O World Tour não para e vários corredores ultimam a preparação para os últimos objetivos da temporada nova paragem na Polónia. Jonas Vingegaard faz a primeira provas por etapas desde que foi 2º no Tour e há a curiosidade de saber como está depois do que (não) mostrou em San Sebastian.

 

Percurso

Etapa 1

Longe de ser uma Volta a Polónia que guarda as dificuldades para as últimas etapas, vamos ter montanha logo a abrir. 130 kms muito fáceis, apenas com algumas contagens de montanha mais acessíveis, antes de uma sequência dura de colinas. A contagem de 2ª categoria com 7,3 kms vai servir de aquecimento para o final em Karpacz, uma subida dividida em duas. 2900 metros a 4,5% até ao sprint intermédio e depois, a fase final, com 3,2 quilómetros a 6,5%, incluindo uma fase com 1600 metros a 9,5%.





Etapa 2

Contra-relógio individual ao segundo dia e não é um contra-relógio qualquer. 15 400 metros de esforço individual com os primeiros 8 quilómetros relativamente planos até uma colina com 2000 metros a 5,3%. Curta descida até à subida final … em Karpacz. Um dia depois de terem passado neste local, os ciclistas voltam a repetir os 3200 metros finais a 6,5%.

 

Etapa 3

Jornada muito dura que pode servir para abrir as hostilidades logo de início e para as equipas que vêm com mais opções para a geral. São apenas 156 kms ao todo, mas com 3000 metros de acumulado. Os primeiros 50 kms contêm 1,3 kms a 7,4%, 4,2 kms a 4,4%, 2,6 kms a 6,9% e ainda 4,5 kms a 5,4% e 12 kms a 4,2%, é nesta fase que a corrida se pode partir. A parte intermédia tem algum sobe e desce sem contagens de montanha, com a passagem por Cracóvia a ter uma subida não categorizada. A aproximação à meta é rapidíssima para uma rampa final de 900 metros a 9,1% de inclinação média, sempre em estrada muito estreita.

 

Etapa 4

É preciso esperar pelo 4º dia de competição para vermos a primeira chegada ao sprint da competição. Apesar de tudo, o início é bastante complicado, com uma subida a abrir, no entanto os quase 200 quilómetros de etapa fazem com que esta seja, em teoria, mais fácil de controlar. Prudnik deve ver um homem rápido a vencer.

 

Etapa 5

Segunda oportunidade para os sprinters, desta vez em Katowice, numa etapa ainda mais acessível que a anterior. Alguns pequenos topos na fase final, nada de muito duro e que não deve impedir os homens rápidos de estar na discussão da corrida.




Etapa 6

O fim-de-semana chegada e chegada também a última etapa de montanha da competição, com o regresso da chegada a Bukowina. Esta é sempre uma etapa muito atacada, as subidas podem não ser muito longas mas se forem atacadas e muito endurecidas são capazes de fazer diferenças, ainda para mais num dia com mais de 3000 metros de desnível acumulado. As decisões estarão guardadas para os últimos 15 quilómetros, primeiro com uma subida de 1ª categoria com 2600 metros a 7,8%. Uma descida longa deixa os ciclistas no sopé da subida final para Bukowina, onde aparece uma parede com 1800 metros a 7,3%. Esta parte termina a 2 kms da meta, o resto do caminho é em ligeira subida.

 

Etapa 7

A Volta a Polónia termina com mais uma oportunidade para os sprinters e com a consagração do vencedor final a acontecer em Cracóvia. Dia bastante plano, sem grandes dificuldades e que termina com um circuito final a ser percorrido por 3 vezes em torno da cidade polaca.

 

Tácticas

Este é um traçado relativamente acessível, só mesmo a etapa de Bukowina creio que poderá fazer grandes diferenças no que toca à classificação geral, é onde dá também para atacar de longe e usar a equipa como arma ofensiva caso haja superioridade numérica. Apesar do desempenho relativamente fraco que teve em San Sebastian, Jonas Vingegaard chegará aqui como o maior candidato ao triunfo, só que não terá a vida fácil. Primeiro porque não parece a 100% em termos de condição física, segundo porque há chegadas muito explosivas que não vão totalmente ao encontro das suas características e terceiro porque não tem uma equipa assim tão boa para a montanha com ele, apenas Bouwman, Hagenes e Valter, enquanto Kooij tem 2 gregários.

A UAE Team Emirates será a maior oponente e aposta na força dos números novamente, com Ulissi, Wellens, Christen, Grossschartner e Majka, tem ciclistas muito explosivos capazes de ganhar terreno na geral a roubar bonificações, veremos como é a gestão de hierarquia interna, mas acredito que Majka será sempre um corredor protegido em casa, recebendo um belo prémio por todo o trabalho que teve.

 

Favoritos

Jonas Vingegaard – Questiono um pouco a sua motivação nesta fase da época e a condição física depois de um Tour onde deu absolutamente tudo o que tinha e o que não tinha para tentar bater Tadej Pogacar. Ainda assim, com o contra-relógio e a etapa de Bukowina, tem tudo para ganhar desde que esteja a 90%, é normal que em San Sebastian estivesse um pouco enferrujado no regresso à competição.





Rafal Majka – Tem aqui uma boa oportunidade de sucesso, não vem de uma Grande Volta e supostamente está a entrar agora num pico de forma. Habitualmente anda muito bem na Volta a Polónia, ainda no ano passado ganhou 1 etapa e depois afundou-se na geral no contra-relógio, que este ano é bem mais duro do que no passado.

 

Outsiders

Diego Ulissi – Tem feito um périplo brilhante em provas de 1 semana, ganhou a Volta a Áustria, foi 2º na República Checa, é alguém que tem tudo para somar bastantes bonificações nos finais explosivos e nos sprints intermédios, essa vantagem que conquiste pode ser importante para colocar alguma pressão em Vingegaard.

Pello Bilbao – 3º no UAE Tour, 6º na Volta ao País Basco, o espanhol procura recuperar da desilusão do abandono do Tour e voltar a adquirir ritmo competitivo para esta parte final do ano. Já perdeu alguma da sua capacidade de explosão, mas continua a ser alguém com uma ponta final decente e que normalmente lê bem a corrida.

Oscar Onley – A DSM está a andar globalmente muito bem e tem-se mostrado capaz de maximizar os resultados, casos de Max Poole e Oscar Onley. Poole foi recentemente 2º na Vuelta a Burgos e Onley conta aqui com a ajuda de Romain Bardet, que pode atacar de longe e obrigar outras equipas a maior desgaste. Onley surpreendeu no início do ano ao ganhar 1 etapa no Tour Down Under e tem nível para andar bem neste tipo de corridas.



Possíveis surpresas

Jan Christen – Longe de ser um trepador, mas estou muito curioso para ver o que o combativo suíço consegue fazer, um excelente rolador que obteve recentemente uma vitória numa clássica em Espanha e fez top 10 em San Sebastian.

Aurelien Paret-Peintre – Será claramente o líder da equipa, arrancou muito bem a temporada e depois perdeu algum gás, mas fez recentemente uma paragem que lhe pode ter dado outro alento para a parte final da época.

Romain Gregoire – Especialista nas Ardenas e que foi convocado de uma forma inesperada para o Tour. Veremos se isso lhe fez bem, pode chegar cheio de ritmo competitivo e sem o desgaste de lutar pela geral.

Tobias Foss – Na verdade não acredito muito no norueguês, só o menciono pela falta de ciclistas especialistas em provas por etapas, porque há um contra-relógio e porque nas chegadas mais explosivas ele até tem mostrado alguma capacidade.

Thibau Nys – O talentoso belga tem mostrado claras melhorias na montanha e este ano disputou chegadas que há 1 ano eram impensáveis para ele. Tirando Bukowina todas as outras chegadas encaixam muito bem nas suas características, só tem de sobreviver a esse dia.

Davide Formolo – A Movistar precisa dos pontos e Formolo precisa de um incremento de confiança, espero um italiano a descer muitos lugares no contra-relógio e a melhorar com o decorrer da competição.

Max Schachmann – Mesmo de saída da Red Bull Bora, a formação germânica dá uma boa oportunidade de liderança ao alemão, que tem subido o nível em 2024 face aos anos anteriores. Pode perfeitamente vencer uma etapa num sprint mais reduzido, para a geral acho que o top 5 será o limite.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Felix Grossschartner e Magnus Sheffield.

 

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