O World Tour regressa à Suíça para a última grande prova por etapas antes do Tour. Com muita montanha pela frente, quem se irá destacar?

 

Percurso

Etapa 1

Um clássico da Volta a Suíça para começar, aqui é raro haver uma etapa fácil, mas os organizadores este ano excederam-se e logo a abrir temos um dia potencialmente decisivo para a classificação geral. Haverá para ultrapassar um circuito com 2 contagens de montanha para cumprir por 3 ocasiões, as subidas são 3,9 kms a 4,9% e uns terríveis 2,7 kms a 8,2%, sendo que a última passagem por esta subida será a 5 kms da meta. É uma colina muito dura com um miolo de 500 metros a 12,8%, dá para fazer muitas diferenças.



 

Etapa 2

Nova jornada de média montanha, com cerca de 3000 metros de acumulado. Há 6 subidas no percurso, 3 delas não categorizadas, que estão nos primeiros 120 quilómetros, e 3 delas categorizadas, todas nos últimos 80 kms. Esta sequência mais dura começa com 5,6 kms a 5,9%, segue-se 3 kms a 7,6% e o melhor está guardado para o final, com 6,3 kms a 6,2%, o Challpass está apenas a 15 kms da meta e a partir daí é sempre a descer. Esta última contagem de montanha é a mais longa e tem um final mais complicado do que a média indica.

 

Etapa 3

Este final em Grenchen dá alguma esperança aos homens rápidos, mas para conseguir disputar a vitória terão de ultrapassar muitas dificuldades antes de uns 40 kms finais relativamente planos. Logo a abrir há 3 kms a 7,4%, isto vai dificultar a tarefa das equipas que querem uma fuga pequena. Posteriormente, em 40 kms há o Col des Rangiers (8,2 kms a 4,5%), Le Cheletat (3,3 kms a 8,8%) e o Cote au Bouvier (5,4 kms a 8,6%). Para além disso a subida a Bellelay (7,4 kms a 4,9%) está a cerca de 70 kms da meta e a contagem de Vauffelin (2,4 kms a 5,8%) está a 40 kms do final e será a última dificuldades de maior. O final em Grenchen é em ligeira descida, muito rápido e potencialmente perigoso para um sprint em pelotão compacto.

 

Etapa 4

Chegada a Brunnen após mais de 190 kms nova leve esperança para os ciclistas rápidos. Mas essa esperança seria maior não fosse a contagem de Sattel dentro dos 20 kms finais. A questão é que é uma ascensão mesmo dura, com os seus 3800 metros a 7,6%, uma equipa que force minimamente o ritmo vai causar estragos, apenas o quilómetro final é mais suave, os outros 3 são todos acima de 8%. Até à meta há cerca de 10 kms a descer para um final em terreno plano.

 

Etapa 5

Uma tirada que engana e que tem potencial para fazer diferenças enormes, maiores ainda que chegadas em alto. O foco está no circuito final, que será cumprido por 3 vezes. Esse circuito tem 4 subidas, portanto serão 12 subidas em todo, juntando-se ainda o Monte Ceneri, a meio da etapa. Imaginem então um carrossel de 12 subidas em 90 kms praticamente sem um metro plano. As dificuldades são:

Castel San Pietro – 2 kms a 5,1%

Morbio Inferiore – 1 km a 8,6%

Pedrinate – 2,5 kms a 7,8%

Novazzano – 1,9 kms a 5,8%, que coincide com o final da etapa




Etapa 6

Primeira real jornada de alta montanha e em altitude. E uma tirada relativamente simples de descrever. A meio da etapa há uma categoria especial de 13,6 kms a 7,8% a mais de 2400 metros de altitude. Na verdade os ciclistas estão em subida durante cerca de 50 kms, 40 deles até chegarem à contagem de montanha propriamente dita. A chegada em alto a Moosalp tem 17,7 kms a 7,6%, chegando também aos 2000 metros de altitude. O início e o final são relativamente fáceis, o que baixa a média. É uma ascensão com um miolo muito dura, chega a ter 7 kms a quase 9%.

 

Etapa 7

A penúltima etapa terá novamente muita montanha, numa jornada muito nos moldes da anterior. Uma enorme subida a meio (29 kms a 5%) e um temível final em alto. A diferença é que nesta ligação há também 2 contagens de 3ª categoria a meio. Desta vez o final é em Malbun, que totaliza 12,6 kms a 8,7% e que tem uma fase inicial de 8,5 kms a 9,2%, há espaço e terreno para se fazer grandes diferenças, mas é improvável que haja ataques fora da subida final.

 

Etapa 8

O tira-teimas, se houver teimas para tirar na classificação geral. A capital do Liechenstein, Vaduz, acolhe o contra-relógio final de 25 kms, que é estranhamente plano para os parâmetros da Volta a Suíça. O traçado tem algumas longas rectas onde os grandes motores podem colocar a sua potência no chão.

 

Táticas

A Volta a Suíça costuma ser uma corrida bastante aberta, ao contrário do Criterium du Dauphiné tem dias mais imprevisíveis, o terreno helvético é mais propício a surpresas. A juntar a isso, o facto do contra-relógio ser apenas no último dia vai levar a que os puros trepadores tenham que atacar com antecedência, se querem chegar ao último dia com possibilidade de vencer.



Mesmo não sendo num terreno fácil, a geral só deverá começar a ser decidida ao 5º dia, numa etapa estilo clássica, onde se podem fazer mais diferenças do que nas duas chegadas em alto dos dias seguintes, tudo depende de como a corrida for feita. Em suma, é preciso estar atento nos 4 primeiros dias para nos 4 últimos dias se poder ganhar a corrida.

A INEOS Grenadiers é o bloco a abater, tem Daniel Martinez, Adam Yates e Geraint Thomas, nos primeiros dias todas as equipas vão deixar a responsabilidade para a formação britânica. Também a BORA-Hansgrohe chega com um bloco forte, onde Aleksandr Vlasov e Sergio Higuita partem como líderes. As restantes equipas trazem “apenas” um líder, terão de jogar de forma mais fria.

 

Favoritos

Daniel Martinez está a saber aproveitar as oportunidades e uma vitória na Suíça torná-lo-á um ciclista ainda mais protegido no Tour de France. A temporada do colombiano em provas por etapas está a ser incrível, foi 3º na Volta ao Algarve e no Paris-Nice, antes de ganhar a Volta ao País Basco. Até agora, ainda não vimos Martinez em dificuldades em dias de dificuldade e, para além disso, anda como poucos no contra-relógio. O forte bloco da INEOS também joga a seu favor.



O que pensar de Remco Evenepoel? Ainda se nota que o belga tem algumas dificuldades em subidas longas mas tem vindo a melhorar bastante, no País Basco esteve melhor e na Noruega realizou números excelentes. Agora a concorrência é outra, com uma qualidade bastante superior, veremos se o jovem continuará a evoluir. Se as etapas 6 e 7 podem ser as maiores dificuldades, nos dias de média montanha e no contra-relógio estará na sua praia e pronto para dinamitar a corrida.

 

Outsiders

Aleksandr Vlasov já não corre desde o início de Maio, onde venceu o Tour de Romandie … na Suíça. Este ano, o russo venceu a Comunidade Valenciana e foi 4º no UAE Tour e 3º no País Basco mas também falhou no Paris-Nice. Vlasov está longe de ser um corredor 100% estável, mas com o Tour de France tão perto o ciclista da BORA-Hansgrohe já tem que estar a um nível bastante bom. Evoluiu muito no contra-relógio, poderá ser onde se pode decidir a corrida.

As provas de uma semana são a praia de Adam Yates e, aproveitando a superioridade da sua equipa, o britânico pode adicionar nova prova ao currículo. O britânico tem pela frente subidas perfeitas para as suas características, não são extremamente duras e são explosivas. Também quererá marcar posição antes do Tour.



Jakob Fuglsang é um corredor que costuma estar bem nesta altura do ano, por duas vezes já venceu o Dauphiné. Agora, o foco está na Volta a Suíça e a preparação arrancou com uma vitória numa clássica francesa. As etapas com subidas explosivas assentam-lhe que nem uma luva e, mesmo não sendo um puro trepador, quando está bem, defende-se como poucos. Terá que ganhar tempo antes do contra-relógio.

 

Possíveis surpresas

Sergio Higuita é a alternativa da BORA-Hansgrohe, o colombiano que, em 2022, já venceu a Volta a Catalunha. Como já referimos, a superioridade numérica poderá ser importante e, para além disso, Higuita é um corredor rápido, capaz de conseguir bonificações. A correr em casa, Gino Mader é sempre um perigo. Com uma evolução muito sustentada, o helvético estará motivado para conseguir mais um excelente resultado, depois de ter sido 2º no recente Tour de Romandie. Sepp Kuss não se tem adaptado muito bem ao papel de líder, quando tem a oportunidade de liderar a Jumbo-Visma não corresponde às expectativas. Esta semana terá nova oportunidade, numa equipa onde Rohan Dennis também está à espreita, resta saber se o australiano vai querer sofrer nas montanhas. Teremos Thibaut Pinot na luta pela geral? Sendo uma prova de uma semana não vamos descartar o francês, a pressão não será tanta e também quererá saber como está a sua condição física. Se for o Pinot do Tour of the Alps pode surpreender. Marc Soler vai liderar a UAE Team Emirates, numa rara oportunidade de poder alcançar um bom resultado pessoal, veremos se o espanhol corresponde, a qualidade está lá. Vindos do Giro, Domenico Pozzovivo e Thymen Arensman correm por fora, podem acusar o cansaço, mas há caso de ciclistas que conseguem manter o pico de forma até esta prova. Por fim, olho em Alexey Lutsenko, Sebastian Reichenbach, Geraint Thomas e Ion Izagirre.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Einer Rubio e Jay Vine.



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