Amanhã vai para a estrada a 4ª edição do Grande Prémio Internacional das Beiras e Serra da Estrela, uma prova que irá passar pelo ponto mais alto de Portugal Continental e conta 3 equipas do escalão Profissional Continental.
Percurso
A 4ª edição do Grande Prémio Internacional das Beiras e Serra da Estrela começa com uma ligação relativamente simples entre Vilar Formoso e Pinhel, será a primeira vez que Pinhel acolhe uma chegada desta prova. Menos de 2000 metros de desnível deverá permitir aos puncheurs discutir um final em que os últimos 1900 metros têm 3,6%. Será no limite para alguns dos sprinters que gostam de finais em ligeira subida, como Oscar Pelegri ou Francisco Campos. Vicente de Mateos e August Jensen serão os nomes mais consensuais.
As dificuldades vão aumentando progressivamente na corrida, tal como indicam os 198 quilómetros entre Manteigas e o Fundão. Depois de uma parte inicial com algumas dificuldades, o que poderá permitir a formação de uma fuga grande, o terreno volta a empinar nos últimos 30 kms, que deverão ser muito tácticos. A 27 kms da meta há 3,4 kms a 5,3% e já dentro dos 20 kms finais 3,3 kms a 4,5%. O quilómetro final volta a ter alguma inclinação.
Passemos então à etapa rainha, os 173 quilómetros entre Celorico da Beira e a Covilhã, com a passagem no Alto da Torre como grande atractivo. A ascensão é feita pela vertente de Seia, que tem um miolo muito complicado, com mais de 5 kms a 8%, totalizando assim 30800 metros a 5,1% de inclinação média. A questão é que o alto está a cerca de 80 kms da meta e pode permitir recuperações. Os 20 kms finais voltam a ser complicados, com 2 colinas de 1,5 kms a 5,9% e 1,3 kms a 4,3%, mesmo antes da subida para a Covilhã, que tem 3200 metros a 5,3%, coincidindo com a meta.
Tácticas
A etapa com mais potencial para fazer diferenças é claramente a etapa da Torre, se a ascensão ao ponto mais alto de Portugal Continental for feita a alta velocidade aí serão perdidos minutos, muitos minutos, que depois já não serão recuperáveis para muita gente. Ainda assim, a corrida pode decidir-se na táctica, durante a 2ª etapa, uma jornada muito complicada de controlar e onde as formações com mais opções podem jogar as suas cartas, enquanto outras estarão mais na defensiva.
Há aqui um detalhe importante. A Efapel tem um grande historial nesta prova, ganhou 3 das 3 edições, e terá por isso mais responsabilidade. Não só mais responsabilidade como certamente elegeu este como um dos objectivos da temporada. No ano passado um grupo de 30 elementos passou na frente no Alto da Torre, mas este também estava a 110 kms e não a 80 kms da meta
Favoritos
Brandon McNulty chega aqui em grande forma, depois de ter ganho de forma autoritária no Giro di Sicilia. A Rally Cycling está motivadíssima para levar este jovem talento ao triunfo e para além disso McNulty conhece muito bem esta competição, já foi aqui 5º no ano passado. O norte-americano é explosivo e como provou na Sicilia consegue lidar com subidas longas (teve de sobreviver ao Etna).
Joni Brandão procura aqui repetir a vitória de 2016, na altura bateu Sergio Pardilla e Edgar Pinto. O ciclista português costuma já estar em boa forma nesta altura do ano e este percurso com muita montanha é excelente para as características dele. A Efapel tem aqui uma equipa muito boa para o apoiar.
Outsiders
João Benta tem um bom historial nesta corrida, 9º em 2016, 6º em 2017, em 2018 tentou ajudar ao máximo Domingos Gonçalves. É um corredor algo explosivo e quase certamente estará num possível grupo selecto que passa a Torre na frente. Um puro trepador numa equipa que está a andar bem neste início de 2019.
Frederico Figueiredo é dos puros trepadores do pelotão nacional, este traçado assenta-lhe que nem uma luva. Chega aqui com uma boa preparação, pelo primeiro ano estabeleceu a Volta ao Algarve como objectivo e fez top 15 na Fóia e no Malhão. Um enorme talento que foi top 15 nos Mundiais sub-23 e que procura em 2019 a afirmação definitiva.
Vicente Garcia de Mateos mostrou com o 10º lugar na Volta ao Alentejo que já está a crescer em termos de rendimento. O espanhol do Alivudo-Louletano é muito explosivo e por isso ter tudo para somar algumas bonificações que no final de contas se podem mostrar decisivas para um possível triunfo final.
Possíveis surpresas
Com João Rodrigues e Raul Alarcon a encabeçarem a equipa para a Volta a Turquia, as principais opções da W52/ FC Porto nesta corrida deverão ser Joaquim Silva e António Carvalho, sendo que destes 2 nomes parece ser Joaquim Silva aquele que tem a preparação mais adiantada. Caso a passagem pela Torre não seja muito atacada é preciso ter muito cuidado com August Jensen, o norueguês tem o perfil certo para as chegadas das etapas 1 e 2. As equipas quase têm todas mais do que 1 opção, e até dentro de equipas cujos líderes já mencionámos, casos de José Mendes, David Rodrigues, Daniel Silva, Henrique Casimiro, Alejandro Marque e Luis Fernandes, veremos também se Tiago Machado já se apresenta numa condição física melhor. Danilo Celano e Antonio Santoro são 2 nomes que podem andar muito bem ou muito mal, Santoro por exemplo foi 5º no Sibiu Tour em 2018. Cuidado ainda com Alexander Vdovin, o russo fez top 10 na Volta ao Alentejo e no G.P. Miguel Indurain e pode repetir a façanha, e com Jesus del Pino, vencedor de 2018, que estará aqui em representação da Vito-Feirense-PNB.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: João Barbosa e Hugo Sancho.