A preparação para os Campeonatos do Mundo prossegue e, na próxima semana, é tempo para o Benelux Tour, uma prova que, como indica o nome, passa por vários países. Conseguirá alguém parar Remco Evenepoel?

 

Percurso

Tendo em conta o perfil dos Campeonatos do Mundo, na teoria este Benelux Tour será a preparação perfeita para a corrida mais importante da parte final da temporada. O percurso é dentro dos moldes habituais para uma competição que regressa a um nome bem mais conhecido.



Etapa 1

A corrida começa com uma etapa completamente plana com final em Dokkum, uma jornada toda ela disputada ao nível do mar em que as bordures serão um perigo, como é habitual nesta parte do Mundo. Os ciclistas têm a oportunidade de passar pela meta 2 vezes antes do final.

Etapa 2

As primeiras diferenças serão feitas no contra-relógio individual de quase 11000 metros em Lelystad, é um traçado com longas rectas e algumas curvas apertadas, muito boa para os grandes motores. Haverá algumas diferenças, mas dificilmente mais de 30 segundos entre o melhor e o pior dos favoritos.

Etapa 3

Esta tirada é mais interessante, tem quase 170 kms e é maioritariamente plana, mas o final tem 2 pequenas colinas que mal se vão dar por ela, sendo sempre um grande factor de stress no pelotão. O último quilómetro é em ligeira subida, cerca de 2% e o facto do quilómetro de ouro estar dentro dos últimos 10 kms pode baralhar muitas contas.

Etapa 4

Mais uma chance para os sprinters e o final em Ardooie é sobejamente conhecida, venceram lá Jasper Philipsen em 2020, Sam Bennett em 2019 e Jasper Stuyven em 2018. O quilómetro de ouro está a 8,5 kms da meta.




Etapa 5

Como já é tradicional as dificuldades vão aumentando e a 5ª etapa é prova disso, ainda pode dar para alguns sprinters, mas apenas para aqueles que passam bem as colinas. As subidas mais longas e complicadas estão bem longe da meta, mas estamos atentos a uma sequência a cerca de 30 kms da meta. Os ciclistas vão ter o Keiberg (0,4 kms a 6,5%), o quilómetro de ouro 3 kms depois e mais 3 kms volvidos o Letenberg (0,3 kms a 7%). O ritmo aqui vai ser muito elevado e pode haver cortes. Até à meta vai haver mais 1 passagem por cada subida já referenciada e o final também é em ligeira subida.

Etapa 6

Hora para os especialistas em clássicas entrarem em acção, com uma mini Liege-Bastogne-Liege. Nos últimos 100 kms estão concentradas 11 subidas categorizadas, mais umas colinas que não entram para esta conta. Ao todo são mais de 3200 metros de acumulado. Há que destacar a mesma sequência, ultrapassada por 2 vezes, a primeira entre os 55 e os 39 kms para a meta, a segunda entre os 28 e os 12 kms para o final. A 2ª sequência tem no meio o quilómetro de ouro.

Cote Saint Roch – 1,4 kms a 8,7%

Cote Bois des Moines – 1,2 kms a 6,5%

Cote Achouffe – 0,8 kms a 6,8%

Cote Le Vieux – 0,6 kms a 3,4%




Etapa 7

Para a última jornada está reservado o espectáculo na Flandres, com um circuito final que inclui passagens pelo Bosberg (1,3 kms a 3,5%) e o Muur van Geraardsbergen (1,2 kms a 6,8%). É uma chegada que já viu momentos épicos no ciclismo.

O Bosberg será ultrapassado por 3 ocasiões e o Muur por 4 vezes, a última delas a coincidir com a meta. Ainda há a notar as 3 passagens pelo Denderoordstraat (0,7 kms a 5,3%). Todas estas colinas têm empedrado.

 

Táticas

Esta é uma corrida que se decide sempre ao segundo e, este ano, não deverá ser excepção. O contra-relógio individual marcará as primeiras diferenças no entanto, todos os dias, o Quilómetro Dourado será um pont de muito interesse, todos os anos vemos muitos ataques sempre à procura das importantes bonificações.

Ter mais que uma opção dentro da equipa também será importante para as últimas duas etapas. Nesses dias todos olharão para Remco Evenepoel, o belga chega em grande, estarão à espera de um ataque muito cedo que possa partir a corrida. Quem o conseguir seguir pode vencer a prova.

 

Favoritos

Tendo em conta o que se passou nas últimas semanas Remco Evenepoel terá de ser considerado um enorme candidato depois de triunfos autoritários na Volta a Dinamarca e em 2 clássicas belgas. O prodígio belga vai ganhar tempo a muitos rivais no contra-relógio e a 6ª etapa é mesmo à sua medida. No entanto não tem muita experiência competitiva no empedrado e tecnicamente tem muito para melhorar.



Matej Mohoric está num estado de forma em que parece ser capaz de fazer de tudo. Venceu 2 etapas no Tour, fez 2º em San Sebastian e na Polónia. Defende-se no contra-relógio e o seu estilo de correr, bastante ofensivo, costuma trazer bons resultados a este tipo de corridas.

 

Outsiders

A Quick-Step é das equipas com 2 opções muito fortes, o que ajudará muito na parte táctica. Kasper Asgreen não tem dado grandes sinais ultimamente, mas este traçado é perfeito para o vencedor do Tour de Flandres. É bom contra-relogista, a etapa com mais de 3000 metros de desnível não é complicada demais para ele e é um exímio rolador.

Uma das grandes incógnitas desta corrida é, sem dúvida, Tom Dumoulin. Saiu dos Jogos Olímpicos com confiança reforçada, mas desde aí não competiu. Se estiver perto do seu melhor tem tudo para estar no pódio. É bom no contra-relógio, aguenta bem nas montanhas e é relativamente explosivo quando necessário.

O final do Tour deu excelentes indicações sobre o estado de forma de Marc Hirschi, a grande revelação de 2020. Agora na UAE Team Emirates o suíço parece aproximar-se da melhor forma, uma forma que o levou a discutir Monumentos e vencer corridas importantes. Na última clássica que disputou estava no grupo da frente quando aconteceu um engano no caminho.

 

Possíveis surpresas

Em termos de histórico temos de referir o nome de Tim Wellens, que não tem estado em grande forma, o 6º posto na Polónia foi relativamente promissor. O ciclista da Lotto-Soudal venceu em 2014 e 2015, fez 2º em 2017 e 3º em 2018 e 2019, um registo imaculado. Este tipo de corridas costuma despertar o melhor de Oliver Naesen e de Greg van Avermaet e ambos precisam de um bom resultado, bem como a Ag2r. Naesen já foi 2º aqui em 2016 e 2019, Avermaet esteve sempre entre os 6 primeiros entre 2014 e 2019. Ambos tentarão aguentar na 6ª etapa. É também essa etapa que nos levanta dúvidas sobre Mads Pedersen, que tem estado deveras impressionante nas últimas semanas, consideramos que essa tirada é no limite para o dinamarquês, que de resto estará bem à vontade. Peter Sagan regressa aqui à competição e procura ganhar ritmo para os Europeus e Mundiais, não estará na sua melhor forma. A DSM recuperou alguma confiança com os resultados na Vuelta, tanto Soren Kragh Andersen como Tiesj Benoot gostarão do traçado. Jakob Fuglsang tem alguma experiência em clássicas da Flandres e a Astana será das maiores interessadas em endurecer a 6ª etapa, é a única chance de Fuglsang fazer top 5. Na Ineos provavelmente o líder deve ser Gianni Moscon. Ciclistas como Gianni Vermeesch, Mike Teunissen e Christophe Laporte prefeririam que a 6ª etapa não tivesse mais de 2500 metros de acumulado.




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Os nossos Super-Jokers são Wilco Kelderman e Ivan Garcia Cortina.

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