As provas por etapas do World Tour estão de regresso, desta vez com o pelotão a deslocar-se até à Catalunha. Sem os “monstros” eslovenos presentes, a geral estará mais aberto, com João Almeida a espreitar a oportunidade.

 

Percurso

Etapa 1

Sant Feliu de Guixols acolhe a partida e chegada da primeira etapa da prova espanhola, um dia sem grandes dificuldades, onde os poucos sprinters presentes terão uma oportunidade. A menos de 30 kms, surge o Alt de Romanya (5 kms a 5,4%), que pode deixar alguns corredores para trás. O final tem algumas colinas e a chegada é em ligeira subida.




Etapa 2

Os homens rápidos que não tiveram uma oportunidade no primeiro dia podem esfregar as mãos na 2ª etapa. É certo que o miolo é bastante complicado, uma vez que possui 3 subidas categorizadas e mais alguns pequenos topos, no entanto os derradeiros 40 quilómetros são totalmente planos, perfeitos para uma perseguição até à chegada em Perpignan.

 

Etapa 3

Está na hora da montanha! A 3ª etapa tem no menu uma tradicional chegada da competição que, praticamente todos os anos está presente. 160 quilómetros com 3 contagens de montanha de 1ª categoria: Mont-Louis (9,2 kms a 5,6%), Collada de Toses (20,2 kms a 3,2%) e La Molina (12,1 kms a 4,1%).

Falando da derradeira subida, esta é bastante mais dura do que aquilo que os números apresentam pois existe uma pequena descida já perto do final. Existem rampas a 15% e os últimos 2000 metros são a 6%, com 8% nos últimos 500 metros que é onde, historicamente, se costumam fazer os ataques para a vitória.

 

Etapa 4

Novo dia de montanha e nova chegada em alto. Etapa importante para a definição da geral e com mais 3 contagens de montanha de 1ª categoria, as duas últimas nos derradeiros 50 quilómetros. A primeira das subidas é o Port de la Creu de Perves (5,8 kms a 6,3%).

A chegada será no Boí Taüll (13 kms a 6%), uma subida que engana, pois, tem várias fases de descanso. Os primeiros 4500 metros são a 7,8%, é o mais duro. Os derradeiros 4 quilómetros são a 6,5%.




Etapa 5

Maratona de 207 quilómetros antes da entrada no fim-de-semana decisivo. Em teoria, esta é mais uma etapa talhada para os sprinters, um dia sem grandes dificuldades, no entanto aqui é de esperar que já existam muitos corredores atrasados, pelo que uma fuga ter o sucesso em Vilanova i la Geltrú não seria de estranhar.

 

Etapa 6

Com menos quilometragem e com mais dificuldades no seu miolo, esta é mais uma etapa em que os sprinters irão batalhar contra a fuga na luta pela vitória. O início será fundamental para a decisão da etapa, é muito complicado, e se uma fuga perigosa e numerosa conseguir ganhar bastante tempo, será muito complicado para as equipas dos homens rápidos. Este é um dia em que os puncheurs também podem ter uma palavra a dizer.

 

Etapa 7

Volta a Catalunha não é Volta a Catalunha sem a tradicional etapa de Barcelona no último dia, com passagem por Montjuic. Os ciclistas terão de ultrapassar por 6 ocasiões a Montjuic, que tem 2,5 kms a 4,6%, o que costuma proporcionar grande espectáculo. Os últimos 500 metros são claramente os mais complicados, a 13,7%. A parte final é muito rápida, em descida até à meta. Esta é uma etapa que costuma trazer muito espetáculo.

 

Táticas

Esta é uma Volta a Catalunha fácil de explicar. A classificação geral deverá ficar decidida nas etapas 3 e 4. A etapa 3 fará a primeira seleção mas, historicamente, La Molina não provoca grandes diferenças pelo que será no 4º dia que os puros trepadores vão atacar mais seriamente. Sem um contra-relógio, esta é a prova perfeita para este tipo de corredores.



Até ao final há várias etapas armadilhadas, especialmente a de Barcelona (etapa 7) que, apesar de ser fortemente atacada todos os anos, quase sempre termina com os favoritos a chegarem todos juntos.

Outra questão importante será a meteorologia. Espera-se temperaturas bastante baixas e até neve para as chegadas em alto, nem todos os ciclistas se adaptam a estas condições. Sem os dois “monstros eslovenos” presentes, a classificação geral está ainda mais em aberto!

 

Favoritos

Simon Yates esteve em grande no Paris-Nice, a forma como se desenvencilhou da Jumbo-Visma na etapa final foi incrível. A confiança e a forma estão lá, o britânico tem aqui um dos últimos testes antes do Giro, pelo que dará tudo. As subidas são perfeitas para si e Yates é um corredor que não tem medo de atacar.



Uma prova sem contra-relógio são excelentes notícias para Michael Woods. É certo que o canadiano não é conhecido por ser um trepador mas com as Ardenas a caminho a sua forma tem que estar em boa condição e já se viu quando isso acontece consegue superar grandes montanhas (Romandia 2021, por exemplo). Muito explosivo, poderá esperar pelo quilómetro final para fazer diferenças.

 

Outsiders

Alejandro Valverde já venceu esta prova por 3 vezes, e porque não pensar numa 4ª vitória no ano da despedida? O espanhol parece não abrandar, já levantou os braços este ano, e ainda continua a ter uma ponta final excelente, o que pode ser importante para as bonificações. Ivan Sosa poderá ser fundamental para um possível triunfo.

Também em época de despedida, Richie Porte está a mostrar toda a sua classe. O veterano australiano vem de ser 4º no Tirreno-Adriático e sabe que esta é uma das últimas oportunidades onde pode liderar a INEOS, uma das equipas mais fortes em prova e que tem várias alternativas, o que pode baralhar os adversários.



João Almeida preferiria que houvesse contra-relógio no entanto isso não é impeditivo para que o ciclista de Á-dos-Francos possa vencer! Subidas longas e regulares são ideais para o ciclista da UAE Team Emirates, onde este coloca um ritmo constante, nunca indo ao choque, como se viu no Paris-Nice. Sendo este o último teste antes do Giro, esperamos ver João Almeida em grande.

 

Possíveis surpresas

A mudança de equipa parece ter feito bem a Jai Hindley, o australiano esteve muito bem no Tirreno-Adriático e ainda tem alguma liberdade no pelotão. Também na Bora-Hansgrohe muito cuidado com Sergio Higuita, o colombiano é muito rápido, poderá ganhar bonificações importantes e os seus rivais sabem que o têm de descartar longe da meta. Richard Carapaz está a ter um ano para esquecer, ainda não terminou uma única prova por etapas, pelo que na INEOS é mais de acreditar que Carlos Rodriguez seja a alternativa a Porte, o espanhol corre em casa e tem estado a fazer uma sólida temporada, numa equipa onde ainda há Pavel Sivakov. Nairo Quintana e Esteban Chaves são dois colombianos com excelente historial aqui, se o primeiro sabemos que está em forma, o segundo é uma incógnita, ainda só tem 1 dia de competição. Jack Haig anda sempre por lá, é muito regular, mas ganha pouco, conseguirá dar o salto? A qualidade está lá. Depois de muito trabalho no Tirreno-Adriático, Marc Soler poderá ter alguma liberdade a correr em casa, mesmo com João Almeida na equipa. O espanhol parece muito bem e poderá ser usado como um ciclista a atacar de longe. Ivan Sosa, Giulio Ciccone, Guillaume Martin, Tom Dumoulin, Ben O’Connor e Ilan van Wilder são ciclistas a poderem terminar no top-10 final.




Super-jokers

Os nossos super-jokers são Henri Vandenabeele e Tobias Johannessen.

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