VALDEBLORE LA COLMIANE, FRANCE - MARCH 13: Arrival / Primoz Roglic of Slovenia and Team Jumbo - Visma Yellow leader jersey, Gino Mader of Switzerland and Team Bahrain Victorious, Maximilian Schachmann of Germany and Team Bora - Hansgrohe during the 79th Paris - Nice 2021, Stage 7 a 119km stage from Le Broc to Valdeblore La Colmiane 1501m / Stage itinerary redesigned due to COVID-19 lockdown imposed in the city of Nice / #ParisNice / on March 13, 2021 in Valdeblore La Colmiane, France. (Photo by Bas Czerwinski/Getty Images)

As provas por etapas do World Tour estão de regresso à Europa! Como sempre, a “Corrida para o Sol” abre as hostilidades, com um pelotão muito bem composto e com a presença de João Almeida.

 

Percurso

Etapa 1

O Paris-Nice já testou vários formatos de abertura, este ano a organização escolheu iniciar com uma etapa de média montanha, mas que não está fora das cogitações de alguns sprinters. Os últimos 30 kms têm 4 pequenas colinas que podem fraccionar o grupo e que servir para ataques. Começa com 0,9 kms a 6,9%, segue-se 1,2 kms a 6,9%, a 15 kms a meta há 1 km a 5% e já dentro dos últimos 6 kms temos novamente 1,2 kms a 6,9%. Esta é uma colina bastante regular que precede 3,5 kms de descida antes de 2 kms relativamente planos.




Etapa 2

Esta ligação de 160 kms entre Auffargis e Orleans sim, será propícia a um final ao sprint, praticamente sem dificuldades montanhosas. O final é em ligeira subida, mas dificilmente se fará sentir.

 

Etapa 3

Depois de 100 kms planos inicia-se um carrossel de 90 kms, onde praticamente não há 1 metro plano. No entanto, estas colinas são bem diferentes da primeira etapa. Aí as subidas eram curtas e inclinadas, aqui são mais longas, mas sem grande inclinação, variando entre os 3 e os 5%. Alguém que queira fraccionar o grupo tem de forçar o ritmo no Cote de la Peyroux (com 2,5 kms a 5,5%) a 22 kms da meta. O final também não é plano, totaliza 2100 metros a 3,3%, com os últimos 300 metros acima dos 5%.

 

Etapa 4

Dia de contra-relógio, está longe de ser um esforço para puros especialistas. A distância é de apenas 13,3 kms e é um percurso ondulado, com 2 colinas (1,2 kms a 4,6% a abrir e 0,8 kms a 7% a fechar). Provavelmente não veremos grandes diferenças e vai dar para os trepadores se defenderem bem.

 

Etapa 5

Aquela jornada que será muito complicada de prever. Tem 3 contagens de 1ª categoria e será muito difícil de controlar, até poderá dar para uma fuga de ciclistas longe na geral. No entanto, se a escapada só se formar no Croix de Chambouret (9,6 kms a 6,6%) até poderemos ter um dia “full gas” porque a fuga será forte. Após uma fase de transição surge outra contagem de 1ª categoria com 6,6 kms a 7,4%), mas a surgirem ataques dos favoritos estes deverão acontecer no Col de la Mure, a 33 kms do final. Ao todo serão 7,7 kms a 8,2%, uma ascensão muito regular que nunca baixa dos 7% e que vai dar para fazer bastantes diferenças. Até ao final ainda há uma subida não categorizada que coincide com o sprint intermédio, com 4,8 kms a 5,4%.




Etapa 6

Será difícil ver alguma equipa disposta a controlar uma etapa de média montanha com 214,5 kms, portanto a fuga tem sérias hipóteses nesta jornada. Ao longo do dia há 2 contagens de 2ª categoria e 2 contagens de 3ª categoria, antes da principal dificuldade do dia, o Col de’l Espigoulier, que está a 30 kms da meta. É uma montanha com 11 kms a 4,4%, com a parte mais complicada logo ao início, já que tem 4 kms a quase 6%. Segue-se uma descida longa e técnica antes de uma última colina com 1,2 kms a 6,5%, novamente a coincidir com o sprint intermédio, já dentro dos 10 kms finais.

 

Etapa 7

A única grande etapa de alta montanha, com a chegada ao Col de Turini, é esse o grande atractivo do dia. É uma montanha para puros trepadores, apesar de ter 15,2 kms a 7,2%, o terreno nos 15 kms anteriores também endurece. Será um esforço bem prolongado e a parte mais dura vem lá perto da meta, com 3 kms a 8,5%, será a fase mais propícia a fazer diferenças. A última vez que o Col de Turini foi utilizado no Paris-Nice foi em 2019, quando Daniel Martinez ganhou numa fuga bastante grande, entre os favoritos Egan Bernal e Nairo Quintana foram os melhores nesse dia.

 

Etapa 8

A habitual montanha russa nos arredores de Nice, com final no Promenade des Anglais, que costuma ser atacada de início ao fim, e há terreno para isso. Nos primeiros 55 kms os ciclistas vão ter de ultrapassar o Cote des Levens (6,3 kms a 5,8%), o Cote de Chateauneuf (5,4 kms a 4,5%) e o Cote de Berre-les-Alpes (6,5 kms a 5,8%). No entanto, tudo se deverá começar a decidir no Cote de Peille (6,6 kms a 6,9%), até porque o miolo desta subida tem 2 kms a 8%). Depois haverá uma longa descida a preceder o mítico Col d’Eze, uma montanha que tem 6,1 kms a 7,6% de média, mas que tem 1000 metros a 12,6% a meio e pode haver grandes quebras aqui. A descida até Nice é algo técnica e os quilómetros planos até à Nice podem ser dramáticos.




Táticas

Como sempre, o Paris-Nice é uma prova bastante completa, mais de uma semana de competição, oportunidades para todo o tipo de ciclistas e com terreno muito variado. 2022 não é excepção, logo apenas um ciclista bastante completo poderá estar na luta pela prova. A dificuldade de algumas etapas é de considerar, vai ser, também, preciso um bom bloco em torno do líder de forma a evitar surpresas para o mesmo. Aí, Jumbo-Visma e INEOS Grenadiers são as equipas que se destacam, com um líder definido mas com um bloco bastante sólido e, até, com uma alternativa, caso sejam necessárias jogadas mais táticas.

Apesar das etapas de média montanha, pensamos que o contra-relógio e a chegada ao Col de Turini serão as etapas chave para definir o vencedor da competição. O vento, como também vem sendo hábito, poderá aparecer, principalmente ao 2º dia.

 

Favoritos

Primoz Roglic tem contas a ajustar com o Paris-Nice, depois de tudo o que aconteceu na época passada. O esloveno tem apenas 2 dias de competição, esteve muito discreto, ao serviço da equipa, no entanto este é outro tipo de provas e, provavelmente, o seu primeiro grande objetivo do ano. Quando está focado é, praticamente, imparável, ele que consegue vencer em quase todo o tipo de terreno. Rohan Dennis, Steven Kruijswijk e Wout van Aert serão os apoios fundamentais.



Com outro andamento competitivo, Adam Yates procura juntar mais uma prova de uma semana ao seu palmarés. Esta é a principal “praia” do britânico, que costuma entrar sempre muito bem nas épocas, e prova disso é o 2º lugar no UAE Tour. Sabe que no contra-relógio perderá algum tempo, mas tem-se defendido cada vez melhor na especialidade. É um correr ofensivo, terá o que ser ao longo da semana, se quiser triunfar. Daniel Martinez será o seu braço-direito.

 

Outsiders

Jack Haig tem, paulatinamente, subido na hierarquia da Bahrain-Victorious, sendo já um líder na equipa árabe.  Bastante completo, o australiano é já um dos melhores trepadores do pelotão na atualidade. Vem de ser 6º na Vuelta a Andaluzia, onde não era a principal aposta da equipa. Wout Poels e Gino Mader serão apoios fundamentais.

Até agora, Nairo Quintana soma por vitórias as provas por etapas já disputadas em 2022 e, curiosamente, ambas em França. Esta versão do colombiano faz lembrar 2020, ano em que também estava em grande nível e lutou por esta prova. Quando está bem, é um dos grandes trepadores do pelotão, ele que não tem medo de atacar de longe, foi assim que fez esta temporada.



João Almeida parte para a 2ª prova do ano com grandes expectativas. Um contra-relógio mais plano seria melhor para si, pois poderia ganhar mais tempo à concorrência, no entanto irá partir à frente de muitos, antes da chegada da alta montanha onde se irá defender. O português foi 5º no UAE Tour, depois de muito trabalhar para Tadej Pogacar, o que demonstra o seu estado de forma.

 

Possíveis surpresas

Daniel Martinez é uma alternativa muito séria dentro da INEOS Grenadiers. O colombiano defende-se em todo o tipo de terreno e já sabe o que é ganhar nesta prova. Vem de ser 3º no Algarve e, se a oportunidade surgir, quererá cimentar o seu lugar dentro da hierarquia. Aleksandr Vlasov entrou a todo o gás na temporada, desiludiu um pouco no UAE Tour (onde foi 4º), mas tem aqui nova prova para se afirmar como um grande reforço da Bora-Hansgrohe. A qualidade está lá, veremos se as pernas correspondem. A equipa alemã também tem o bi-campeão Maximilian Schachmann, um ciclista sempre perigoso em provas de uma semana. Qual será a versão que teremos de Simon Yates? Quando está bem, o britânico é um enorme perigo para qualquer ciclista, no entanto quando está mal é uma completa sombra de si. David Gaudu tem uma prova à sua medida, o contra-relógio tem alguma dificuldade (no Algarve notou-se uma melhoria) e as montanhas longas encaixam na perfeição. O francês costuma andar sempre bem em casa, é uma motivação extra. Brandon McNulty está a ter um grande início de temporada e não pode ser descartado, tal como Wout Poels, que vem de vencer na Andaluzia. Por fim, atenção a Ben O’Connor, Guillaume Martin e Pierre Latour para ciclistas a terminarem no top-10.



 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Clement Champoussin e Matteo Jorgensen.

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