Está na hora do regresso à competição de Remco Evenepoel! O belga tentará defender o título alcançado em 2019, num percurso perfeito para si mas onde a concorrência é muita qualidade.
Percurso
Etapa 1
É uma tirada que tem uma grande importância porque em termos de colinas/subidas só há 2 oportunidades para fazer diferenças. Depois de uma primeira metade acessível, a parte final tem um perigoso circuito, que conta com 700 metros a 6,2%, 500 metros a 3,5% e o Berg Tem Houte, uma subida empedrada com 1100 metros a 5,8%, que na última passagem está bem perto do final.
Etapa 2
Plano como uma panqueca, os ciclistas praticamente não sobem 1 metro em 11,4 kms. Um contra-relógio individual com longas rectas e quase sem partes técnicas.
Etapa 3
Um dia para os puros sprinters, e nem cerca de 700 metros a cerca de 4% já bem perto da meta devem impedir isso, sendo que os últimos 100 metros também são em ligeira subida. No papel é uma jornada para os homens rápidos, mas com zonas expostas não há etapas fáceis.
Etapa 4
A etapa que pode decidir a Volta a Bélgica, aqueles que querem recuperar do prejuízo têm de atacar de longe e há condições para isso graças a mais de 2300 metros de acumulado em 150 kms. A sequência Les Kimones (2,1 kms a 5,8%) e Cote Grand Houmart (900 metros a 7%) a cerca de 40 kms da meta podem originar ataques de longe, sendo que a segunda passagem por esta sequência está já dentro do 10 kms finais. Pelo meio há 3,5 kms a 3,9% e 1 kms a 6,2%, onde está o quilómetro de ouro.
Etapa 5
Pode parecer apenas 180 quilómetros de consagração, mas nunca se sabe em estradas belgas, para além disso o quilómetro de ouro pode oferecer mais emoção se a corrida estiver presa por segundos.
Táticas
Na corrida caseira a responsabilidade estaria sempre nos ombros da Quick-Step, ainda mais quando a equipa belga vem com Remco Evenepoel, uma das estrelas da companhia. Mas este ano, para além de responsabilidade também há pressão, visto que a formação de Patrick Lefevere não ganha há 1 mês, o que nos parâmetros da Quick-Step corresponde a 3 ou 4 meses. Vem com um alinhamento em que falta alguma coesão, com candidatos para todas as etapas, mas que levanta questões. Stybar e Lampaert estão agora a regressar à competição, Evenepoel pode não estar a 100% depois do Giro e Ballerini ainda não mostrou regressar à forma de Fevereiro.
Entre as equipas com forte base na Bélgica a Lotto-Soudal vem com o foco nas etapas visto que Philippe Gilbert não tem mostrado ser capaz de lutar por vitórias a este nível, a Alpecin-Fenix vem mais focada em conquistar etapas e na Intermarché Vliegen e de Gendt não têm dado grandes sinais.
Favoritos
Mesmo não estando a 100% Remco Evenepoel tem de ser considerado um dos favoritos para a conquistar desta corrida, visto que na montanha será muito complicado deixá-lo para trás e que no contra-relógio deverá ganhar tempo à concorrência. Levanta-se a questão da recuperação após o Giro e do receio que demonstrou nas descidas, em estradas belgas não se pode ter medo de cair.
Victor Campenaerts tem aqui um percurso que é do seu agrado, durante o defeso procurou melhorar nas clássicas e pode voltar a tirar proveito disso aqui, tendo a noção que continua a ser dos melhores contra-relogistas da corrida. Claeys ou Wisniowski são ciclistas de qualidade neste tipo de terreno.
Outsiders
Yves Lampaert vai estar no seu terreno, costuma andar bem nas clássicas, geralmente fica nos primeiros lugares em corridas como o BinckBank Tour e tem a vantagem de todos estarem a marcar Remco Evenepoel dentro da Quick-Step. Não é o melhor do Mundo nas colinas, mas tem um bom contra-relógio.
Há muito expectativa sobre o que fará Nils Eekhoff no futuro. O ciclista que cruzou a linha de meta em 1º lugar nos Mundiais sub-23 e que viu o título ser-lhe retirado na secretaria fez uma temporada de clássicas decepcionante, regressando em boa forma para esta segunda metade da época. É um corredor possante e que deverá andar bem no esforço individual.
Koen Bouwman fez um Giro espectacular, acabou ainda com alguma frescura na 12ª posição e deve ainda ter grande parte dessa condição física consigo. Bouwman não é um grande contra-relogista, mas defende-se nessa especialidade e depois na montanha deverá ser dos mais fortes.
Possíveis surpresas
Não é impossível ver Jasper de Buyst na luta por esta corrida, o belga tem algumas características boas para tal, de recordar que em 2019 fez 5º na Volta a Dinamarca e 3º no Tour of Britain. A grande vantagem de Jasper de Buyst é que pode utilizar a sua explosão para somar bonificações no quilómetro de ouro. Ide Schelling parece estar em grande forma e é um claro candidato ao top 5, até porque é o foco da Bora-Hansgrohe na geral, o problema do holandês será o contra-relógio. A Alpecin-Fenix como equipa está a andar bastante bem, Kristian Sbaragli e Jasper Philipsen passam bem as subidas e pode lutar por bonificações. A DSM tem ambições para esta corrida, Chris Hamilton e Casper Pedersen são boas alternativas, tal como estamos expectantes em ver o que Pascal Eenkhoorn pode fazer, caso tenha liberdade na Jumbo-Visma. Na Wanty já é hora de Aimé de Gendt aparecer, vejamos se um dos elementos mais consistentes da equipa o faz. Thibault Guernalec pode ficar entre os melhores da geral após o contra-relógio, resta saber se aguenta na montanha. Olho ainda em alguns corredores vindos do ciclo-crosse, como Toon Aerts ou Eli ISerbyt, são ciclistas perigosos neste tipo de terreno. Menção honrosa para Davide Ballerini, se estiver na forma de Fevereiro pode somar muitas bonificações e surpreender.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Connor Swift e Rune Herregodts.