A região de Valência acolhe a primeira prova por etapas do país vizinho. Com um grande leque de ciclistas, o espetáculo não deve faltar.

Percurso

Etapa 1

A competição espanhola abre com uma etapa traiçoeira, um dia com praticamente 170 quilómetros e onde os derradeiros 20 são bastante complicados. Depois do Collado de Ayódar (3,9 kms a 5,4%) surge Torralba del Pinar (4,6 kms a 6,8%), uma subida dura e que termina a apenas 3500 metros do fim.

Etapa 2

Os sprinters deverão ter a primeira oportunidade ao 2º dia, na chegada a Torrent. Apesar do miolo da etapa ter algumas subidas, isso não deverá impedir os homens rápidos de lutar pelo triunfo. O final é em ligeira subida.

Etapa 3

Etapa rainha da competição espanhola, dia para os grandes ciclistas fazerem as diferenças, numa jornada com 6 subidas categorizadas. Pela dureza, acreditamos que tudo se vai decidir na escalada final para o Alto de las Antenas del Maigmó (9,9 kms a 7,5%), apesar de alguns pequenos topos na aproximação.

As muitas rampas acima dos 10% deverão fazer a seleção natural dos favoritos à vitória, a segunda metade da subida é a mais dura e os derradeiros 2000 metros nunca baixam dos 9%.

Etapa 4

Depois da tempestade vem a bonança para os homens rápidos. Dia sem grandes dificuldades, onde o acumular de quilómetros será importante para o posterior da temporada. Torrevieja verá a segunda chegada ao sprint da prova.

Etapa 5

Para acabar esta competição espanhola temos uma mera formalidade e uma chance para os puros sprinters. Trata-se de uma jornada totalmente plana e que tem um circuito bastante técnico nas ruas de Valência.

Início de época

Estas são talvez das antevisões mais complicadas de toda a temporada, porque temos poucos ou nenhuns dados para análise, para muitos ciclistas esta é a primeira prova da época e o estado de forma é uma incógnita. Por isso mesmo, estas são as antevisões mais baseadas em feeling, prestações anteriores nesta corrida e adaptabilidade do percurso.

Em termos de traçado este é bastante simples, 3 etapas para sprinters, com possibilidade de um grupo mais reduzido na 2ª jornada da prova, uma etapa de média montanha a abrir e o palco de todas as decisões na 3ª tirada, com uma duríssima chegada em alto.

Favoritos

Os objectivos ainda estão longe, mas Remco Evenepoel parece estar sempre em forma quando a condição física está lá, de recordar que já ganhou a Volta ao Algarve. Os maiores problemas de saúde já estão para trás, a pré-época não teve problemas de maior, deve apresentar-se aqui bem. A 1ª etapa para puncheurs é perfeita para ele e a jornada de alta montanha não será dura demais.

Aleksandr Vlasov mudou-se este ano da Astana para a Bora-Hansgrohe e com tantos ciclistas de qualidade para as provas por etapas na equipa alemã as corridas de início de temporada são mais importantes do que parecem, para estabelecer alguma hierarquia interna. Já tem alguma rodagem obtida em Maiorca e até fez um impressionante pódio.

Outsiders

Não podemos descartar o intemporal Alejandro Valverde, que aos 41 anos continua a ser candidato a este tipo de corridas. Começou a temporada em grande forma, sabe que nas corridas World Tour a conversa já será outra e quer obter alguns triunfos naquela que talvez seja a sua última época como profissional. A única reserva que temos é a etapa de alta montanha, talvez seja ligeiramente dura demais para “Bala”.

A Ineos tem 2 ou 3 cartas para jogar, aquele que tem por hábito começar a época mais quente é Tao Hart, que até já fez 3º nesta corrida em 2020. Com a ausência prolongada de Egan Bernal abriram-se algumas portas na formação britânica e as corridas de Fevereiro e Março têm uma importância acrescida.

Uma das equipas que entre 2022 cheia de confiança é a Bahrain-Victorious pela forma como acabou 2021. Pello Bilbao é um excelente ciclista em pendentes muito inclinadas e costuma obter bons resultados em Espanha. Com um espírito bastante ofensivo, pode tentar surpreender na 1ª etapa.

Possíveis surpresas

Enric Mas será uma alternativa a Valverde, não acreditamos que trabalhe para o experiente espanhol como em Maiorca, vai resguardar-se mais. No entanto, costuma fixar-se mais nos grandes objectivos. Como já dissemos, a liderança da Ineos para esta prova não é certa, para além de Tao Hart há Pavel Sivakov e mesmo o jovem Carlos Rodriguez, que mostrou potencial em corridas anteriores. Em 2022 Juan Ayuso vai ser um autêntico diabo à solta, apesar dos seus 19 anos. Tendencialmente vai melhorar ao longo da época, mas no ano passado já mostrou capacidade para acompanhar os melhores na montanha, não é de descartar um pódio aqui. Lucas Hamilton já começou bem as temporadas e pode repetir esse feito aqui, vai liderar a BikeExchange, tal como David de la Cruz deve ser a aposta da Astana e Giulio Ciccone da Trek-Segafredo, sendo que o italiano é o que tem mais hipóteses de ganhar e fazer pódio destes 3 corredores. Dylan Teuns é uma caixinha de surpresas e vai ter liberdade na Bahrain, o mesmo se aplica a Wilco Kelderman e Jakob Fuglsang vai fazer a estreia pela Israel – Start Up Nation depois de um 2021 manifestamente mau.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são Marc Soler e Milan Vader