O World Tour não para e, ao mesmo tempo do Giro, corre-se, também, em estradas norte-americanas, numa semana com ciclismo de manhã à noite.
Percurso
A primeira tirada será disputada em torno de Sacramento, com um total de 143 kms, e devemos ver a primeira chegada ao sprint, num final feito em circuito. Nomes como Peter Sagan, Fabio Jakobsen, Max Walscheid e John Degenkolb partem como favoritos.
A montanha aparece logo ao segundo dia, com 5 contagens a fazer parte do menu e com muitos mais metros de subida não categorizados, perfazendo um total de 4200 metros de desnível positivo. O final em South Lake Tahoe é duro com os últimos 1200 metros a 7.5%.
O 3º dia é, também, muito duro. A grande dificuldade está a cerca de 60 quilómetros da chegada com o Mount Hamilton (7.2 kms a 8.4%) que vão destruir, por completo, o pelotão. Quimby Rd Summit a 50 quilómetros do fim (2.1 Kms a 8.6%) é a última oportunidade pelo que será difícil vermos algum favorito a chegar isolado.
Dia corrido junto à costa com a chegada a Morro Bay a dar uma rara oportunidade aos sprinters. O terreno não é fácil, sempre em sobe e desce, mas acreditamos que as equipas dos homens rápidos vão controlar a tirada. Nos últimos 1100 metros há 3 curvas apertadas, tornando o final bastante técnico, sendo que este é a 3%.
Ventura recebe uma chegada inédita após uma maratona de 218,5 quilómetros. Muitas subidas pelo caminho no entanto tudo se deve decidir a 5 quilómetros da chegada onde está localizado um sprint intermédio após 900 metros a 9%. Perfeito para ataques.
A etapa rainha surge ao 6º dia, com a chegada ao Mount Baldy. Duas duras primeiras categorias antecedem a subida. Falamos do Glendora Ridge Road (9.2 kms a 6.8%) e Glendora Mountain Road (12.6 kms a 5.1%). O Mount Baldy tem 8200 metros a 8,4%, sendo que os 6 quilómetros finais são os mais duros.
A etapa final é tudo menos um passeio mas mesmo assim alguns sprinters ainda podem sonhar com o triunfo. Até chegar a Pasadena, onde fazem 3 voltas a um circuito de 5 quilómetros, o pelotão terá pela frente Angeles Forest Hwy. (7.6 Kms a 5.5%) e Upper Big Tujunga Canyon Rd. (6.3 Kms a 4.9%), com esta última a ficar a 50 qulómetros da chegada.
Tácticas
Sem o contra-relógio habitual será a montanha a decidir tudo nesta Volta a Califórnia. É verdade que existem muitas subidas, muitas contagens de montanha, mas tudo se deve decidir no penúltimo dia, no Mount Baldy, num grande teste de força. Até lá é necessário uma equipa forte para fechar os espaços necessários e controlar as fugas perigosas.
Favoritos
Tadej Pogacar – Na sua época de estreia no World Tour o esloveno está a surpreender e a confirmar os pergaminhos que mostrou como sub-23. Ganhou na Volta ao Algarve e foi 6º na Volta ao País Basco. O top 20 numa prova como a Liege-Bastogne-Liege aos 20 anos também impressiona e de que maneira. Terá de fazer fé em Kristijan Durasek para o ajudar na montanha.
Felix Grossschartner – Está num grande momento de forma. Venceu a Volta a Turquia e foi 4º no Tour de Romandie, onde o nível estava muito elevado. É explosivo e está numa equipa muito forte e que como bloco está a andar muito bem.
Outsiders
Tejay van Garderen – Um dos ciclistas com melhor histórico nesta competição, vencedor em 2013 e 2º em 2018, é um dos grandes objectivos da época e está também ele numa formação que evoluiu bem este ano. O facto de só haver 1 chegada em alto e do percurso ser linear favorece o norte-americano, que gostaria de um contra-relógio.
Maximilian Schachmann – Não é o melhor trepador deste pelotão, mas consegue-se defender muito bem. O alemão é muito explosivo e a média montanha é o seu habitat natural. Antes da etapa rainha haverá alguns finais com pequenos topos onde Schachmann pode bonificar e a partir daí tentar gerir a corrida.
George Bennett – Vencedor desta competição em 2017, não está a ser a melhor das temporadas para o neo-zelandês. Ainda assim é um corredor que nos Estados Unidos se sente sempre em casa e é momento de começar a ficar em forma. Neilson Powless pode ser uma ajuda preciosa na montanha.
Possíveis surpresas
Richie Porte – A preparar o Tour depois de uma época desastrosa em que nem no Tour Down Under conseguiu terminar no pódio Porte tem de começar a mostrar serviço numa Trek-Segafredo que apostou muito nele.
Rigoberto Uran – Vem de lesão e a sua condição física é uma incógnita. Como estamos na Califórnia a liderança da EF Education First pode muito bem ser de Tejay van Garderen.
David de la Cruz – Teimosamente não atinge o seu potencial, é um ciclista regular, que anda pelo top 10, mas que não conseguiu dar o salto, é bom mas não excelente e espera-se outro top 10 aqui.
Sergio Higuita – Porque não? O colombiano fez um início de época de sonho na Team Euskadi, andou com os melhores nas provas espanholas e mostrou ter nível. Caso os líderes falhem é uma opção legítima.
Brandon McNulty – Um enorme talento numa equipa muito bem organizada e que tem objectivos muito bem definidos. Vencedor do Giro di Sicilia está a melhorar a olhos vistos na alta montanha. É essencial para a Rally Cycling estar bem aqui, daqueles que estão a 100%.
Simon Spilak – A sua segunda casa é a Suíça, onde foi recentemente 9º no Tour de Romandie e lidera uma Katusha-Alpecin desesperada por bons resultados. Com Zakarin no Giro, cabe a Spilak mostrar a sua qualidade em provas de uma semana.
Matteo Badilatti – Um trepador puro que só está bem nesse terreno. Deu o salto para a Israel Cycling Academy após fazer top 10 na Volta a Áustria e este ano já fez o mesmo no Giro di Sicilia.
Diego Rosa – A segunda opção da Team Ineos, estranho não ter ido ao Giro, uma prova onde já se deu bem. Raramente tem oportunidades de liderança e caso David de la Cruz mostre sinais de fraqueza tem tudo para chefiar a Team Ineos.
Neilson Powless – Top 10 na Volta ao Algarve este ano, foi 8º aqui em 2016 e 15º em 2018, um corredor que adorava ter um contra-relógio para colocar algum tempo para os puros trepadores.
Super-Jokers
Os nossos super-jokers são Keegan Swirbul e João Almeida.
Tip do dia
Fabio Jakobsen no pódio da etapa -> odd 1,75 (stake 1)