O ciclismo não para e é hora dos voltistas se deslocarem até Espanha para mais uma Volta a Catalunha. Tadej Pogacar irá fazer a sua primeira prova por etapas do ano, com João Almeida a estar no seu apoio.
Percurso
Etapa 1
A Volta a Catalunha começa com uma jornada de média montanha a rondar os 2300 metros de acumulado. É um dia de sobe e desce constante com o Alt de Sant Grau relativamente perto da meta, com 8,1 kms a 4%, há algumas colinas pelo meio e os 600 metros finais rondam os 7%.
Etapa 2
Primeira chegada em alto logo ao segundo dia numa subida bem conhecida, o Vallter 2000. Esta ascensão tem 11,8 kms a 7,5%, a parte mais dura está no miolo, com 1 km a 11,2% e depois 2 kms a 9,2%, a maioria dos ataques deve surgir nessa fase.
Etapa 3
Menos de 180 kms e praticamente 4000 metros de acumulado, a classificação geral pode ficar aqui sentenciada. São 3 subidas completamente diferentes, o Port de Toses é no fundo uma subida de 30 kms maioritariamente em falso plano com uma parte final mais complicada. O Port de Cantó é também uma ascensão bem longa, com praticamente 25 kms e feita em vários patamares. Por fim, o Port Ainé tem 18,4 kms a 6,7%. É uma montanha muito regular, com uma entrada mais dura, o primeiro quilómetro a 9% e depois entre o km 17 e 18 há novamente 8,2%.
Etapa 4
Grande oportunidade para os sprinters em Lleida, 1200 metros de acumulado e não há praticamente colinas nos 70 kms finais, o Port d’Ager não é duro suficiente para fazer diferenças.
Etapa 5
Uma tirada parecida com a 1ª, destaque para a última contagem de montanha com 6,4 kms a 5,9% que está a 30 kms do final e que deve dar um sprint em grupo reduzido.
Etapa 6
Uma etapa feita sempre a mais de 600 metros de altitude e que condensa 4000 metros de acumulado em cerca de 150 kms. Os primeiros 80 quilómetros até são relativamente acessíveis, a real dureza começa no Coll de Pradell, uma categoria especial com 14,6 kms a 7,1%. Segue-se uma longa descida para uma 1ª categoria com 5 kms a 8,7% e chegada em Queralt tem 6 kms a 7,2%.
Etapa 7
Aí está a habitual etapa de Barcelona com o circuito final de Montjuic, um traçado que costuma dar muito espectáculo e um ciclismo muito ofensivo, principalmente se a classificação geral estiver preso por segundos.
Táticas
A Volta a Catalunha tende a ser sempre uma prova muito animada e, este ano, não deve ser exceção. Pela primeira vez na temporada, Tadej Pogacar irá fazer uma prova por etapas e esse é o grande atrativo. O esloveno tem um forte bloco no seu apoio, incluindo João Almeida, Jay Vine e Pavek Sivakov, e quererá fazer testes importantes em direção ao Giro d’Itália.
A UAE Team Emirates traz, de longe, o bloco mais forte e coeso. Como já é hábito, a Team Visma|Lease a Bike será a grande rival, com Cian Uijtedebroeks e Sepp Kuss em destaque. As restantes equipas correm por fora, irão esperar um pouco pelo que estas duas irão fazer. A Movistar a correr em casa quer ter um destaque que ainda não teve em 2024.
A corrida tem 3 chegadas em alto, acreditamos que será nesses dias que a classificação geral se vai decidir. Se ainda estiver em aberto, o circuito de Barcelona pode proporcionar muito espetáculo, mas com tanta dureza para trás, duvidamos muito desse cenário.
Favoritos
Tadej Pogacar tem aqui a única prova por etapas antes do Giro d’Itália. Isso significa que vai querer testar-se e, também, olear o seu bloco para as duas Grandes Voltas da temporada. Dois dias de competição em 2024 e já se mostrou muito forte. Não ganhar aqui seria uma surpresa, ainda para mais contando com o bloco com João Almeida, Pavel Sivakok, Jay Vine, Felix Grosschartner e Marc Soler. Praticamente todas as etapas encaixa no perfil de Pogacar, o que é impressionante.
Até agora vimos um Sepp Kuss em modo gregário, tanto em Jaén como no Algarve e, mesmo assim, melhor que o habitual. Este é o primeiro grande teste da temporada para o norte-americano, numa prova com 3 chegadas em alto tem que se apresentar muito bem. Em anos anteriores, quando se apresentava como líder da equipa falhava, será que a vitória na Vuelta foi o ponto de viragem?
Outsiders
Aleksandr Vlasov vai querer agarrar com unhas e dentes as oportunidades de liderança que lhe são dadas. Com grande categoria, venceu no Paris-Nice e terminou em 4º da geral, quando, em teoria, teria Primoz Roglic à sua frente. O russo deve estar, ainda mais, motivado para mostrar à BORA-hansgrohe que consegue ser líder da equipa. É um ciclista muito ofensivo, isso pode favorecê-lo.
Se há prova por etapas que Lenny Martinez pode discutir é esta. O francês terá pela frente uma competição bastante montanhosa e sem contra-relógios. Trepador puro, um enorme talento que entrou a voar em 2024, contando já com duas vitórias. Ainda corre numa segunda linha e isso pode fazer com que não esteja tão marcado pelos principais candidatos.
Cian Uijtedebroeks esteve no apoio a Jonas Vingegaard no Tirreno-Adriático mas pouco trabalhou. Teve liberdade para fazer a sua corrida e não desiludiu, terminando em 7º. Com mais ritmo competitivo deverá estar melhor, numa prova com 3 chegadas em alto, o que também o favorece. O facto de ter Sepp Kuss na equipa pode dar-lhe alguma liberdade.
Possíveis surpresas
Mikel Landa tem uma oportunidade rara de liderança na Soudal-QuickStep e conhecendo como se conhece o basco, este vai querer aproveitar com tudo o que tem. Landa costuma aparecer bem nesta altura do ano, veremos se volta a repetir. Simon Yates é capaz do melhor e do pior, nunca sabemos o que esperar do britânico. Se estiver bem, não nos admiramos que esteja a lutar pelo pódio, dá-se muito bem nesta prova e as etapas são perfeitas para si. Se não estiver bem, pode passar ao lado da corrida. De que será capaz a Movistar a correr em casa? Enric Mas não esteve em destaque no Tirreno-Adriático, ainda tem muito a evoluir se quer estar na luta pelas grandes corrida. Nairo Quintana é a outra carta da equipa de Eusebio Unzué mas correrá muito por fora e mais depressa vemos Einer Rubio a ser o melhor da equipa telefónica. Uma prova por etapas sem contra-relógio é ideal para Michael Woods, o canadiano costuma gostar deste tipo de montanhas e com o aproximar do mês de Abril costuma estar em boa forma. Tem sido muito bom ver a evolução de Egan Bernal, o colombiano está, aos poucos, a regressar a um nível capaz de discutir as corridas. Não lhe vamos pedir para discutir avitória, um top-5 para o ciclista da INEOS Grenadiers já seria muito bom. A UAE Team Emirates vai focar todo o seu trabalho em Pogacar, no entanto João Almeida e Pavel Sivakov são alternativas sérias, poderão ser mais resguardados caso acontece algo de menos positivo ao esloveno. Para um top-10 final, atenção a nomes como Wout Poels, Harold Tejada, Hugh Carthy e Cristian Rodriguez.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Marc Soler e Matthew Riccitello.