O ciclismo não para e o World Tour continua na Polónia, uma prova que serve de preparação para a Vuelta que está quase aí a chegar. Quem será coroado como sucessor de João Almeida?

Percurso

Etapa 1

Logo a abrir a Volta a Polónia os ciclistas têm uma longa ligação de 217 kms até Lublin, que no ano passado acolheu precisamente o tiro de partida da corrida. Há algumas colinas pelo caminho, 2 contagens de 4ª categoria, ainda assim deve dar sprint em pelotão compacto, com um final em ligeira subida.




Etapa 2

Quase um copy-paste na 1ª etapa, mais de 200 quilómetros com pequenos altos e baixos pelo caminho, a mesma quantidade de subidas categorizadas, desta vez o último quilómetro não tem tanta inclinação, é uma chegada mais favorável aos puros sprinters.

 

Etapa 3

Uma jornada ideal para quem quer preparar objectivos mais à frente na temporada. São 190 quilómetros planos num total de 237, uma distância rara em corridas deste género. No entanto, os últimos 40 quilómetros têm 2 colinas bem duras que prometem fazer as primeiras diferenças na geral. Primeiro são 3 kms a 5,2% e podem surgir ataques de longe na rampa de 2100 metros a 9,2%, um grande teste à capacidade física com 500 metros a 11,4% no meio. A última colina desta rápida sucessão é de 2,5 kms a 6,7%, a média engana pois no miolo há 1 quilómetro a 8,5%. Segue-se 20 kms planos ou de ligeira descida até à rampa final, que oficialmente tem 1500 metros a 7,7%, mas que na realidade os últimos 600 metros da etapa têm mais de 10%.

 

Etapa 4

Perfil bem distinto da jornada anterior e também ela de média montanha. Desta vez a dureza está concentrada mais longe da meta e parece-nos que não vai haver grandes mexidas aqui. São 2600 metros de acumulado num sobe e desce constante, sendo que a 30 kms da meta há 4,6 kms a 5% e a 20 kms do final mais 4,8 kms a 5,9%. No entanto, são subidas diferentes, com menos inclinação e que se adaptam mais a homens rápidos que passam bem as colinas, o cenário mais provável é um sprint em grupo mais reduzido. Os últimos 500 metros em Sanok têm cerca de 5%.

 

Etapa 5

Pode ser um dia para fugas, com muitos ciclistas já longe na classificação geral. Dos 22 quilómetros iniciais 8 são a subir, o que torna o controlo do pelotão muito mais complicado. Tal como na etapa anterior há espaço para fazer algumas diferenças na parte final, com 2,2 kms a 5,7% a 32 kms da meta e 2200 metros a 4,2% já perto dos 10 kms finais.




Etapa 6

Contra-relógio individual de 12 kms muito estranho, não é bem uma crono-escalada porque não tem dureza para tal, mas também mal tem um metro plano. A parte inicial é apenas em ligeira subida e a parte mais dura tem 2200 metros a 6,1%, havendo ainda uma pequena descida antes da meta. Interessa pouco quem é especialista, conta muito mais a capacidade física.

 

Etapa 7

Dia final em Cracóvia, com um final para sprinters. Há algumas colinas logo no início, algo que pode ser importante para definir a camisola da montanha, mas mais nada do que isso, é preciso alguma dose de loucura para ainda tentar alguma coisa na geral.

 

Tácticas

As etapas 3 e 6 parecem-nos que serão decisivas, quem tenha mais medo do contra-relógio ou quem queria aproveitar a força colectiva tem de atacar nessa jornada em linha mais dura. Há quem jogue aqui mais do que outros, falamos das equipas aflitas por causa dos pontos WT, Movistar e Israel trazem praticamente as terceiras linhas (de uma forma incompreensível, a Volta a Polónia já há muito não tem uma grande start list), enquanto a Lotto-Soudal aposta em Steff Cras para somar pontos na classificação geral. A BikeExchange espera que Matteo Sobrero e Lucas Hamilton ultrapassem os momentos complicados que têm tido.

O poder dos números está do lado da Ineos-Grenadiers visto que têm Richard Carapaz (o melhor puro trepador aqui) e Ethan Hayter (um contra-relogista perigoso), e ainda Ben Tulett, outra boa cartada. Outros favoritos estão bem mais isolados e esperam que tudo chegue por decidir ao contra-relógio.

 

Favoritos

Sergio Higuita cumpre todos os requisitos para ganhar esta edição da Volta a Polónia. O colombiano é muito explosivo e defende-se bem no contra-relógio, conseguindo disputar bonificações durante as etapas em linha. Vencedor da Volta a Catalunha e 2º na Volta a Suíça, o corredor da Bora-Hansgrohe é incrível em corridas de 1 semana e tem algo a provar internamente, mostrar a sua valia face a Vlasov e Hindley.



Quem nos segue há algum tempo sabe que por vezes gostamos de arriscar, podemos acertar em cheio ou falhar rotundamente. Hayter não é muito regular e Carapaz gosta de se concentrar noutras corridas, portanto elegemos Ben Tulett para colocar nesta categoria. O jovem britânico é explosivo, passa bem a montanha e, como se viu no Giro, é bom no contra-relógio. Conhece bem a Volta a Polónia, já fez top 10 enquanto corria pela Alpecin-Fenix. Completou o Giro, e às vezes acabar uma Grande Volta significa um salto na evolução de um jovem talento destes.

 

Outsiders

Este perfil certamente agrada a Pello Bilbao, um dos ciclistas de montanha mais explosivos, que até já bateu Alaphilippe num sprint este ano. A Bahrain-Victorious teve um mês muito complicado e um Tour para esquecer, o basco costuma ser um dos fieis da balança, um dos ciclistas mais regulares da equipa, contará com a ajuda dos jovens Williams e Zambanini na montanha.

Veremos então qual é a atitude da Ineos-Grenadiers em relação à classificação geral, se for bastante analítica pode optar por simplesmente proteger Ethan Hayter, esperando que o britânico faça a diferença no contra-relógio. Muito irregular e muito forte nos sprints em pelotão reduzido, pode ganhar ou fazer 100º na geral.



Tobias Halland Johannessen está a fazer uma época muito boa, de clara afirmação a este nível e o talentoso norueguês pode dar mais um passo em frente neste caminho. 7º na Volta a Catalunha e 10º no Dauphine, teve tempo para descansar e preparar esta segunda metade da temporada, sendo que a ausência de alta montanha é boa para ele. Gregaard e Tiller podem ser gregários muito úteis.

 

Possíveis surpresas

Richard Carapaz gostaria de muito mais dureza neste traçado, o equatoriano costuma demorar a acelerar os motores e a reagir nas chegadas mais explosivas, mas aqui pode querer testar-se sem grande pressão. A UAE Team Emirates tem 2 cartas importantes para jogar, tanto Davide Formolo como Diego Ulissi podem perfeitamente fazer pódio, são explosivos, gostam de provas de 1 semana e já fizeram top 5 na Volta a Polónia. Esta corrida costuma ser um palco de eleição para os jovens talentos se mostrarem, veja-se o que aconteceu com Jonas Vingegaard. Já referimos em cima Steff Cras, o ciclista da Lotto-Soudal foi 20º na Vuelta em 2021 e fez alguns top 15 em corridas World Tour este ano, tendo a particularidade de ter preparado esta prova com afinco. Antonio Tiberi, de apenas 21 anos, venceu 1 etapa na Volta a Hungria e é uma esperança da Trek-Segafredo para este tipo de corridas, também anda bem no contra-relógio. Thymen Arensman é outro jovem, ainda que bem mais conhecido, fez um excelente Giro, resta saber se a parte mental ainda está no mesmo nível de exigência visto que está de saída da Team DSM. Matteo Sobrero é, potencialmente, um dos melhores contra-relogistas do Mundo, e já provou em 2021 que consegue acompanhar os melhores na montanha de vez em quando se estiver em grande forma. Mauri Vansevenant é alguém que não tem medo de atacar, veremos se vai petiscar, depois de uma temporada que não lhe está a correr nada bem. É preciso ter em atenção a uma das equipas do momento, a inevitável Jumbo-Visma, com o regresso à competição de Sam Oomen, quando uma equipa está com este “momentum” pode ganhar em todas as frente. Olho ainda para um possível top 10 na geral de Quinten Hermans, Quentin Pacher e Samuele Battistella.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são Stephen Williams e Lucas Hamilton.




By admin