Nunca a prova de abertura do calendário francês foi tão aguardada! Num início de ano marcado muitos adiamentos, a clássica gaulesa vai para a estrada com um pelotão muito bem composto na luta pelo primeiro triunfo de 2021.
Percurso
Como o nome indica, o Grand Prix La Marseillaise começa e termina na cidade de Marselha, após 171 kms. Desenganem-se que para começar a temporada o percurso é fácil, é bastante rompe pernas, com muitas subidas, não muito longas mas que perfazem 2800 metros de desnível acumulado positivo.
Os primeiros 130 kms têm cinco colinas que servirão para testar as pernas dos ciclistas nos primeiros quilómetros oficiais da nova época. A cerca de 40 kms do fim surgem 3000 metros a 5,5% e logo de seguida aparece a Route des Cretes (3,8 kms a 7.9%). Esta é a subida mais dura do dia, capaz de fazer uma maior seleção entre os candidatos, com os primeiros 3 kms entre os 8-9%.
Ficam a faltar 28 quilómetros e apenas uma dificuldade, o Col de la Gineste (7,2 kms a 3.1%), subida essa que começa a 17,7 kms do fim. Quem quiser atacar terá que o fazer nos 2 primeiros quilómetros onde as rampas são a uma média mais alta (5,9%). Não é a subida mais dura, mas com um dia longo em cima da bicicleta pode dificultar a vida a muitos corredores.
No topo do Col de la Gineste ficam a faltar 10 kms para o final, distância que se faz muito rapidamente uma vez que é praticamente sempre em descida até ao final. Descida essa que é pedalável e onde o único obstáculo é uma rotunda à beira do derradeiro quilómetro. A reta da meta é longo e bastante larga, estando situada ao lado do Stade Velodrome.
Táticas
As últimas 5 edições viram pequenos grupos (entre 2 e 8 ciclistas) chegarem adiantados em relação ao pelotão o que demonstra que é possível evitar uma chegada em grande grupo. A maioria das equipas trazem, para além de uma opção para o sprint, ciclistas capazes de atacar e longe de dificultar a vida aos homens rápidos.
Estamos no início de temporada, pelo que é complicado adivinhar a forma física dos corredores. O que sabemos é que as condições meteorológicas poderão favorecer uma chegada num grupo mais alargado pois estará vento frontal nas subidas finais.
Favoritos
Chegou o momento da estreia de Matteo Trentin! O italiano estará, pela primeira vez, com o uniforme da UAE Team Emirates, uma equipa que acredita muito em si nesta corrida, basta ver o apoio que traz com Ryan Gibbons, Rui Oliveira e Alexandr Riabushenko a serem ciclistas essenciais para a parte final. O transalpino adora este tipo de provas, duras e longas, e passa bem este tipo de dificuldades.
John Degenkolb teve um final de ano de 2020 muito bom, recordando os bons momentos de outrora. O alemão parece ter-se reencontrado na Lotto Soudal e é mais um corredor habituado a distâncias longas e dias complicados. Terá o apoio de corredores experientes como Gilbert e Wellens.
Outsiders
Esta é uma corrida importante para as equipas francesas e para a Cofidis não é exceção. Para uma chegada em grupo, Christophe Laporte é a aposta. O gaulês é bastante completo e tem por hábito abrir bem as suas campanhas. Não é muito ganhador mas “tantas vezes o jarro vai à fonte que um dia tem que partir”.
Bryan Coquard tem por hábito começar bem as épocas e, quase sempre, em solo francês e com vitórias. Nos últimos anos tem perdido alguma capacidade de conseguir passar as dificuldades mas em 2020 conseguiu algumas boas exibições. Se estiver em dia “sim”, é um perigo, veremos como se consegue posicionar numa equipa onde o apoio poderá não ser o melhor.
Se há ciclista capaz de evitar uma chegada ao sprint é Tim Wellens. O belga é um corredor que costuma começar as temporadas a todo o gás (basta ver os seus resultados no Challenge Maiorca), e tem aqui o tipo de subida ideal para si, não muito longa nem íngreme. O combativo da Lotto Soudal tem pilhas que nunca mais acaba e tentará de todas as formas, ele que em grupos restritos também é rápido.
Possíveis surpresas
Amaury Capiot é dos poucos que já tem um dia de competição, foi 3º em Valência no passado domingo. Bom corredor de clássicas, não fosse ele belga, quererá continuar com os bons resultados. Edvald Boasson Hagen e, principalmente, Andrea Pasqualon são apostas sólidas para os primeiros lugares (em qualquer dos cenários é provável estarem na frente), dois corredores que num dia bom podem lutar pela vitória. Muita atenção aos jovens Stefan Bisseger e Jake Stewart, dois ciclistas que deram nas vistas no final da temporada passada com uma série de bons resultados. Como já referimos, há muitos puncheurs que querem evitar uma chegada ao sprint. Anthony Turgis já aqui venceu em 2019, quererá repetir o feito e, também, continuar a boa senda de resultados após um fim de 2020 muito positivo. Típico puncheur francês com boa ponta final. A AG2R Citroen tem Lilian Calmejane, Tony Gallopin e Alexis Vuillermoz três corredores perfeitos para este percurso. Destacamos, ainda, Jonathan Hivert, Anthony Perez, Jesus Herrada e Diego Rosa. Se tiver liberdade, muito cuidado com Andreas Kron da Lotto Soudal.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Ryan Gibbons e August Jensen.