Chegou o Inferno do Norte! Após semanas e semanas a correr em estradas belgas, o ponto alto e o culminar da fase das Clássicas do Norte ocorre em França, com o icónico final no velódromo de Roubaix.

 

Percurso

Um verdadeiro mar de empedrado, que começa após quase 100 kms de asfalto plano, onde se vai definir a fuga do dia, um momento muitas vezes mais importante do que parece. Os primeiros sectores serão de muito nervosismo, uma batalha de posicionamento onde o importante é evitar problemas e a primeira grande selecção deverá fazer-se na Floresta de Arenberg. Esse selecção tem mais 2 pontos fundamentais, Mons-en-Pevele e Carrefour de L’Arbre, pelo posicionamento no traçado e pelo grau de dificuldade dos mesmos. Aqui fica a lista dos 30 sectores de empedrado, os quilómetros e o grau de dificuldade correspondente, onde 1 estrela é o mais acessível e 5 estrelas o mais complicado.



30: Troisvilles to Inchy (km 96,3 – 2,2 km) ***
29: Viesly to Quiévy (km 102,8 – 1,8 km) ***
28: Quiévy to Saint-Python (km 105,4 – 3,7 km) ****
27: Saint-Python (km 110,1 – 1,5 km) **
26: Vertain to Saint-Martin-sur-Écaillon (km 117,2 – 2,3 km) ***
25: Haussy (km 123,7 – 0,8 km) **
24: Saulzoir to Verchain-Maugré (km 130,6 – 1,2 km) **
23: Verchain-Maugré to Quérénaing (km 127,2 – 1,6 km) ***
22: Quérénaing to Maing (km 129,9 – 2,5 km) ***
21: Maing to Monchaux-sur-Ecaillon (km 139,6 – 1,6 km) ***
20: Haveluy to Wallers (km 153,1 – 2,5 km) ****
19: Trouée d’Arenberg (km 161,3 – 2,3 km) *****
18: Wallers to Hélesmes (km 167,4 – 1,6 km) ***
17: Hornaing to Wandignies (km 174,1 – 3,7 km) ****
16: Warlaing to Brillon (km 181,6 – 2,4 km) ***
15: Tilloy to Sars-et-Rosières (km 185,1 – 2,4 km) ****
14: Beuvry-la-Forêt to Orchies (km 191,4 – 1,4 km) ***
13: Orchies (km 196,5 – 1,7 km) ***
12: Auchy-lez-Orchies to Bersée (km 202,6 – 2,7 km) ****
11: Mons-en-Pévèle (km 208 – 3 km) *****
10: Mérignies to Avelin (km 214 – 0,7 km) **
9: Pont-Thibault to Ennevelin (km 217,4 – 1,4 km) ***
8: Templeuve – L’Epinette (km 222,8 – 0,2 km) *
8: Templeuve – Moulin-de-Vertain (km 223,2 – 0,5 km) **
7: Cysoing to Bourghelles (km 229,8 – 1,3 km) ***
6: Bourghelles to Wannehain (km 232,3 – 1,1 km) ***
5: Camphin-en-Pévèle (km 236,7 – 1,8 km) ****
4: Carrefour de l’Arbre (km 239,5 – 2,1 km) *****
3: Gruson (km 241,8 – 1,1 km) **
2: Willems to Hem (km 248,4 – 1,4 km) **
1: Roubaix – Espace Charles Crupelandt (km 255,2 – 0,3 km) *

 

Táticas

Jumbo-Visma vs Alpecin-Deceuninck é o que esperamos ver aqui. Mais que uma batalha entre dois grandes blocos, o Paris-Roubaix é uma prova onde é preciso muita sorte para não furar num momento importante. A Jumbo-Visma dominou todas as clássicas mas falhou no Tour de Flandres, terá mais pressão para obter um grande resultado amanhã, o que pode não jogar a seu favor. Apesar disso, tem diversas opções, o que irá baralhar os seus rivais. Já a Alpecin-Deceuninck tem um bloco muito forte, os seus ciclistas adaptam-se melhor a este terreno do que às colinas da Flandres, excelentes notícias para Mathieu van der Poel.

De notar que esta é também uma prova onde as surpresas podem acontecer, por várias vezes nos últimos anos, elementos que estão na fuga do dia conseguem discutir os primeiros lugares, não nos surpreenderia se algo do género acontecesse amanhã. Uma prova única, com muitas surpresas!

 

Favoritos

Já com um Monumento no bolso este ano, Mathieu van der Poel deve ter ficado desapontado por ter sido “apenas” 2º na Flandres. Após um início de temporada mais lento, o pico de forma parece programado na perfeição, esperamos ver o neerlandês a voar pelos pavês gauleses. A sua equipa é bastante forte, Gianni Vermeersch, Jasper Philipsen, Silvan Dillier,Michael Gogl e Jonas Rickaert são muito fortes. A vencer, acreditamos que Van der Poel chegará sozinho, numa demonstração de força.



De que será capaz Filippo Ganna? O italiano preparou afincadamente esta prova e, depois de uma campanha de clássicas positiva, a expectativa é muita. O possante ciclista adapta-se, em teoria, de forma perfeita a este tipo de traçado, apesar de nunca ter estado entre os melhores. Se nos muros da Flandres já deu boa conta de si, nos pavês de Roubaix será um perigo e, usando a sua habilidade de contra-relógio, não terá medo de atacar de longe.

 

Outsiders

Wout van Aert caiu no domingo, aleijando-se nas costelas, o que torna a preparação não ideal, é preciso estar a 100% para um Paris-Roubaix. Mesmo assim, o belga pode já estar totalmente recuperado e ser peça fundamental no desenrolar da corrida. Sem subidas, esta é uma prova onde pode impor fortes cadências, Van Aert sabe disso e também tem a noção que só ganhando aqui consegue ter um bom bloco de clássicas. A Jumbo-Visma ter superioridade na parte decisiva será fundamental.

Ficámos bastante agradados com a exibição de Kasper Asgreen no Tour de Flandres. O dinamarquês mostrou, finalmente, a sua qualidade, depois de um período menos positivo e isso só lhe dará confiança. Não tem medo de atacar de longe, sabe que só com uma corrida endurecida pode triunfar. Está a ser uma temporada de clássicas para esquecer por parte da Soudal – Quick Step, Asgreen pode ser o salvador.



Já mencionamos a possível superioridade numérica da Jumbo-Visma, e é aí que entra o nome de Christophe Laporte. A fazer uma bela temporada de clássicas, o francês pode aproveitar a marcação habitual entre os “grandes galos” para se imiscuir numa fuga e, a partir daí fugir para o triunfo, podendo fazê-lo num grupo reduzido ou em solitário. Um francês ganhar em Roubaix seria o delírio para o público da casa.

 

Possíveis surpresas

Mads Pedersen pode ser um excelente sprinter no entanto o dinamarquês não é corredor de esperar pelo final das provas, é daquele que gosta de antecipar as mexidas dos favoritos, tal como fez no domingo. Não nos admirávamos de o ver fazer o mesmo amanhã e, numa prova mais plana, tem mais chances de conseguir seguir os grandes nomes. Dylan van Baarle já não corre há algum tempo, o neerlandês tem um título a defender e pode ser peça fundamental na Jumbo-Visma, ele que é mais um ciclista que tende a atacar de longe e, desta vez, será mais marcado, todos sabem da sua capacidade em rolar em solitário. Dentro da Jumbo-Visma, olho, ainda em Nathan van Hooydonck. Por falar em chegar em solitário, Stefan Kung sabe que só assim consegue vencer a prova, foi 3º no ano passado, anda sempre perto de um grande resultado mas falha sempre alguma coisa. Yves Lampert tem aqui a sua prova de eleição, da forma em que está a dar também não podemos descartar nomes como Matej Mohoric, Sep Vanmarcke e Matteo Trentin. Estamos curiosos para ver o que faz Mikkel Bjerg e … será desta que Sep Vanmarcke consegue uma prova sem azares que o permita obter um grande resultado? Terminamos com menções a Nils Politt, Florian Vermeersch e John Degenkolb, nomes alternativos, com historial nesta corrida e que num dia super podem surpreender.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Ivan Garcia Cortina e Matis Louvel.



By admin