“A Corrida para o Sol” marca o início das provas por etapas World Tour na Europa. Com um pelotão muito forte, devido ao percurso montanhoso, espera-se muita animação na próxima semana.
Percurso
A 1ª etapa do Paris-Nice 2019 tem alguns aspectos interessantes. Apesar de algumas colinas o desfecho deve ser um sprint em pelotão compacto no final dos 138,5 kms. A característica mais curiosa é a localização dos 2 sprints intermédios, que dão 3, 2 e 1 segundo de bonificação aos 3 primeiros. Os sprints intermédios estão a 19 e 3 kms do final, o que pode causar alguma confusão no grupo principal.
A 2ª jornada é um dia de sprint mais clássico, 2 contagens de montanha de 3ª categoria logo na primeira metade e uma aproximação simples para um final em ligeira subida, muito ligeira, os 1000 metros finais têm 1,2% de inclinação media.
Os sprinters deverão continuar a reinar na 3ª tirada, uma longa ligação de 200 kms sem dificuldades de maior.
Aqui temos a entrada da montanha na prova francesa, 212 kms entre Vichy e Pelussin, com os últimos 60 quilómetros a serem um autêntico carrossel, há potencial de termos um dia de ciclismo de ataque. Primeiro haverá 3 kms a 5,2%, depois 1,9 kms a 8,5% e a 30 kms da meta os ciclistas terão de enfrentar 3 kms a 6,6%. A última contagem de montanha surge a 10 kms do final, com 3,1 kms a 4,9%, no entanto o caminho até à meta é feito ainda em falso plano. Os últimos 500 metros têm cerca de 4%.
O contra-relógio individual tem cerca de 25 quilómetros, com partida e chegada a Barbentane e não é propriamente para puros especialistas, a meio do esforço há uma subida com 1000 metros a 4,2% e os últimos 500 metros são uma colina bem íngreme, com cerca de 7%.
Já com algum espaçamento entre os principais ciclistas na classificação geral temos uma etapa de média montanha, cuja principal subida, a 17 kms do final, tem 8 kms a 3,5%. Mais uma vez, existe um sprint intermédio bem perto da meta, neste caso a 4 kms, o que pode baralhar as contas. Ainda assim, poderá ser um dia para os sprinters que passam melhor a média montanha.
Os puros trepadores ficarão certamente agradados com a 7ª etapa, com 2 contagens de 1ª categoria, 3 de 2ª categoria e 1 de 3ª categoria. O dia todo será um sobe e desce constante, mas há que destacar as 2 últimas subidas. O Cote de Pelasque tem 5,7 kms a 6,2% e pode ser palco de ataques de longe, já que se segue uma curta descida e depois inicia-se logo a ascensão final, que coincide com a meta. O Col de Turini tem 14900 metros e 7,3% de inclinação média. É uma subida por patamares, muito irregular, que tem 3 kms com mais de 10% de inclinação média.
Para fechar temos a já clássica ligação com partida e chegada a Nice, com 6 contagens de montanha empacotadas em 110 quilómetros, aqui fica a lista das subidas categorizadas e a respectiva quilometragem:
Cote de Levens (6,2 kms a 5,6%) aos 20,5 kms;
Cote de Chateaneuf (5,3 kms a 4,3%) aos 36,5 kms;
Col de Calaison (6,3 kms a 4,5%) aos 53,5 kms;
Cote de Peille (6,6 kms a 6,8%) aos 67,5 kms;
Col d’Èze (1,6 kms a 8,1%) aos 83,5 kms;
Col des Quatre Chemins (5,5 kms a 5,5%) aos 101 kms.
Analisando o traçado e a disposição das subidas as principais mexidas devem aparecer no Cote de Peille, é suficientemente longo e inclinado para fazer diferenças e já está na 2ª metade da etapa. Quem precisar de recuperar tempo não pode esperar pela última subida, o que deverá proporcionar um grande espectáculo.
Favoritos
Todos os dias vão ser importantes dado que as previsões apontam para dias muito ventosos, onde vai ser importante estar bem posicionado no pelotão. Apesar de tudo, as etapas 5 e 7 vão ser as mais importantes, a primeira devido ao contra-relógio e a segunda por ser a única chegada em alto da prova.
Um dos melhores puros trepadores presentes é Egan Bernal. Após o Tour Colombia, onde ainda faltava muita coisa, o colombiano continua a sua preparação para o Giro. Não há dúvidas que o jovem é dos melhores trepadores, o problema será o contra-relógio, onde apresenta prestações bastante inconsistentes. Se estiver num dia sim, Bernal deixará tudo em aberto para o Col de Turini.
É verdade que Wilco Kelderman quase nunca ganha mas tem que haver algum dia em que termina essa maldição. 2018 foi um ano marcado por um lesão que o retirou da competição quase toda a temporada no entanto ainda conseguiu bons resultados. Este ano já foi 6º no UAE Tour e esperamos vê-lo em crescendo de forma. É um bom contra-relogista, pelo que será natural ganhar tempo à maioria dos seus adversários. Nas subidas costuma meter o seu ritmo e poucas vezes vai ao choque, o que o beneficia e muito.
Outsiders
No ano passado, Simon Yates foi 2º, iniciando aqui uma temporada de sonho que culminou com o triunfo na Vuelta. Na Vuelta a Andalucia começou como gregário do seu irmão e acabou por ganhar uma etapa de forma espectacular. A forma está lá e Yates não tem medo de atacar, algo que vai ter de fazer para retificar a provável perda de tempo no contra-relógio, onde melhorou em 2018.
Não estamos a falar de clássicas mas porque não pensar em mais uma vitória da Deceuninck-QuickStep? É inquestionável que Bob Jungels está numa forma incrível, ele que já conta com duas vitórias esta temporada, e tendo um contra-relógio longo na prova sairá beneficiado pois irá ganhar bastante tempo à concorrência. Resta saber como se vai defender no Col de Turini que, na teoria, é uma subida que pode ser dura demais para o luxemburguês, no entanto no momento de forma em que está não há impossíveis.
Não sendo, nem de perto, nem de longe, um trepador Michal Kwiatkowski pode ter uma palavra a dizer. Se o vento marcar forte presença, o polaco poderá ser um dos principais favorecidos e a juntar a isso existe o contra-relógio, o Kwiatkowski vai estar na luta pelo triunfo. A dúvida será a etapa 7 e o Col de Turini, que no papel será duro demais para o polaco, mas dependendo do cenário de corrida nos dias anteriores poderá ser o palco para o corredor da Team Sky conseguir arrebatar ou consolidar a liderança.
Possíveis surpresas
Ion Izagirre poderia estar numa das categorias superiores, ele que tem feito um início de época tremendo, tal como toda a equipa da Astana. Preferiria um contra-relógio mais duro e o Col de Turini poderá ser duro demais, veja-se a etapa rainha da Vuelta a Andalucia, onde o basco sofreu para se manter na frente. Há vários trepadores presentes, só que o contra-relógio vai acabar por matar as esperanças destes. Falamos de Miguel Angel Lopez, Nairo Quintana e Romain Bardet, sendo que destes o “Superman” seja aquele que mais hipóteses tem de ganhar. Nunca podemos descartar o campeão em título Marc Soler, mas será muito complicado para o espanhol revalidar o título. Olho, ainda, em Patrick Konrad, Daniel Martinez e Jack Haig, ciclistas menos cotados mas com uma qualidade tremenda, que podem aproveitar a marcação entre os grandes favoritos para conseguirem uma surpresa, algo habitual neste início de temporada.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Giulio Ciccone e Amaro Antunes.
Tips do dia
Para a geral: Egan Bernal melhor que Romain Bardet -> odd 1,825 (stake 1)
Para a etapa 1: Sonny Colbrelli melhor que Jakub Mareczko -> odd 1,72 (stake 2)
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