Depois das clássicas da Flandres é hora para os voltistas entrarem de novo em acção na Volta ao País Basco, com um excelente elenco e um percurso repleto de subidas curtas e inclinadas. Jonas Vingegaard, Primoz Roglic e Remco Evenepoel prometem espetáculo!

 

Percurso

Etapa 1

A Volta ao País Basco inicia-se com um contra-relógio individual de 10 quilómetros em Irun. Nesta região de Espanha não há terreno plano e neste curto percurso não é exceção. Logo com 400 metros, há uma “parede” de 100 metros em empedrado a 10%, seguindo-se uma fase mais rápida até ao Olaberria (1700 metros a 5,1%). Atingido o topo restam 5,5 quilómetros, quase todos eles em falso plano até à rampa final na chegada.

 

Etapa 2

Em teoria, a etapa mais plana da competição, mas de plano não há nada. 160,7 quilómetros com 2200 metros de desnível acumulado positivo e muitos pequenos topos ao longo do percurso. Focando nos derradeiros 11 quilómetros, há uma colina de 1300 metros a 3,8%, antes de mais uma pequena inclinação na estrada. O final é do lado francês da fronteira e também é em ligeira subida.

 

Etapa 3

Primeira etapa de montanha, um dia longo com mais de 190 quilómetros e que abre logo com uma difícil 2ª categoria. A primeira parte da etapa tem, ainda, mais 3 contagens de montanha mas tudo se irá decidir nas últimas duas montanhas. Olaberria (1,7 kms a 7,7%) vai aquecer os motores para Lizarrusti (6,3 kms a 5,2%). Esta subida termina a 17 quilómetros do final, com os ciclistas a entrarem num plano até ao final em Altsasu.

 

Etapa 4




Uma etapa bastante parecida, pelo menos na parte final é o que se segue. Os últimos 40 quilómetros têm 3 complicadas subidas: primeiro Olaeta (3,2 kms a 5,7%), uma longa descida até Untzilla (2,4 kms a 8%) e, pouco depois Leintz-Gatzaga (3,1 kms a 8,5%). Atingido o topo da subida restam 9 quilómetros e, tal como no dia anterior, num plano até à meta em Legutio.

 

Etapa 5

Amorebieta será o palco principal da penúltima etapa da Volta ao País Basco. Depois da passagem por Urkiola (5,6 kms a 9,2%), ainda na primeira metade, os ciclistas dirigem-se para a cidade basca, na qual irão ter um circuito final. Duas voltas a um circuito que tem como ponto fundamental a subida de Muniketagaina (3,4 kms a 7,3%). Na última volta, o topo fica a 11 quilómetros do fim. Segue-se uma descida de 2 quilómetros, 5 de falso plano, mais 2 de descida até ao quilómetro final plano.

 

Etapa 6

A etapa final é um autêntico carrossel de subidas em apenas 138 quilómetros. Nada mais nada menos que 7 subidas categorizadas. As 3 primeiras subidas deverão servir para desgastar o pelotão, aparecendo depois Krabelin (5 kms a 9,5%). Trabakua (3,3kms a 6,9%) antecede a duríssima subida de Izua (4,1 kms a 9%), cujo topo fica a 27 quilómetros do fim. Uma longa descida leva até ao sopé de Urkaregi (5 kms a 4,6%). Restam apenas 13 quilómetros muito rápidos até ao final em Eibar.

Tácticas

Creio que vai ser uma Volta ao País Basco onde tudo se decide nos últimos 3 dias e, principalmente, na etapa final, e por isso mesmo há o risco das outras jornadas serem um pouco mais conservadoras porque as equipas podem querer ter alguns corredores perto na geral para poder jogar tacticamente na última jornada. O que estou a dizer é que, até esse dia, é pouco provável vermos Kuss, Hindley ou Landa sacrificarem-se totalmente para os seus líderes. Em termos de força colectiva, julgo que a equipa mais bem estruturada é a Visma – Lease a Bike e devemos ver a equipa holandesa a assumir a responsabilidade, depois temos formações como a Bora ou a UAE que têm muitos trepadores, mas onde a hierarquia não é tão clara relativamente à ordem de trabalho, no entanto têm muitas opções. Ainda assim, não estou a ver nenhum bloco com capacidade de colocar a Visma em grandes dificuldades e isolar Vingegaard, pelo menos Kuss e a espaços Tulett devem sempre estar na frente.

Favoritos

Jonas Vingegaard – Parte como o maior candidato, principalmente depois do recital que deu no Gran Camino e no Tirreno-Adriatico, especialmente na prova italiana onde bateu com facilidade Ayuso e Hindley. O dinamarquês já aqueceu o motor e quer continuar a mostrar no jogo psicológico face a Tadej Pogacar que vai chegar em grande forma ao Tour e que está a preparar muito bem a dobradinha Tour-Vuelta. Tem toda a equipa ao seu dispor.




Remco Evenepoel – Acredito que o belga se apresente aqui ainda melhor do que no Paris-Nice, no duelo dos “tubarões” bateu Roglic em França, mas foi superado por Matteo Jorgenson na geral. Aquela última etapa foi impressionante e mais do que isso, parecia que estava a treinar e não tanto a tentar distanciar o norte-americano. Entretanto não há relatos de mais problemas físicos.

Outsiders

Primoz Roglic – O esloveno tem de começar a mostrar serviço, dando a benesse que o Paris-Nice foi a sua estreia em 2024 e faz parte da adaptação a uma nova realidade na Bora-Hansgrohe. Um grande ponto positivo para ele é que conhece muito bem esta prova e o terreno é bastante favorável, ele gosta de subidas com esta duração, foi o vencedor da Volta ao País Basco em 2018 e 2021.

Mattias Skjelmose – Não há alta montanha, há um contra-relógio individual ondulado e isto tudo vai de encontro às características do dinamarquês, que também terá nas clássicas das Ardenas, já ao virar da esquina, um grande objectivo. Skjelmose fez um excelente Paris-Nice e no ano passado estava apenas a 30 segundos de Vingegaard antes da última jornada.

Juan Ayuso – Com Brandon McNulty em ascensão, o jovem promissor espanhol tem aqui mais uma boa oportunidade de tentar aproximar-se do nível de Jonas Vingegaard e a correr em casa certamente a motivação é muita. A UAE Team Emirates tem de tentar colocar um bocadinho de pressão em Vingegaard mesmo vindo sem Pogacar, pode ser que o desgaste passe factura mais à frente.

Possíveis surpresas

Brandon McNulty – Mesmo com alguns percalços está a fazer a época mais consistente da carreira e não espera que se aguentasse tão bem na etapa final do Paris-Nice como o fez. Continua a ser algo instável, mas claramente deu um salto qualitativo este ano e tem ganho mais confiança, outro top 5 seria bastante bom.

Santiago Buitrago – O azarado do Paris-Nice, mas que mostrou umas pernas incríveis antes de ser forçado a abandonar, felizmente sem grandes consequências físicas. O colombiano da Bahrain é muito explosivo e adora subidas relativamente curtas e com muita inclinação, também deve estar a apontar para estar a 100% nesta fase da época.




Pello Bilbao – Um poço de regularidade que conhece estas estradas como poucos e que vai querer andar bem em casa, no entanto já mostrou que se estiver em pior condição do que Buitrago coloca-se à disposição.

Jai Hindley – 3º no Tirreno-Adriatico, é uma boa indicação para ele visto que até nem costuma andar muito bem nesta altura do ano. Vejo um Hindley um pouco mais à vontade nas subidas mais longas, no entanto pode ser jogado como uma carta táctica pela Bora para colocar pressão na Visma.

Mikel Landa – Realizou uma excelente Volta a Catalunha, sente-se bem neste papel de gregário de luxo para Evenepoel, que ao mesmo tempo tem as suas oportunidades porque isso lhe retira pressão de cima.

Sepp Kuss – Vai ser o último homem de trabalho e a alternativa a Vingegaard, estando obviamente longe de dar tantas garantias até pelo que se viu na Volta a Catalunha.

Archie Ryan – Não acho que Chaves e Uran estejam já com capacidade para seguir com os melhores, aposto mais neste jovem irlandês que a EF foi buscar à equipa de desenvolvimento da Visma. Vem em excelente forma da Settimana Coppi e Bartali e confirmar isso no G.P. Miguel Indurain.

Isaac del Toro – Já provou na Europa que o que aconteceu na Austrália não foi por acaso, o mexicano é mesmo um grande talento e numa corrida destas tem de ser mencionado não obstante preferir as subidas mais longas onde possa ir a ritmo.

Tao Hart – Entrou um bocado mais frio em 2024, veremos se já ganhou o ritmo necessário para estar ao seu nível nesta prova que até é do seu agrado. Parece-me que está aqui mais em função de Skjelmose e para aferir o seu nível.

Oscar Onley – Esteve fenomenal no Gran Premio Miguel Indurain e a equipa acredita muito no seu potencial, é uma aposta para os próximos anos principalmente em subidas mais explosivas como as que vamos ter aqui. A tenra idade pode levá-lo a que tente acompanhar os melhores e depois explodir e quebrar.

Carlos Rodriguez – Outro ciclista que prefere subidas mais longas e menos explosivas, está a preparar o Tour e acredito que se apresente a um nível superior ao do Paris-Nice, onde nem demos por ele. A Ineos-Grenadiers tem Thomas Pidcock como outra opção, julgo que o britânico não arrisque muito e esteja a pensar mais nas Ardenas.

David Gaudu – Teve um início de época muito complicado, nem se viu no Paris-Nice, foi recentemente 4º numa clássica francesa onde deu melhores indicações num terreno que não é o seu.

Felix Gall – Até parece estar em grande forma, é alguém que claramente prefere subir mais longos, não é explosivo, um top 10 já seria bom.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Steff Cras e Romain Gregoire

 

 

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