É tempo para a atribuição do derradeiro título nacional! A festa do ciclismo não podia terminar sem os elites masculinos batalharem pela camisola de campeão nacional. Teremos João Almeida a bisar?

 

Percurso

Algo já tradicional nos Campeonatos Nacionais é a existência de um circuito e, como vem sendo hábito, amanhã não será exceção. O percurso será feito em torno de Mogadouro, só que, ao contrário das categorias que já estiveram na estrada, os elites masculinos iniciarão a prova com uma volta de 56,4 quilómetros até à entrada no circuito final, a ser percorrido por 5 vezes.

O circuito tem alguma dureza, tem alguns pequenos topos, especialmente em Azinhos (2400 metros a 6,8%) a 7 quilómetros da meta. O quilómetro final é praticamente plano, tem uma ligeira subida, não muito pronunciada mas depois de 170 quilómetros e 2600 metros de desnível acumulado positivo pode pesar nas pernas dos ciclistas.

Tácticas

Já se sabe que os campeonatos nacionais não são uma corrida muito típica por assim dizer, um pelotão muito reduzido, blocos desfalcados e desproporcionais e tendencialmente muito táctica. Já vimos casos de um grupo de 15/20 unidades se destacar e rapidamente se ver que a vitória estava ali e casos em que a corrida ficou muito amarrada até final. Creio que este percurso favorece essa corrida emocionante até às voltas finais, os corredores sabem que chegando ali a 30/40 quilómetros da meta a partir daí podem atacar mais a sério.




Creio que o cenário é muito semelhante ao do ano passado, todos estarão a olhar para a UAE Team Emirates que chega com Rui Oliveira, Ivo Oliveira e João Almeida, são os favoritos devido à orografia do traçado e à qualidade e experiência internacional que têm. Para terem sucesso terão de fazer como em 2022, pelo menos 1 deles tem de ir imiscuindo nos ataques e convém numa fase inicial seleccionar um pouco o pelotão que terá quase 60 unidades, fazer os blocos maiores das equipas Continentais perderem algumas unidades.

À espreita estarão essencialmente Efapel e Glassdrive/Q8/Anicolor, com a particularidade dos últimos mencionados também terem apenas 4 corredores, têm sido os blocos que têm estado em destaque nas corridas nacionais, marcaria a época de um ciclista vencer este título. Outros blocos com 6 ou mais elementos vão querer jogar com a superioridade numérica, falamos das formações de Feirense, Tavira e Mortágua.

Favoritos

Rui Oliveira – Tenho a sensação de que este é um dos grandes objectivos da temporada, também tendo em conta que em 2021 foi 2º e em 2022 fez 4º, tem estado bastante próximo. Mostrou boas pernas na Volta a Eslovénia onde fez 5º num sprint reduzido e passa bem as colinas como mostram os seus resultados nas clássicas. João Almeida já conquistou esta prova e se possível vai fazer de tudo para que um colega seu também a conquiste, o título ficaria na mesma equipa e Rui Oliveira não teve o desgaste do contra-relógio.

Fábio Costa – Outro corredor com a explosão necessária para vencer aqui, tem sido incansável e não tem tido muitas oportunidades este ano, mas este percurso é bom para ele. É um ciclista incrível neste tipo de provas, foi campeão e vice-campeão entre os sub-23 e na primeira tentativa entre os elites ficou no pódio.

Outsiders

João Almeida – Não esperava vencer o contra-relógio e ganhou com alguma clareza, claramente correu bem a recuperação do Giro e caso a oportunidade apareça de renovar o título de campeão nacional certamente não se vai fazer rogado.




Joaquim Silva – Está a fazer uma temporada tremenda, talvez mesmo a melhor da carreira e tem mostrado que tem melhorado em vários aspectos. Talvez esta regularidade e estes bons resultados tenham feito um clique num talento que em tempos andou com os melhores sub-23 do Mundo e está com a confiança em alta.

Luís Mendonça – No papel é um ciclista que tem tudo para andar bem neste percurso rolante, na generalidade dos perfis dos Nacionais, mas por alguma razão o melhor resultado que tem é um 8º posto. Aos 37 anos, não deverá ter muito mais oportunidades como esta, um traçado para puncheurs numa altura do ano em que chega em grande forma, veremos se as estrelas se alinham.

Possíveis surpresas

Ivo Oliveira – Creio que o foco estava mais no contra-relógio onde foi 2º, ainda assim pode encontrar-se no grupo certo à hora certa e isso é sempre essencial para ganhar um Nacional.

Tiago Antunes – Traçado bom para ele, vice-campeão no ano passado e a condição física parece estar a encarrilar finalmente depois de alguns problemas na primeira metade da época, talvez esteja no pico de forma perfeita, é um corredor perigoso.

Pedro Andrade – Um pouco à imagem de Fábio Costa, um puncheur que é tremendamente letal neste tipo de corridas e dentro da ABTF-Betão Feirense parece a melhor opção para este terreno, vem de uma vitória recente que certamente lhe levantou ainda mais a moral.

Emanuel Duarte – Outra excelente opção dentro da Efapel, é um ciclista com um potencial tremendo e que caso se apanhe sozinho é muito difícil de alcançar, a formação de José Azevedo pode jogar com isso reservando um pouco Tiago Antunes.

Carlos Salgueiro – Chega aqui num bom momento e numa orografia destas não pode ser descartado, foi 4º no contra-relógio, o que é um excelente resultado. Olhando para a equipa de Tavira deverá ser claramente o ciclista mais protegido.

Hugo Nunes – Geralmente muito ofensivo, fisicamente muito completo e sempre inconformado, essa sua natureza leva com que por vezes se desgaste em demasia em momentos chave e isso pode ser prejudicial, veremos se terá a lucidez necessária.

César Fonte – Alguém que adora traçados de média montanha e que sabe bem o que é fazer Nacionais, é actualmente o ciclista em actividade com mais top 10’s em Nacionais a par de Frederico Figueiredo (5).




Iuri Leitão – Dificilmente entrará nas últimas voltas com hipótese de discutir a corrida, é tremendamente duro fazer uma prova destas sozinho, mas caso esteja no grupo da frente no último quilómetro será bem difícil de bater.

João Matias – Foi 5º no ano passado e 2600 metros de acumulado está dentro do seu limite, não está em má forma, mas não será fácil para a equipa de Mortágua conseguir colocá-lo em condições de discutir o pódio, terá de ser muito estratégica.

João Medeiros – Um dos ciclistas que mais me tem impressionado este ano pela sua regularidade e pela sua evolução, um top 10 não será uma surpresa.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Frederico Figueiredo e José Mendes

 

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