peloton in action CORMORANCHE SUR SAONE/SALINS LES BAINS

O World Tour está de volta com o aquecimento primordial para a Volta a França, o Criterium du Dauphiné! Primoz Roglic e Remco Evenepoel regressam à competição e têm pela frente forte concorrência. Quem sairá a sorrir?

 

Percurso

Etapa 1

Previsível final ao sprint neste início de Criterium du Dauphine, um início com algumas colinas que vai proporcionar uma luta pela classificação da montanha, depois o terreno acalma um pouco e os ciclistas vão passar uma primeira vez pela linha de meta, num final que é algo perigoso, em ligeira descida.



Etapa 2

A montanha não demora muito a aparecer, tecnicamente este não é um final em alto, na prática é isso que se trata. Vai ser curioso ver quem controla as operações, porque a equipa do líder não deverá ter ambições porque no dia anterior ganhou um sprint e o final não é duro o suficiente para fazer grandes diferenças na geral, a fuga até pode ter as suas chances. O terreno não é excessivamente complicado até aos 30 kms finais e a dureza começa com 7,4 kms a 5,7%.

Diria que esta subida não fará muitos estragos, apenas uma selecção do pelotão porque mal tem rampas acima dos 7%. Depois há uma parte plana com cerca de 6 kms e começa a subida até à meta. Na prática são 11 kms a 3,6% em que os primeiros 3200 metros são a 5,8%, essa parte sim é categorizada, depois é em falso plano até à meta. O cenário mais provável é um sprint em subida, tendo em conta que não há Pogacar vários ciclistas podem achar que têm chances de ganhar.

 

Etapa 3

Uma jornada de média montanha, que até é parecida com a anterior, desta vez vai haver mais ciclistas longe na geral, o que leva com que a escapada inicial tenha mais chances neste dia com cerca de 2800 metros de acumulado. Do quilómetro 120 até ao final são 60 quilómetros com sobe e desce constante, mais a subir do que a descer. As colinas nunca são incrivelmente duras, com médias a rondar os 5%, tal como a parte final, em Les Estables. São 3800 metros a 4,9% em que o mais duro está nos primeiros 1000 metros, a quase 6%. Diria que em termos de probabilidades está 50% para fuga e 50% para sprint entre os que aguentarem o ritmo.

 

Etapa 4

Contra-relógio individual de 34 quilómetros. Em condições normais era palco de grandes diferenças, no entanto todas as colinas do traçado (2,5 kms a 3,6%, 2,3 kms a 3,1% e 0,5 kms a 5,5%) vão servir para os puros trepadores se conseguirem defender melhor face aos puros especialistas, vai ser muito importante gerir as forças.

 

Etapa 5

Última oportunidade para os sprinters, mas as equipas dos mesmos vão ter muito trabalhinho a controlar esta etapa com 2300 metros de acumulado e 165 quilómetros. A última colina está a 22 kms da meta, o que ainda dá tempo para recuperar, mas mesmo essa subida tem somente 1800 metros a 5,1%, os últimos 15 kms são planos.

 

Etapa 6

Começa a habitual sequência final de montanha do Dauphiné com um final no Collet d’Allevard, uma montanha que não é para um qualquer, são 11200 metros a 8,5%. Só o quilómetro inicial da subida é abaixo dos 5%, o segundo quilómetro é logo acima dos 10% e a partir daí é sempre acima dos 7%. Muito cuidado com os metros finais, quem quebre aí vai ter muitos problemas.



Etapa 7

Jornada complicadíssima, menos de 160 quilómetros e 3 contagens de 1ª categoria com um final em categoria extra, totalizando 4300 metros de acumulado. O início da etapa não é nada fácil e pode originar situações perigosas para a classificação geral, com 33 quilómetros quase sempre a subir, vai ser preciso aquecer bem antes do tiro de partida.

A subida final é tão dura que não acho que vá haver grandes movimentações no Col de la Ramaz (14 kms a 7%), também porque está a quase 40 kms da meta. O Samoens 1600, coincidente com o final de etapa, tem 9,9 kms a 9% de inclinação média e tem um miolo super duro, com 2000 metros a 11,5%, mesmo propício a que haja ataques da geral, mesmo sem grandes acelerações pode haver grandes diferenças.

 

Etapa 8

Mais um início de tirada muito complicado, com 7 kms a 7% logo na fase inicial, seguido por 4,6 kms a 5% e 6,3 kms a 4,6%, a partir daí acalma um pouco. Creio que a subida de Le Saleve (12,2 kms a 6,8%) está demasiado longe do final e existe um planalto complicado entre subidas, o que vai inibir um pouco os ataques, o mais provável é que fica quase tudo guardado para o Col des Glieres, uma montanha que engana bastante. São 9,3 kms a 7,3% de média, uma média que esconde o facto dos 2300 metros finais serem praticamente planos, também porque o segundo quilómetro de ascensão tem logo 14% e é aí que provavelmente os ataques mais decisivos devem aparecer.

 

Táticas

Apesar dos primeiros dias terem “chegadas em alto”, a corrida deve começar a decidir-se no contra-relógio. Um esforço muito longo que irá causar diferenças importantes que os trepadores irão querer recuperar nas 3 verdadeiras etapas de montanha que vão encerrar a competição. Portanto, quem quiser vencer o Dauphine deste ano terá de ser um excelente trepador mas também defender-se muito bem no contra-relógio.

Algo importante é ter mais que uma opção dentro da mesma equipa, principalmente depois do contra-relógio. Um ciclista poderá ficar resguardado e outro ser usado para atacar de longe e desgastar as equipas rivais. Olhando para isso,a BORA-hansgrohe tem o grande bloco com Primoz Roglic, Aleksandr Vlasov e Jai Hindley. Em teoria, Remco Evenepoel e Mikel Landa formam uma dupla perigosa, tudo vai depender de como está o belga. Antonio Tiberi e Santiago Buitrago, Matteo Jorgenson e Sepp Kuss, são outras duplas perigosas, a corrida pode ser muito atacada. A chave estará no contra-relógio da etapa 4.

 

Favoritos

Já não vemos Primoz Roglic em competição desde a queda na Volta a Catalunha, mas o esloveno apenas esteve afastado por precaução, foi o que menos lesões teve. O esloveno aponta, agora, ao Tour de France, o seu grande objetivo do ano. Vencer aqui seria um grande boost de confiança para Roglic, uma prova onde já triunfou em 2022. Tem um dos melhores blocos ao seu dispor, será importante conseguir uma boa vantagem no contra-relógio.



Juan Ayuso regressa à competição de olhos postos no Tour. Vencedor na Catalunha, 2º no Tirreno-Adriático e 5º no Tour de Romandie, o jovem espanhol tem um registo muito bom em provas de uma semana. É um ciclista que ainda tem de melhorar a sua consistência, quando menos se espera pode quebrar, algo que acreditamos que não vai acontecer, o Tour está perto. Tem feito grandes exibições no contra-relógio, será fundamental para na montanha fechar a geral.

 

Outsiders

Carlos Rodriguez vem de menos a mais na temporada. O espanhol chega de vencer o Tour de Romandie de uma forma extraordinária, com uma grande recuperação. Dos nomes já referidos é aquele que pode ter mais dificuldades no contra-relógio mas já vimos que o espanhol se consegue defender. Na montanha será dos melhores, se estiver forte será complicado de superar.

Qual é o estado físico de Remco Evenepoel? O campeão belga afirma que vem aqui para se testar depois da grave queda na Catalunha, sem pensar na geral, no entanto pode ser tudo bluff. Evenepoel é um animal competitivo, será dos favoritos para o contra-relógio e se, até lá não perder tempo e se se vir na frente é porque está forte e pronto para a luta. É, também, um teste importante para o Tour.

Falámos, anteriormente, do jogo tático, e é aí que entra Aleksandr Vlasov. Foi dessa forma que o russo foi 5º no Paris-Nice, atacando na parte final, ele que tem sido um dos ciclistas mais regulares: 4º na Catalunha e 2º na Romandia. Não será o líder da equipa mas deverá ser um ciclista protegido nos primeiros dias e depois será a estrada a decidir. Vlasov sabe que é uma prova importante para definir o estatuto para o Tour.




Possíveis surpresas

O que dissemos de Vlasov, também podemos referir do seu companheiro de equipa Jai Hindley. O australiano pode ser uma verdadeira caixinha de surpresas, nem sempre anda bem fora das Grandes Voltas, pode aparecer quando menos se espera e conseguir uma grande vitória. A Visma|Lease a Bike vem com uma equipa “alternativa”, onde Matteo Jorgenson e Sepp Kuss são as apostas. Jorgenson regressa após a temporada de clássicas e terá o contra-relógio a seu favor, ao contrário de Kuss que tem tido uma temporada muito fraca para a sua qualidade, tem de acordar.

Será que Antonio Tiberi ainda tem combustível no seu depósito? O ciclista italiano acabou o Giro muito forte, em crescendo, e quer aproveitar o momento de forma para mais uma grande resultado. A concorrência aqui é mais forte mas pode acontecer, ainda para mais numa Bahrain-Victorious que também tem Santiago Buitrago, um corredor perfeito para provas de uma semana. A Lidl-Trek aposta em Tao Geoghegan Hart e Giulio Ciccone, dois ciclistas que têm tido temporadas marcadas por lesões. O britânico está mais avançado, foi 9º no recente Tour de Romandie, deverá estar melhor em direção ao Tour. Já Ciccone vai querer ganhar ritmo competitivo. Pavel Sivakov, Mikel Landa e Ilan Van Wilder podem ser alternativas dentro das suas equipas, corredores a atacar de longe, tal como já referimos. Por fim, mencionar Chris Harper, David Gaudu e Guillaume Martin para um possível top-10 final

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Clement Berthet e Marc Soler.



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