e a jogar em casa a Itália pode assumir a corrida para tentar um sprint com Colbrelli.





O problema é que sabendo disto as outras selecções não vão ajudar em nada, o mais provável é vermos os transalpinos a controlar para depois enviarem Bagioli, Ulissi ou Moscon para “matar” ataques. Para descartarem Colbrelli vai ter de ser nas subidas antes do circuito final, é aí que a maior dureza está. Vemos a Bélgica, a Suíça e Portugal com intenções disso, não têm nenhum finalizador puro e têm algumas alternativas na montanha (Evenepoel/Hermans/Teuns, Hirschi/Mader/Reichenbach e Almeida/Costa/Guerreiro).

Será sempre complicado selecionar a corrida e ao mesmo tempo manter gregários por perto dos líderes, mas consideramos que neste caso vale a pena o risco. Em termos tácticos o pêndulo da prova pode estar na França, tem uma seleccção muito forte e compacta, com 3 ou 4 elementos a andar muito bem, especialmente Cosnefroy.

 

Favoritos

O circuito final é perfeito para Matej Mohoric, o esloveno adora este tipo de corrida, está em grande forma e já ganhou em circuitos. A descida é incrível para ele e tem uma boa ponta final em grupos reduzidos. Pogacar pode funcionar como um pivot, não nos parece a 100%, pode atacar cedo para forçar perseguições enquanto Mohoric relaxa no grupo principal.



Remco Evenepoel já tinha dado indicações antes dos Europeus que estava perto do seu melhor nível. A medalha de bronze num contra-relógio para pesos pesados confirmou isso mesmo, o jovem prodígio belga está bem. O facto de a distância ser relativamente reduzida é bom para ele. No entanto não tem uma boa ponta final, tem de chegar sozinho.

 

Outsiders

João Almeida chega aqui num excelente momento. Vencedor da Volta a Polónia, esse triunfo deu-lhe outra tranquilidade, para além de ter o seu futuro resolvido. Se conseguiu manter o nível da prova polaca é um forte candidato pela sua capacidade física, o 10º posto no contra-relógio num traçado que nem lhe assenta bem é uma indicação muito boa.

Todos os olhos estarão em Sonny Colbrelli, que está a trepar melhor do que nunca como se viu no Benelux Tour. Ainda assim, achamos que a dureza do circuito é no limite para o corredor da Bahrain-Victorious, principalmente se a corrida for atacada. Neste tipo de provas muitas vezes o ciclista mais vigiado não ganha, veremos se Colbrelli contraria essa tendência.



Já aqui mencionámos a Suíça e um corredor que ainda não é muito vigiado neste tipo de corridas é Gino Mader. Os helvéticos apostam em Marc Hirschi e nada melhor do que enviar Gino Mader para a frente e este ano já vimos muitos ataques longínquos a resultar. Mader terminou a Vuelta muito bem e esse ritmo poderá ser útil aqui.

 

Possíveis surpresas

A França tem algumas cartas para jogar, Benoit Cosnefroy venceu recentemente o G.P. Plouay e tem uma ponta final imponente, Romain Bardet anda quase sempre bem nas provas mais importantes e Valentin Madouas vem de uma série de bons resultados. Na Holanda, Bauke Mollema é capaz de sacar um grande resultado da cartola e se sobreviver à fase inicial é preciso ter cuidado com Ide Schelling. Marc Hirschi não teve a melhor temporada até agora, mas parece em subida de forma, se conseguir chegar perto dos níveis de 2020 é muito perigoso. As grandes selecções têm bastantes alternativas e se quase todas estiverem representadas em ataques a 2/3 voltas do fim essas ofensivas podem mesmo resultar, corredores como Diego Ulissi, Gianni Moscon, Dylan Teuns ou Victor Campenaerts. Odd Eiking está a subir melhor que nunca, já sabe que vai integrar o World Tour em 2022 e é ocasionalmente capaz de grandes resultados, enquanto na selecção portuguesa Rui Costa está bem e o circuito assenta muito bem à natureza combativa de Ruben Guerreiro. Nas selecções menos conceituadas atenção a Pavel Sivakov e Felix Grossschartner. Acreditamos que amanhã Tadej Pogacar esteja completamente ao serviço de Matej Mohoric.



 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Ivan Garcia Cortina e Matteo Trentin.

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