Último dia dos Campeonatos da Europa, com os elites masculinos a discutirem o título europeu de estrada. Conseguirá Christophe Laporte defender o título ou teremos novo campeão?

 

Percurso

223 quilómetros é aquilo que os ciclistas terão pela frente no dia de amanhã. Partida de Heusden-Zolder e, 30 quilómetros depois, já estão a passar na meta, em Hasselt. 3 voltas e meia ao circuito, +assagem por um primeiro setor de empedrado de 500 metros e, ao quilómetro 91 entrada no circuito de Limburgo. Os ciclistas vão fazer este circuito por 3 vezes, é aqui que está concetrada toda a dureza da prova.



Falando deste circuito, a começar estão 2 setores de empedrado – Manshoven (3 estrelas, 1 300 metros) e Op de Kriezel (2 estrelas, 1 500 metros) – que são feitos em ligeira subida mas longe de apresentar grandes dificuldades. Restam 20 quilómetros no circuito e 2 colinas, o Kolmontberg (600 metros a 4,5%) e o Zammelenberg (700 metros a 4,2%), feitas de forma consecutiva. A saída do circuito coincide com um pequeno topo que fica a 35 quilómetros do fim. Os ciclistas fazem o caminho inverso que realizar pela manhã, com a passagem pelo setor de empedrado de Printhagendreef, antes de voltarem ao circuito de Hasselt para realizar os últimos 14 quilómetros.

 

Táticas

Os Campeonatos da Europa e do Mundo são corridas muito peculiares, nem todas as equipas têm a mesma composição e a superiodade numérica faz-se notar, de forma natural. Por outro lado, várias nações também têm mais que uma alternativa, alguém para uma corrida atacada e outra para o sprint final. É preciso estar muito atento para não falhar as principais movimentações pois, a quem acontecer isso, terá de se colocar ao trabalho no pelotão.

Falamos, principalmente, de Países Baixos, França, Itália, Dinamarca e Bélgica. A chave pode estar em Mathieu van der Poel e Mads Pedersen, são dos ciclistas mais interessados em ter uma corrida dura, de forma a eliminar, ou pelo menos desgastar, os principais sprinters do pelotão presente em Limburgo. Acreditamos que vão atacar de longe e, tal como já referimos, tudo vai depender da composição desse grupo, se tiver as principais nações pode chegar até ao final. Olhando para as provas que já decorreram, e tirando as elites femininas, todas as provas que passaram pelo circuito de Limburgo chegaram com um pequeno grupo a discutir a vitória e o título europeu.

 

Favoritos

Jonathan Milan chega, talvez, na forma da sua vida. O italiano tem sido um dos principais destaques deste Verão, com vitórias atrás de vitórias, grandes exibições e com um poderio impressionante. Vem de ser 2º na BEMER Cyclassics, o que só o motiva mais, um ciclista desta qualidade só pensa no triunfo. Está a passar muito bem as subidas e, ao sprint, não teráo rivais grandes rivais. Matteo Trentin e Davide Ballerini serão essenciais na parte final, isto sem contar com Simone Consonni, o seu lançador de toda a época.



Alguém capaz de vencer em vários cenários é Mads Pedersen. O dinamarquês é um ciclista de grandes provas, agiganta-se nesses momentos, estando sempre na luta das principais clássicas, fruto da sua capacidade de endurance. Quanto mais dura for a corrida, melhor para Pedersen, os sprinters mais puros estarão mais desgastado. Não tem medo de partir para o ataque, foi assim que conseguiu os principais triunfos. É uma camisola distintiva que lhe falta.

 

Outsiders

Mathieu van der Poel é uma incógnita, abandonou no Renewi Tour com queixas no joelho. Apesar de tudo, o campeão do Mundo é o ciclista que pode partir a corrida no circuito de Limburgo, resta saber quem o consegue acompanhar. Já não aparece em grande forma há muito tempo, talvez esteja aqui o segundo pico de forma da época, é um ciclista das principais provas do calendário. Se estiver endiabrado, Van der Poel irá deixar a corrida completamente louca pois mesmo possuindo uma boa ponta final, prefere chegar isolado.

Van der Poel a atacar e Olav Kooij a marcar as rodas dos seus rivais. É fácil imaginar a estratégia dos Países Baixos, com o jovem neerlandês a ser a aposta para uma chegada ao sprint, onde o campeão do Mundo até pode servir de lançador, sem nunca esquecer Danny van Poppel. Confiança no máximo, Kooij vem de derrotar todos estes rivais no passado domingo, em Hamburgo.



Quem será o sprinter da Bélgica? Acreditamos que Jasper Philipsen possa ser a melhor opção, no entanto tantas alternativas de qualidade não jogam a favor da união. O belga não tem sido tão dominador como em 2023, as vitórias não têm sido tantas, mas também tem a seu favori o facto de estar a subir melhor. Com várias alternativas, Philipsen poderá ser mais resguardado. Não tem sabido posicionar-se muito bem, tem que confiar no comboio, onde Edward Theuns será peça fundamental.

 

Possíveis surpresas

Christophe Laporte parte com a missão de revalidar o título europeu, não será uma tarefa fácil para o francês. A forma tem melhorado nas últimas semanas, o ainda campeão quererá uma corrida bastante endurecida, só assim sabe que terá hipóteses. Para o sprint, a equipa gaulesa tem Arnaud Demare, não será um dos principais favoritos, um outsider que precisa de muita sorte para os primeiros lugares. Tim Merlier até pode vir a ter o seu comboio, algo que não achamos descabido, já que tem o seu fiel lançador Bert van Lerberghe consigo. Já vimos várias vezes que correr com mais quem uma alternativa não é o ideal dentro de uma equipa, pode dar azo a guerras internas. A Bélgica ainda tem Jordi Meeus, uma terceira alternativa, talvez para tentar seguir ataques.



A Noruega também tem duas alternativas, entre Alexander Kristoff e Soren Waerenskjold. O mais veterano já sabe o que é conquistar o título europeu e é alguém que gosta de corridas endurecidas, é sempre a primeira aposta da seleção, o mais jovem será alguém para seguir os ataques. Para o sprint final, atenção a Pavel Bittner, Stanisław Aniołkowski e Pau Miquel, uma das surpresas da Vuelta. Uma corrida mais endurecida joga a favor de nomes mais experientes como Danny van Poppel e o duo alemão composto por Nils Politt e John Degenkolb. Relativamente a Portugal, acreditamos que a aposta principal irá recair sobre Rui Oliveira, um ciclista adaptado a este tipo de clássicas e que chega em boa forma, com vários top-10 nas últimas semanas.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Lukas Kubis e Madis Mihkels.

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