Uma semana depois do contra-relógio vencido por Remco Evenepoel, os homens regressam à estrada para disputar a prova de fundo e coroar o novo campeão olímpico! Quem irá suceder a Richard Carapaz?

Percurso

Um traçado olímpico que promete! Ao todo serão quase 275 quilómetros com cerca de 2700 metros de acumulado. Será um sobe e desce constante com cerca de 2 dezenas de colinas e todas são relativamente curtas e não são muito inclinadas. Acho que a primeira fase mais importante será entre os 110 kms e os 90 kms para a meta, com 4 subidas em rápida sucessão e não é descabido o ataque decisivo formar-se aí.



A aproximação a Paris é relativamente acessível, o circuito final serão composto por 2 voltas completas mais quase meia volta. Ao todo os ciclistas vão passar 3 vezes pelo Cote de la Butte Montmartre (1,1 kms a 5,6%), 2 vezes pelo Cote de Serurier (1,7 kms a 3,5%) e 2 vezes pelo Cote de Belville (1,5 kms a 3,4%). A última colina (Montmartre) é a mais dura de todas e também a que está mais perto do final, na última passagem a menos de 10 kms da meta, tem um miolo bem complicado a rondar os 7/8% e é toda em empedrado. O final é em ligeiro falso plano e depois de Montmarte não há qualquer dificuldades.

 

Tácticas

Isto é algo impossível de prever, este formato de equipas de 4 elementos é um facto completamente novo numa corrida deste género porque não há praticamente ciclistas de trabalho. Em teoria isto beneficia aqueles corredores que gostam de atacar de longe e minimiza bastante a força da equipa, ciclistas solitários como Girmay ou Skujins têm mais chances assim. Em teoria a selecção belga é a mais forte, tem 2 grandes líderes, um deles uma excelente opção para o sprint, e 2 “gregários” que noutro país quase de certa que seriam líderes, Benoot e Stuyven podem ser cruciais para esta corrida, mas os belgas já deram a entender que o objectivo é estarem bem representados em qualquer fuga que se forme.

 

Favoritos

Mads Pedersen – Sei que não é o nome mais consensual e até tem sido subvalorizado, na minha opinião. O dinamarquês não teve uma preparação perfeita, caiu e abandonou o Tour, mas até pode ter sido uma benção, visto que ganhou ritmo e depois teve tempo para descansar e preparar este momento. Pedersen adora provas longas e deste género, está sempre em evidência no Tour des Flandres e já foi campeão do Mundo. Para além disso conta com uma poderosa equipa dinamarquesa com ele, Mikkel Bjerg e Mattias Skjelmose podem ser boas ajudas.



Remco Evenepoel – Seria o coroar de uma temporada incrível para o belga, algo impensável em Abril, quando caiu no País Basco. Acho que gostaria de ainda maus dureza, mas este percurso ondulado é bom para ele e não o podem deixar escapar nem que seja alguns metros. É preciso ver que está num estado de forma e confiança como há poucos, ele próprio diz que não foi perfeito no contra-relógio e mesmo assim ganhou, isso é bastante perigoso.

 

Outsiders

Mathieu van der Poel – Em condições normais, neste percurso, seria claramente o maior favorito, acho que há varias condicionantes para o neerlandês. Primeiramente a condição física é um grande mistério, fez um Tour muito fraquito, por outro lado já tinha sido mais ou menos assim em 2023 e depois foi campeão do Mundo. Depois acho que Daan Hoole não contará para muito, portanto é preciso também que Dylan van Baarle esteja em grande forma e disposto a ajudar o actual chefe da camisola arco-íris.

Wout van Aert – Não gostei muito da prestação na Volta a França, na prova de contra-relógio já foi bem mais condizente com o que pode fazer a este nível. Não o considero propriamente favorito porque acho Wout van Aert por vezes excessivamente conservador, falhando muitas vezes o movimento decisivo e poucos o quererão levar às costas para um sprint final, tacticamente não considero o melhor corredor.

Jhonatan Narvaez – É um lobos solitários desta competição, o facto de já ter o futuro assegurado na UAE dá-lhe certamente muita confiança e tranquilidade.. Dá a sensação que este é um excelente traçado para ele, é um ciclista de grandes momentos e foi o escolhido em detrimento de Richard Carapaz, o ainda campeão olímpico de Tóquio.




Possíveis surpresas

Julian Alaphilippe – Ganhou agora uma etapa na Volta a República Checa, pelo menos sabe-se que está numa forma razoável, o traçado é bom para ele, até porque foi campeão em Leuven e a orografia era semelhante. A ausência do Tour espicaçou-o e tem aqui um grande objectivo em casa.

Christophe Laporte – A outra opção gaulesa, provavelmente Alaphilippe vai tentar seguir os melhores ou atacar mais de longe enquanto o corredor da Visma fica a cobrir outro tipo de movimentos mais ligados a sprinters. Tem uma ponta final temível depois de uma corrida longa e dura.

Biniam Girmay – Depois de algumas das melhores vitórias na carreira, o eritreu também está repleto de confiança, o maior problema é que correr sozinho aqui é extremamente complicado, quase que vai ter de escolher 1 ou 2 ciclistas a marcar e confiar nisso, vai ter muitos inimigos pelo seu sprint final.

Alberto Bettiol – Um ciclista de grandes campeonatos e grandes momentos que ocasionalmente tem mostrado boa forma em 2024, não tem sido nada consistente, mas do nada é capaz de um enorme resultado. Mozzato e Viviani serão ajudas fraquinhas nesta orografia.

Toms Skujins – Considero um ciclista muito perigoso não só neste percurso parecido com as Ardenas, mas também pela distância e por ser alguém que habitualmente não tem medo de atacar e isso pode resultar em sucesso aqui com tão poucas forças de perseguição.

Jasper Stuyven – Uma terceira alternativa dentro da equipa belga, que pode enviar Stuyven como ciclista satélite ou elemento ofensivo em determinadas tentativas de fuga ou ataque. O ciclista da Lidl-Trek já obteve bons resultados em grandes campeonatos e já venceu 1 Monumento.

Alex Aranburu – Outro ciclista de ataque que ao mesmo tempo é um bom finalizador em grupos reduzidos, será a melhor opção da Espanha nestes Jogos Olímpicos.



Matteo Jorgenson – Um Tour muito bom por parte de alguém que também é muito competente nas clássicas da Primavera, Jorgenson é alguém que pensa muito naquilo que faz, no ciclismo e nas questões tácticas.

Marc Hirschi – Continua a não ser o suíço de 2020/2021, ainda assim é um relativo perigo em provas deste género, é uma máquina de fazer pontos UCI, precisava de voltar aos dias mágicos de glória para poder ganhar.

Brandon McNulty – Os Jogos Olímpicos são muito importantes para os norte-americanos e McNulty está a preparar há algum tempo esta sequência de provas, bom resultado no contra-relógio e não é descabido surgir outro top 10.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são Laurence Pithie e Matej Mohoric.

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