Está aí a antecâmara do Tour! O Criterium du Dauphine vai receber muitas das figuras quem em França estarão em estradas francesas numa prova que promete.



 

Percurso

O Criterium du Dauphine começa certamente com um teste interessante, não é uma etapa de montanha, nem uma etapa plana, vários cenários são possíveis, os organizadores compactaram 2500 metros de acumulado em 142 kms. Muito cedo na jornada há o Puy Mary (11,1 kms a 5,9%), isto deve permitir que uma fuga muito forte se forme.

De todas as outras subidas destacamos o Cote de Roquenatou, que está a 18 kms do final e tem 3700 metros a 6,7%, será a última oportunidade de fazer diferenças antes da meta e a derradeira chance de deixar alguns dos sprinters para trás.

Nem por isso o dia seguinte é mais fácil, mais de 3000 metros de acumulado e os primeiros 70 kms parecem uma autêntica montanha russa, com 5 contagens de montanha ao todo. Depois de uma fase mais calma a parte final tem o Cote de la Baraque (5,2 kms a 4,1%), o Cote de la Barbatte (6,1 kms a 6,7%) e por fim o Cote de Saint Victor sur Arlanc, com 3200 metros a 8,9%, uma subida verdadeiramente dura e muito constante. Uma jornada muito complicada de controlar com tanta montanha e teremos uma fuga a vingar ou então o jogo táctico da geral a começar com as equipas com mais unidades perigosas a aproveitarem-se desse facto.

Finalmente os sprinters podem esfregar as mãos, têm um dia perfeito para as suas características, as 4 contagens de 4ª categoria não servirão de impedimento de um sprint em pelotão compacto. O último quilómetro é num ligeiro falso plano com cerca de 1%.

O tradicional contrarrelógio individual surge à 4ª etapa, 26 kms com final em Roanne, que se assemelham aos contrarrelógios do Giro, pensando na sua dureza. A meio há uma subida com 2,3 kms a 7%, tendo o quilómetro final mais de 9%.





Antes da entrada na verdadeira alta montanha os sprinters ainda podem ter aqui uma última oportunidade, numa longa ligação de 200 kms. Com um miolo acidentado o final em Voiron é relativamente fácil para o global da tirada. O quilómetro final apresenta uma inclinação de cerca de 2%, e há ciclistas que se adaptam melhor a estes finais que exigem muita potência.

Com 8 contagens de montanha (apesar de nenhuma delas ser de primeira categoria) aqui começa o real teste na montanha, principalmente porque depois de 230 kms haverá certamente muita gente fatigada. O Col de Beaune será certamente decisivo, depois dele só resta a descida para a meta. A subida tem 8200 metros a 6% e é muito regular, será importante ter uma boa equipa para possíveis perseguições.

A organização conseguiu encaixar 4 contagens de montanha de 1ª categoria ou superior em 132 kms, tem tudo para ser espectacular. Primeiro surge o Col de l’Épine (7,7 kms a 7,3%), depois o Col du Granier (15,8 kms a 5,5%) e antes da chegada em alto ainda há o Col de Marcieu (10,2 kms a 6%). Entre todas as subidas não há muito espaço, 5 a 10 kms no máximo. Por fim temos um monstro, a Les Sept Laux-Pipay tem 18800 metros a 6,9%, muito longo, muito duro e com um miolo bem complicado, com 2 kms acima dos 9%.

Para finalizar temos mais uma etapa bem curta, 114 kms em que os primeiros 20 kms é quase sempre em subida, que raramente ultrapassa os 6%. Depois de 20 kms em ligeira descida o Col du Corbier, com 7,7 kms a 7,4% pode ser o palco dos primeiros ataques entre os favoritos. Caso não aconteça aí provavelmente só no Cote des Rives, a 13 kms da meta, são 8400 metros a 6,2%. O final em Champery é muito irregular, totaliza cerca de 6 kms a 5%.

 

Táticas

Um Criterium du Dauphine bastante duro, com o fim-de-semana a ter duas chegadas em alto que podem definir a classificação geral. No entanto, acreditamos que o contra-relógio será fundamental para quem estiver com aspirações à vitória final uma vez que em 26 quilómetros pode-se ganhar e perder muito tempo.

 

Favoritos

Faz já muito tempo que Chris Froome não ganha uma prova por etapas sem ser uma Grande Volta e esta é, talvez, a melhor altura para o fazer, de forma a marcar posição em direção ao Tour. Já com 3 vitórias nesta corrida, Froome tem tido mais um ano bastante discreto. Não precisa de estar a 100% para vencer pois se agarrar a amarela no contra-relógio a Team INEOS tem uma forte equipa para controlar a corrida.



Jakob Fuglsang tem tido um ano de 2019 memorável. Fez uma pausa após uma fantástica semana das Ardenas, apontando, agora, baterias ao Tour. Tem melhorado bastante no contra-relógio e na Astana tem uma equipa que não tem medo de assumir a corrida e dizimar o pelotão. Vai tentar repetir o triunfo de 2017.

 

Outsiders

Adam Yates é mais um ciclista que regressa após uma pausa. Mais um ano onde pauta pela tremenda regularidade, o britânico é um daqueles ciclistas que não tem medo de atacar e vai, com toda a certeza, fazê-lo nas últimas etapas pois deve perder algum tempo no contra-relógio. Um perigo à solta!

Poucas têm sido as provas que Thibaut Pinot tem feito com os galos do pelotão internacional, pois tem preferido correr em França, onde tem conseguido bons resultados. Razoável no contra-relógio, Pinot quererá ganhar um boost de confiança em direção ao Tour.

Richie Porte é um especialista de provas de uma semana no entanto este ano tem sido para esquecer para o tasmaniano. Doenças, lesões, peripécias nos estágios fizeram Porte chegar ao Dauphine sem ter ganho uma única prova. Deixou boas indicações na Califórnia e só é de esperar estar ainda melhor. Será dos melhores no contra-relógio e, na montanha, sabe-se da qualidade do ciclista da Trek-Segafredo.



 

Possíveis surpresas

Nairo Quintana prepara novo assalto ao Tour, num regresso ao Dauphine, algo que já não acontece há várias temporadas. Uma temporada bastante regular, onde o colombiano pretende uma vitória que o motive para a Grande Boucle. Emanuel Buchmann está a ser uma das confirmações da temporada, sempre presente na frente, muito regular e com vitórias, algo que não acontecia noutras épocas. Ainda não é um grande nome, pelo que pode ter alguma liberdade. Steven Kruijswijk é mais um incrível poço de regularidade, ele que evoluiu para um novo patamar e está agora, cada vez mais perto, de uma vitória importante. Dan Martin, Romain Bardet, Michael Woods e David Gaudu são nomes a ter em conta na montanha mas perderão bastante tempo no contra-relógio pelo que será muito difícil vê-los a ganhar o Dauphine.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Tom Dumoulin e Jack Haig.



 

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