As provas por etapas do World Tour estão de regresso à Europa! Como sempre, a “Corrida para o Sol” abre as hostilidades, com um pelotão muito bem composto, esperando-se um grande duelo entre Jonas Vingegaard e Tadej Pogacar.
Percurso
Etapa 1
O Paris-Nice inicia-se com uma etapa plana de 170 kms com partida e chegada a La Verriere, num dia em que os ciclistas têm a oportunidade de passar pela meta 1 vez antes do final para reconhecer o mesmo. A organização decidiu animar as coisas ao colocar o sprint intermédio que dá bonificações a apenas 6 kms do final, no topo de uma colina que tem 1500 metros a 4,7%.
Etapa 2
Mais uma oportunidade para os homens rápidos, só que os ciclistas da geral têm de estar bem atentos aos ventos cruzados que se costumam fazer sentir nesta região. O último quilómetro será muito rápido, em ligeira descida, e o sprint intermédio está novamente nos 15 kms finais.
Etapa 3
32200 metros de um esforço ondulado em formato de contra-relógio colectivo, um dos maiores do ano e que vai fazer muitas diferenças na geral. É um traçado para os grandes motores, tem várias longas rectas.
Etapa 4
Um dia em que a expectativa irá aumentar progressivamente, após 110 kms planos o terreno começar a aumentar de dificuldade, mas as forças deverão ficar guardadas para a última subida. O grande atractivo antes disso será o sprint intermédio, localizado no terço final e no final de 9 kms a 3%. Em relação à chegada a La Loge des Gardes, tem 6,8 kms a 7% e é uma ascensão relativamente regular, a maior dificuldades está no miolo com 3 kms a cerca de 8% e é aí que os ataques devem surgir.
Etapa 5
Última oportunidade para os homens rápidos, mas as equipas dos sprinters vão ter de fazer horas extras, não será fácil de controlar. Os primeiros 50 kms têm 3 contagens de montanha que não são nada fáceis, o que tornará bem difícil a formação de uma fuga pequena e fácil domínio. Por fim, a 32 kms da meta está outra subida categorizada, de 3ª categoria, com 4,6 kms a 4,8%, antes da aproximação rápida à meta.
Etapa 6
Uma clássica etapa de média montanha habitual nesta parte do globo. As equipas dos sprinters poderão ter algum medo das subidas que estão a meio da etapa e a quilometragem perto dos 200 kms será outro obstáculo a controlar a etapa. A cerca de 60 kms da meta surge um encadeado de dificuldades que tem em média 5% durante 9 kms, mas o que fará realmente diferenças são os 2000 metros a quase 10% a praticamente 30 kms do final, sendo que a seguir a estrada ainda sobe ligeiramente durante mais alguns quilómetros, que culmina com o sprint intermédio no topo de 500 metros a 8,8%. O final não é plano, o último quilómetro tem uma média de 4%, com os 500 metros ainda mais empinados.
Etapa 7
Tem tudo para ser um grande espectáculo este final no Col de la Couillole, com partida de Nice. Serão 3500 metros de acumulado em pouco mais de 140 kms, empolados por 18 kms a 4,5% que há a meio do dia. O final é terrível, com praticamente 16 kms a 7,4% e é uma subida muito regular, sem descansos, nenhum quilómetro vai acima dos 8,5% e abaixo do 6%.
Etapa 8
Final “showdown” em Nice, que habitualmente é uma das melhores jornadas de ciclismo do ano. Um carrossel constante com 117,5 kms e 5 contagens de montanha, 3 de 2ª categoria e 2 de 1ª categoria. As primeiras subidas deverão servir para alguns ataques de ciclistas que estão fora do top 10 e queres subir na geral e colegas que as principais figuras querem colocar na frente, falamos do Cote de Levens (6,2 kms a 5,8%), Cote de Chateauneuf (5,4 kms a 4,5%) e o Cote de Berre-les-Alpes (6,5 kms a 5,8%). O Cote de Peille é onde deverão começar a aparecer as movimentações mais interessante e decisivas, com os seus 6,6 kms a 6,9% e segue-se uma longa descida, a espaços bastante técnica. O palco de todas as decisões será o clássico Col d’Eze, 6,1 kms a 7,6% de média, com um miolo de 2 kms a quase 11%, cujo cume está a 15 kms do final.
Táticas
O primeiro grande duelo entre Jonas Vingegaard e Tadej Pogacar em 2023! Desde o Tour do ano passado que este duo não se defronta e desde que Pogacar anunciou que iria ao Paris-Nice as expectativas são muitas. Não tenham dúvidas que a corrida será decidida entre o dinamarquês e o esloveno, somente se estes se anularem é que outro corredor pode sonhar com o triunfo, caso contrário teremos uma luta feroz … pelo 3º lugar.
O contra-relógio coletivo terá um grande impacto na corrida, será muito longo e depois existe a peculiaridade de contar o tempo individual de cada ciclista e não após 3/4/5 ciclistas como acontece normalmente. Veremos qual será a estratégia das equipas, acreditamos que muitas se vão manter fiéis à estratégia tradicional. De qualquer das formas acreditamos que a Jumbo-Visma irá ganhar tempo à UAE Team Emirates e depois cabe a Pogacar tentar recuperar nas 3 etapas de montanha que estarão pela frente. As chegdas em alto não são complicadas, poderá ser na tradicional etapa de Nice que se façam diferença, num dia de emboscada.
Olhando para os blocos, a Jumbo-Visma vem forte, com Rohan Dennis e Tobias Foss como principais apoios para a montanha, sem nunca esquecer o completo Jan Tratnik. Já Tadej Pogacar terá de confiar em Tim Wellens, Felix Grosschartner e Domen Novak para as partes mais duras. Venha o duelo!
Favoritos
Pelo que já referimos, Jonas Vingegaard tem que ser o grande favorito. O dinamarquês entrou a todo o gás em 2023, ganhou tudo no Gran Camiño e foi muito importante para aumentar a sua confiança. Irá ganhar tempo no contra-relógio coletivo, a partir daí terá que saber gerir e … principalmente, conseguir seguir Tadej Pogacar, o que parece fácil mas apenas o é na teoria. Se há ciclista capaz é Vingegaard, já o provou o ano passado.
Tadej Pogacar tem o orgulho ferido desde o Tour do ano passado, ganhar aqui seria muito importante para si. Sabe que irá perder tempo no esforço coletivo e depois veremos um esloveno ofensivo, ele que não tem medo de mexer de longe, irá fazê-lo se tiver capacidade física, algo que já demonstrou nas competições onde esteve, vencendo e convencendo. O dia final poderá ser muito importante, acreditamos num festival de Pogacar.
Outsiders
O contra-relógio coletivo são boas notícias para David Gaudu, o francês tem uma grande oportunidade de fazer um excelente resultado numa prova em casa. Com Stefan Kung, Miles Scotson, Arnaud Demare e Kevin Geniets, Gaudu será levado “ao colo” nesse dia, só terá que corresponder na montanha, o seu terreno predileto. Não terá o seu braço direito de sempre (Valentin Madouas), mas os dias de montanha aqui não são complicados.
Simon Yates é capaz do melhor e do pior, este ano já andou muito bem no Tour Down Under, qual será a sua versão aqui? Por norma, o britânico apresenta-se sempre bem em França, tem um histórico muito positivo (por duas vezes foi 2º e já venceu 4 etapas), pelo que acreditamos que Yates estará pronto para a luta. O contra-relógio coletivo também lhe será favorável.
Que Daniel Martinez teremos no Paris-Nice? O colombiano tem-se tornado um especialista em provas de uma semana e, este ano, apesar de não ter deslumbrado, já venceu a Volta ao Algarve. Isso deverá ser suficiente para lhe dar a liderança aqui, Martinez está em ano de contrato e, apesar de cedo na temporada, vai querer aproveitar o excelente momento de forma. Um percurso ideal para si, com subidas longas e regulares.
Possíveis surpresas
Mattias Skjelmose está pronto para dar o salto, o dinamarquês é mais um enorme talento e terá a oportunidade de liderar a Trek-Segafredo. Longe de ser um puro trepador, Skjelmose poderá aproveitar o facto de não ser tão marcado para conseguir surpreender. Um nome a seguir com atenção. Romain Bardet tem tido um início de temporada discreto, mas o gaulês sempre disse que este é o primeiro objetivo do ano, vai querer estar bem numa Team DSM que passa um bom momento. Jack Haig continua a sua recuperação após a grave queda sofrida no ano passado, esteve a um bom nível na Andaluzia, o que pode indicar que o australiano estará ainda melhor no Paris-Nice, uma prova onde se tem dado bem. Na Bahrain-Victorious, olho, ainda, em Wout Poels e Gino Mader. Dentro da INEOS Grenadiers, Pavel Sivakov é uma alternativa muito credível, o francês tem sido usado para atacar de longe, não tem tido muitas oportunidades, se a situação de corrida o proporcionar, o talentoso ciclista não vai desperdiçar. Neilson Powless deu o salto entre o final do ano passado e este ano, o norte-americano está apostado em assumir a liderança da EF Education e, até agora, tem correspondido, já venceu GP Marseillaise e Etoile de Besseges e foi 3º no Tour du Var. Precisamente perdeu o Tour du Var para Kevin Vauquelin, um ciclista que pode surpreender e estar na luta por um top-5, já seria um super resultado para o atleta da Arkea-Samsic. Por fim, e devido aos bons começos de temporada, Matteo Jorgenson, Ion Izagirre, Pierre Latour e Aurelien Paret-Peintre têm que ser mencionados. Na Jumbo-Visma e na UAE Team Emirates deverá ser tudo para os seus líderes, mas claro que manter planos alternativos será importantes e, aí, Tobias Foss e Tim Wellens podem ser cartas importantes.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Maximilian Schachmann e Lucas Hamilton.