O pelotão internacional está de regresso ao Algarve! Mesmo com uma lista de participantes não tão forte como em anos anteriores, os ciclistas de renome continuam a ser muitos. Teremos as equipas nacionais a fazer frente às formações World Tour?
Percurso
Etapa 1
Para 2021, a organização da Volta ao Algarve decidiu inveter o percurso da 1ª etapa. Lagos será o local de partida e Portimão será o ponto de chegada 189,5 kms depois. Apenas com uma contagem de montanha a meio do dia, é expectável a primeira chegada ao sprint da competição, num final em ligeira subida. Na última etapa em linha que terminou nesta localidade, em 2009, venceu Heinrich Haussler.
Etapa 2
Logo ao 2º dia a geral vai começar a ser decidida no Alto da Fóia. Após 150 kms relativamente simples as dificuldades começam a surgir, numa sequência que é perfeita para endurecer a corrida ou instigar ataques de longe.
Primeiro é a subida de Alferce (5700 metros a 6,5%), seguindo-se 600 metros a 11,2%, antes do Alto da Pomba. São 3500 metros a 8,1%, uma contagem de 2ª categoria muito dura e entre ele e a subida da Fóia só há 6 kms. Esta vertente da Fóia, desde Monchique tem 7,7 kms a 5,8%, é uma ascensão muito regular depois do início abrupto. Remco Evenepoel foi o último vencedor nesta chegada.
Etapa 3
A 3ª tirada é nova chance para os sprinters, com a tradicional chegada a Tavira, em ligeira subida. A primeira metade da jornada é animada com 2 contagens de 3ª categoria, uma classificação que pode ainda estar em aberto nesta fase da prova. Cees Bol venceu neste local em 2020.
Etapa 4
O fim-de-semana começa com um importante contra-relógio na cidade de Lagoa. Serão 20 quilómetros, divididos em 3 fases: a parte inicial e a parte final são a rolar, mas é muito complicado manter o ritmo no miolo ondulado, onde existem dois pequenos topos a coincidir com os pontos de cronometragem (600 metros a 5,3% e 500 metros a 7,2%). Remco Evenepoel e Stefan Kung triunfaram nos últimos contra-relógios aqui disputados.
Etapa 5
A chegada mais mítica desta prova, o Alto do Malhão, será o palco das decisões finais da “Algarvia”. Dia de sobe e desce constante com 5 contagens de montanha de 3ª categoria a anteceder a subida final. Vermelhos (3400 metros a 5,7%), Ameixeiras (1100 metros a 9,8%) e Alte (1100 metros a 9,2%) são três curtas mas duras subidas que ficam num espaço de 30 quilómetros e que podem ser palco de diversos ataques. A última delas fica a 13 quilómetros da chegada.
Apesar de toda a dureza, tudo se deve decidir na subida para o Alto do Malhão. 2400 metros a 9,8% que prometem muito espetáculo!
Tácticas
Será uma Volta ao Algarve em Maio, e por isso diferente dos últimos anos no que toca aos participantes. Coincidindo com o Giro e começando poucos dias depois do Tour de Romandie, quando quem prepara o Tour já está a descansar, temos uma lista de participantes mais fraca. Mais fraca em termos de classificação geral, porque para os sprints há Bennett e Ackermann na primeira linha, Sarreau, Aniolkowski, van Poppel, Grosu ou Boudat numa segunda linha.
O bloco mais forte parece ser o da UAE Team Emirates, que joga tudo para Rui Costa, o mais provável é assumirem o controlo das etapas, mas quando a montanha começar Andres Ardila tem de corresponder. Tendo isto em conta, não seria totalmente descabido ver nas chegadas em alto uma equipa portuguesa a encabeçar o pelotão, uma Efapel ou uma W52-FC Porto por exemplo.
Outra interessada no controlo do pelotão é a Ineos Grenadiers com Ivan Sosa. O talentoso colombiano vai certamente perder tempo no esforço individual e com Rodriguez, Rivera e Henao têm de tentar fazer diferenças.
Esta é uma oportunidade de ouro para as equipas nacionais, transmissão internacional em competição com equipas World Tour e se é verdade que o contra-relógio praticamente retira hipóteses no que toca a geral, os últimos anos mostrarem que não é descabido pensar numa vitória em etapa, no Malhão ou na Fóia. Não nos iriamos admirar se num grupo de 30/40 unidades as mais bem representadas fossem a W52/FC Porto ou a própria Delko, que tem alguns trepadores em boa forma.
Favoritos
Após alguns problemas no início da época Lennard Kamna estreou-se na Volta a Catalunha com um triunfo em etapa, o alemão esteve toda a corrida à procura disso. Aqui a condição física já deverá ser melhor e é preciso recordar que ele conhece bem este percurso, foi 7º aqui no ano passado. Falta-lhe equipa na montanha, se na Fóia não deve ser um problema, poderá levantar questões no Malhão.
A temporada não tem corrido de feição a Rui Costa, mas o campeão nacional mostrou sinais de progresso no Tour de Romandie, onde terminou em 13º. A motivação de Rui Costa será enorme aqui, foi 5º em 2012 e 2013, 4º em 2020 e 3º em 2014, ainda não conseguiu adicionar esta corrida ao seu palmarés e esta pode ser a sua última grande chance para o conseguir.
Outsiders
Muita atenção a Kasper Asgreen, o dinamarquês da Quick-Step consegue fazer de tudo e deverá sair do contra-relógio em vantagem. A etapa do Malhão não deve ser problema para ele, já vimos corredores como Stybar ou Kragh Andersen entre os melhores. Só poderão retirar Asgreen da luta com um ritmo demolidor na Fóia, e não vemos nenhuma equipa com capacidade para isso. Recordem-se da Volta a Califórnia de 2019, em grande forma minimizou perdas para os trepadores.
Vencedor da Vuelta a Burgos, vencedor do Tour de la Provence, Ivan Sosa sabe bem o que é triunfar em corridas de 4/5 dias. O colombiano de 23 anos é capaz do 8 ou do 80, mas aqui tem responsabilidade de estar entre os melhores e sabe perfeitamente que tem de fazer diferenças da Fóia e tem de atacar de longe, isto se quiser ganhar a geral, claro.
Joni Brandão mostrou na Clássica Aldeias de Xisto que já está em boa forma, algo que raramente acontece em Fevereiro, mas que em Maio é mais comum. É dos trepadores portugueses que melhor se defende no contra-relógio e está numa estrutura que sabe bem o que é vencer e o que é vencer aqui. O bloco é fortíssimo.
Possíveis surpresas
Em relação às equipas estrangeiras destaque para as formações gaulesas. A Arkea-Samsic conta com Elie Gesbert, o ciclista que mais de perto acompanhou Enric Mas na montanha em Valência, e ainda ter como alternativa Diego Rosa. Enquanto a Delko tem o recente vencedor da Volta a Turquia, José Manuel Diaz (com debilidades no contra-relógio) e Delio Fernandez, que conhece muito bem esta realidade. Gavin Mannion estava a andar bem na Volta a Turquia até abandonar e na Wanty atenção ao que podem fazer Odd Eiking e Georg Zimmermann. Na Ineos-Grenadiers a alternativa ao irregular Sosa deverá ser Carlos Rodriguez. Relativamente às equipas nacionais, Frederico Figueiredo já está em boa forma e costuma andar bem aqui nas chegadas em alto, conta com a preciosa ajuda do experiente Javier Moreno na montanha. Vicente Garcia de Mateos já mostrou na Arrábida estar a andar bem e também conhece este percurso como poucos. Na formação de Tavira Alejandro Marque vai tentar beneficiar das suas capacidade no contra-relógio, enquanto Tiago Antunes procura manter o excelente nível exibicional das últimas semanas, a mudança para a equipa de Mortágua fez-lhe muito bem e quer mostrar-se para eventualmente regressar ao estrangeiro. A Radio Popular Boavista e a Kelly-Simoldes-UDO têm vários trepadores e devem atacar a classificação da montanha. Na W52-FC Porto elegemos Joni Brandão para estar numa categoria superior, mas tanto Amaro Antunes e João Rodrigues sabem o que é estar entre os melhores na Volta ao Algarve, ainda que a preparação de João Rodrigues tenha sido afectada por uma queda.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: Jonathan Lastra e Nicolas Prudhomme.