Aí está o último Monumento do ano, o mítico Giro di Lombardia! Tadej Pogacar parte como o grande favorito mas não faltam ciclistas de olho num pódio.

 

Percurso

Devido a deslizamentos de terras e estrada danificada o traçado teve de ser ligeiramente alterado, ainda assim mantêm-se muitos dos principais pontos de interesse. A corrida. A maior parte dos 4700 metros de desnível surgem na primeira metade da corrida, ainda que provavelmente sejam subidas que não tenham um grande impacto. O ritmo da corrida deve aumentar muito no Sella di Onigo (5,1 kms a 5,5%) e na Madonna del Ghisallo (8,1 kms a 3,7%) e consequentemente na Colma di Sormano (13,1 kms a 6,5%). Esta é uma subida emblemática, com imensas curvas nos primeiros quilómetros e uns 1600 metros acima dos 8%, bastante duros.

Segue-se uma descida de 12 quilómetros, algumas pequenas colinas e uma dificuldade final com 2800 metros a 6,7% de inclinação média. Os 5 quilómetros finais são em descida até Como, não vai dar tempo para recuperações.

Tácticas

Tadej Pogacar veio alterar bastante a forma como se corre no pelotão internacional e a forma como as equipas encaram tacticamente as provas. Depois do que aconteceu nos Mundiais e até no Giro dell’Emilia não parece que o esloveno esteja a acusar sinais de cansaço, as vitórias moralizam e a camisola de campeão do Mundo também parece estar a dar asas. Portanto a grande questão relativamente às outras equipas é como encaram esta corrida, se arriscam e hipotecam eventualmente uma chance de pódio ou se admitem derrota à partida e trabalham a pensar num lugar de pódio.




O grande problema é que tentar antecipar o movimento da UAE vai ser quase impossível, com o bloco que eles trazem, nomes como Sivakov, Christen ou Fisher-Black são meros gregários e noutras formações poderiam ter outras funções. Eu diria que a UAE e Pogacar vão ser razoáveis e inteligentes na gestão da corrida e vão fazer de tudo para que o esloveno resolva a corrida no Colma di Sormano, depois até podemos ver o resto da equipa a gerir esforço e perturbar a perseguição, Marc Hirschi por exemplo.

Favoritos

Tadej Pogacar – Nesta altura parece um ciclista imbatível a menos que tenha um dia muito mau ou alguma queda/problema mecânico. O que fez no Campeonato do Mundo foi surreal e depois no Giro dell’Emilia não correu riscos e espalhou classe, atacando logo na primeira volta. O esloveno quer muito esta vitória, para adicionar mais um Monumento ao palmarés e para continuar a senda vitoriosa após o triunfo nos Mundiais.

David Gaudu – É um risco muito grande, mas considero que o francês tem sido algo esquecido nos últimos tempos principalmente porque não esteve em destaque nuns Mundiais com pouca montanha a sério e depois no Giro dell’Emilia desistiu como grande parte do pelotão. Terminou a Vuelta em grande forma, fez uma boa Volta ao Luxemburgo e a última vez que fez isto viria a ser 7º no Giro di Lombardia.

 

Outsiders

Enric Mas – A época estava a ser muito má até chegar à Vuelta onde realizou uma boa exibição como é seu apanágio. Confirmou que manteve a boa forma ao ser 8º nos Mundiais e no Giro dell’Emilia e no último final em Como, apesar de um traçado diferente, só perdeu ao sprint para Tadej Pogacar.

Remco Evenepoel – Ele próprio admite que já está a sentir algum cansaço deste final de temporada, mas também diz que ainda sente forças para um último bom resultado. Não fez uns Mundiais assim tão maus e não devemos ler demais do seu abandono do Giro Dell’Emilia, foi por factores externos e naquelas condições é normal retirar-se depois de ver que não tinha chances de ganhar.




Marc Hirschi – O suíço tem realizado um belíssimo final de época, repleto de vitórias e é muito provável que também seja protegido ao longo da prova para ser uma alternativa a Tadej Pogacar caso aconteça alguma coisa. Tem uma boa ponta final e com um grupo perseguidor onde se pode esconder e tem desculpa para não colaborar pode colocar 2 elementos da UAE no pódio.

 

Possíveis surpresas

Antonio Tiberi – O italiano apareceu em grande na Volta ao Luxemburgo, depois apagou-se um pouco, é alguém que se adapta bem a estas corridas e às clássicas e que deu um passo em frente este ano.

Matteo Jorgenson – Foi o que mais perto esteve de seguir Pogacar no Giro dell’Emilia, depois pagou o esforço nas últimas passagens. É um corredor muito inteligente e que aprende com os erros, acredito que não fará o mesmo, o problema é que depois num grupo restrito não tem uma grande ponta final.

Davide Piganzoli – Foi a grande surpresa do Giro dell’Emilia e quer demonstrar isso agora noutro nível, está a subir muito bem e é daqueles que não tem responsabilidade de perseguir, tem o top 10 como objectivo.

Romain Bardet – O francês está na fase final da carreira, mas não é menos perigoso por isso, ainda este ano no Tour deixou a sua marca ao ganhar 1 etapa. É alguém que gosta muito de correr com condições adversas, não tem medo de atacar de longe e desce muito bem.

Neilson Powless – O norte-americano recuperou sensações neste final de época depois de uma primeira metade repleta de problemas, foi 6º em San Sebastian, 8º no Quebec, 4º na Coppa Bernocchi e ganhou em Gran Piemonte com uma grande corrida, veremos o que consegue fazer, ele gosta de corrida longas.

Lennert van Eetvelt – Um enorme talento que ainda é muito irregular, também fruto da sua juventude. Foi 11º na Strade Bianche e 3º em San Sebastian, iniciou a Vuelta muito bem antes de adoecer e abandonar, a sua condição física é uma incógnita.

Toms Skujins – Outro ciclista que quanto mais dura a corrida for em termos de velocidade e condições climatéricas melhor se costuma dar, para além disso adora estas corridas grandes, parece que se transcende.




Aleksandr Vlasov – O russo não tem dado grandes indicações, no entanto o seu histórico diz que anda bem nesta corrida, foi 3º em 2020 e 4º em 2023, será um dos homens protegidos dentro da estrutura alemã.

Roger Adriá – O espanhol teve uma progressão apreciável nesta temporada e agora tem tido ainda mais oportunidades dentro da Bora-Hansgrohe devido a isso. Só para se ter uma noção somou quase 600 pontos UCI desde o final da Vuelta, onde foi importante para o triunfo de Roglic.

Simon Yates – Está de saída da Jayco e vai querer despedir-se com um bom resultado antes de ir para a Visma, o top 5 obtido no Giro dell’Emilia é uma boa indicação porque em condições normais o britânico abandonaria uma corrida dessas.

Eddie Dunbar – O irlandês terminou a Vuelta em grande, desde aí que tem andado um pouco desaparecido, mas acredito que vai apresentar-se a bom nível aqui e o estilo de subidas é bom para ele.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Bauke Mollema e Florian Lipowitz

 

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