Após um ano de ausência, a prova helvética está de regresso ao calendário! Como sempre, os ciclistas terão pela frente muita montanha, no entanto a ausência de uma grande chegada em alto vem baralhar as contas.
Percurso
Etapa 1
Frauenfeld acolhe a primeira etapa da competição, um curto contra-relógio de 11 quilómetros, completamente plano. Apesar de plano o percurso não é fácil, tem bastantes curvas e zonas técnicas.
Etapa 2
A primeira etapa em linha da competição pode ser dividida em duas fases. Os primeiros 110 quilómetros são praticamente planos, ao passo que os derradeiros 68 quilómetros contêm 6 subidas, onde só 3 delas são categorizadas.
A 40 quilómetros do fim, o Oberricken (7,8 kms a 5,1%) poderá deixar alguns sprinters para trás, no entanto o grande teste será Litschstrasse (2,4 kms a 8,2%), isto depois de uma colina não categorizada de 1200 metros a 8,3%. Estas duas subidas ficam num espaço de 9 quilómetros, sendo que a última termina a apenas 7,5 quilómetros da chegada a Lachen.
Etapa 3
Na Suíça não há dias fáceis e a 3ª etapa é prova disso. 182 quilómetros de sobe e desce constante, com uns 70 quilómetros finais bastante complicados.
A corrida deve definir-se nos 35 quilómetros finais. Aí surgem 1700 metros a 5,1%, seguindo-se a subida de Ohmstalerstrasse (3,4 kms a 6%). Uma curta descida leva a 700 metros a 7,4% e a um sprint intermédio. A descida termina a 7 quilómetros do fim sendo, que a partir daí o terreno será sempre em ligeira subida até à meta.
Etapa 4
A classificação geral terá um primeiro teste na 4ª etapa. Apesar de não muito complicado, alguns corredores podem ter um dia mau e passar por dificuldades. Após 153,5 quilómetros relativamente acessíveis, o pelotão chega ao sopé de Saanenmöser Pass (7,5 kms a 4,4%).
A subida não é dura, alguns corredores completos e com boa ponta final podem passar. Esta escalada termina a 9500 metros do fim, sendo que os 5 seguintes são em descida e os restantes em plano.
Etapa 5
Tempo para a primeira chegada em alto da competição! Os ingredientes principais começam a ser servidos a 28 quilómetros do fim, com a complicada subida de Erschmatt (8 kms a 8,5%).
A subida final para Leukerbad tem cerca de 8 quilómetros, com os primeiros 4100 metros a serem a 7%. A inclinação aligeira bastante até aos 1000 metros finais que são a 5%.
Etapa 6
Curto mas complicado dia por terras helvéticas. Apenas 130 quilómetros mas com duas primeiras categorias. Logo a abrir Gotthardpass (8,3 kms a 7,2%). Uma longa descida seguida de uma fase de falso plano leva ao começo do Lukmanierpass (18,2 kms a 5,6%).
Esta subida termina a apenas 22 quilómetros do fim, sendo que se seguem 10 quilómetros de descida. Via Lucmagn (1200 metros a 5,6%) serão o apetite para a subida final até Disentis. 7100 metros a 3,5% que podem fazer diferença devido à dureza já ultrapassada. Os derradeiros 1500 metros são planos.
Etapa 7
Segundo contra-relógio da prova, sendo que este é o completo oposto do primeiro. Depois de 2000 metros planos, surge o Oberalppass (9,5 kms a 6,5%). Esta é uma escalada bastante regular que fica a meio da prova. Quem sobe também desce por isso seguem-se praticamente 12,5 quilómetros de descida, sendo o quilómetro final o menos pronunciado.
Etapa 8
A etapa rainha aparece ao último dia, que será tudo menos um passeio! Logo a abrir surge a subida passada no contra-relógio do dia anterior Oberalppass (9,5 kms a 6,5%). Uma longa descida leva a nova subida conhecida Lukmanierpass (15,8 kms a 5,4%), mas feita por outra vertente.
Passadas estas duas subidas ainda só passaram 50,5 quilómetros de etapa, sendo que como “bónus”, o pelotão terá pela frente praticamente 50 quilómetros de descida/plano. Durante 30 quilómetros, a estrada inclina ligeiramente até ao sopé de mais uma subida já ultrapassada na competição, o Gotthardpass (13,2 kms a 6,7%), só que também ela feita por outra vertente. No topo ficam a faltar apenas 14,5 quilómetros para o final, 10 deles em descida e os últimos 4500 metros em plano.
Tácticas
Esta Volta a Suíça tem a particularidade de ter muita montanha, mas não ter uma grande chegada em alto. Veremos como isto afecta a corrida, mas provavelmente irá levar os ciclistas que correm atrás do prejuízo após o contra-relógio inicial a arriscar e atacar de longe, o que é positivo para a corrida.
Em termos de blocos os que parecem mais fortes são os da Ineos Grenadiers e da Deceuninck-Quick Step, liderados por Richard Carapaz e Julian Alaphilippe, respectivamente. Ambos têm alternativas internas e 2 ou 3 gregários que estarão lá na alta montanha. O facto de faltar uma grande chegada em alto é bom para Alaphilippe, mas ainda assim há algumas incursões acima dos 1500 metros de altitude, que favorecem Carapaz. Existe ainda a possibilidade remota da formação britânica apostar em Rohan Dennis para a geral. Dennis irá ganhar tempo a toda a gente no contra-relógio e, se estiver em grande forma, consegue aguentar com os melhores na alta montanha.
Favoritos
Richard Carapaz tem aqui uma prova decisiva tendo em vista o Tour. O equatoriano tem de deixar bem claro que está em boa forma, no Dauphiné tanto Geraint Thomas como Tao Hart mostram estar bem e Carapaz quer entrar no Tour como líder. Conta com uma equipa (Henao, Dunbar, Dennis, Sivakov) capaz de destruir a corrida na montanha e Carapaz é ciclista para atacar de longe, se for necessário.
Este traçado parece desenhado para Julian Alaphilippe, não há nenhuma tirada com várias subidas longas encadeadas, não há nenhuma chegada em alto, os esforços são mais explosivos, como o francês gosta. A grande questão é se Alaphilippe está em forma, é um corredor que ou vai fazer pódio ou fazer 30º, poupando assim tudo para o Tour.
Outsiders
Jakob Fuglsang tem sido uma sombra do que mostrou em 2019 e 2020, completamente irreconhecível. No entanto, estamos a ver uma Astana rejuvenescida no Dauphine, Izagirre e Lutsenko estão a andar como nunca tinham andado este ano. E é possível que aconteça o mesmo a Fuglsang aqui, lembrando que este traçado será bom para ele.
Maximilian Schachmann é um ciclista que terá esta corrida como um grande objectivo. O vencedor do Paris-Nice dá-se claramente muito bem em corridas de 1 semana e o percurso com uma dureza abaixo do normal para uma Volta a Suíça é bom para ele, que também anda bem no esforço individual. Tem o grande problema de ter uma equipa relativamente fraca, em que só Fabbro o pode apoiar na montanha.
Nestas categorias superiores mencionamos ciclistas que consideramos terem hipóteses de ganhar, porque para o top 10 poderá haver apostas bem mais seguras. Rohan Dennis encaixa-se nessa categoria, ou faz pódio ou fica fora do top 30. Existe a possibilidade de acontecer o que aconteceu em 2019, Dennis ficar com a liderança após o contra-relógio inicial e ganhar tempo a toda a gente, nesse ano subiu como raramente o tínhamos visto a subir e acabou a Volta a Suíça em 2º. Dennis voltou a provar que sobe muito bem no Giro do ano passado. A Ineos pode apostar no australiano se quiser que Carapaz não use todos os cartuchos e se poupe para o Tour.
Possíveis surpresas
Ontem disputou-se uma clássica na Suíça com um pelotão bastante razoável, onde Rui Costa e Esteban Chaves se destacaram. Rui Costa tem na Volta a Suíça uma corrida talismã, e vendo o percurso, não é nada mau para o ciclista português, vemos o top 10 bastante possível. Quanto a Esteban Chaves, tem dado alguns sinais de querer voltar ao nível de outrora este ano, sendo que a BikeExchange também tem em Lucas Hamilton uma alternativa fiável. Veremos como estão os corredores que deixaram o Giro a meio por queda ou doença, Pavel Sivakov, Marc Soler e Gino Mader são todos capazes de um resultado dentro do top 5 se estiveram em boa forma. Tiesj Benoot regressa à competição após mais de 1 mês de ausência, fez uma campanha de clássicas razoável e foi 5º no Paris-Nice, parece estar a apostar em melhorar na montanha. Michael Woods é forte candidato a várias etapas, mas não tanto à geral, onde tem de se defender nos 2 contra-relógios e em uma ou outra etapa que termina em descida, não sendo esta uma especialidade do canadiano. Na Jumbo-Visma reina a incerteza, Tom Dumoulin já não compete há vários meses, está aqui sem pressão e não deve estar em condições de lutar pela vitória, Sam Oomen tem uma oportunidade de ouro para liderar a equipa, o holandês tem estado bem este ano nas funções de gregário. Rigoberto Uran está concentrado no Tour, tem tido uma época fraca até por razões pessoais e não é corredor de andar muito bem em corridas de preparação. Wout Poels também tem andado desaparecido em 2021, no entanto tem aqui um percurso ideal para as suas características, ainda para mais a tão poucas semanas do Tour.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Mauri Vansevenant e Marc Hirschi.