O World Tour continua por terras transalpinas com a “Corrida dos Dois Mares”, que será mais um grande teste para os melhores do Mundo em direcção a outros objectivos.

Percurso

21500 metros totalmente planos em formato de contra-relógio colectivo dão o tiro de partida para mais uma edição de Tirreno-Adriatico. As longas rectas favorecem as equipas que têm puros especialistas e ciclistas capazes de desenvolver andamentos pesados.

Logo na primeira etapa em linha pode haver diferenças, uma jornada muito interessante que tem num final em ligeira subida o principal atractivo. A chegada em Pomarance tem 6800 metros a 3,6%, com o último quilómetro quase a 5%. No entanto atenção à parte inicial da ascensão, com algumas rampas acima dos 10%.

Uma tirada que irá deixar muito mossa e dores nas pernas, quase 227 kms e 3000 metros de acumulado no meio do sobe e desce característico das estradas italianas. No entanto, nos últimos 40 kms não há praticamente qualquer dificuldade e é expectável um sprint em pelotão compacto. A última curva é a cerca de 600 metros.

Mais uma etapa de média montanha muito curiosa, um carrossel italiano com quase 3400 metros de desnível. Tudo deverá acontecer nos 40 kms finais e começa com a subida de Monteguiduccio, com 2700 metros a 7%, antes da entrada do circuito final, que inclui 2 passagens por Cappuccini, com 1,9 kms a 10,7%, um autêntico muro, que da segunda vez está a menos de 7 kms do final. A descida até ao quilómetro final é ingreme e depois os últimos 1000 metros são num falso plano.

O perfil complicado mantém-se e novamente com um final em circuito, 7 subidas bem difíceis nos últimos 70 kms, com 4 passagens por Porta d’Osimo e 3 por San Pietro. San Pietro tem 2,2 kms a 7,9% e a Porta d’Osimo tem 3,4 kms a 7,2%. A 4ª ascensão por Porta d’Osimo coincide com a meta, numa subida que uma parte com 1300 metros a 14%.

Os sprinters têm uma forte motivação para ficar em prova, a 6ª etapa com final em Jesi não tem grandes dificuldades montanhosas e os homens rápidos estarão a esfregar as mãos, no entanto atenção que o quilómetro final tem 2% de inclinação média e pode atraiçoar os mais desprevenidos.

Começamos praticamente como acabamos, com um contra-relógio, desta vez individual e com 10 quilómetros, em San Benedetto del Tronto, será a derradeira oportunidade de fazer ajustes na classificação geral.

Favoritos

As etapas decisivas são o contra-relógio colectivo, as etapas 4 e 5 (com mais potencial de fazer diferenças até por serem complicadas de controlar) e o contra-relógio individual. Portanto, para ganhar é preciso ser-se bom trepador com uma boa capacidade de explosão, andar bem no esforço individual e ainda ter uma boa equipa para defender o líder logo na abertura e no controlo das etapas.

Primoz Roglic é um dos melhores ciclistas em provas de 1 semana e o esloveno procura cimentar esse estatuto depois do triunfo no UAE Tour, onde foi impressionante em todos os sentidos. A Jumbo-Visma tem Jos van Emden e Tony Martin para o ajudar no contra-relógio e Gesink e Laurens de Plus para o ajudar na montanha, um excelente equilíbrio. Roglic também é explosivo, até pode perder nas bonificações, mas dificilmente fica em cortes.

Outro corredor com características semelhantes é Tom Dumoulin, ele que fez 6º no UAE Tour apesar de trabalhar para Wilco Kelderman, numa prova onde a condição física foi melhorando com o passar da corrida. Um mestre no esforço individual, a Team Sunweb tem de endurecer ao máximo as etapas com montanha, e tem equipa para isso, particularmente com Sam Oomen, Robert Power ou Nicholas Roche.

Outsiders

A Deceuninck-QuickStep é uma das equipas do momento e não seria descabido ver Julian Alaphilippe a vencer a geral, ainda assim é uma tarefa complicada. O francês terá de ganhar tempo a Roglic e Dumoulin antes do último dia e a formação belga apostou mais no comboio de Viviani do que no apoio a Alaphilippe. Complicado, mas não impossível.

Tim Wellens também não é uma carta fora do baralho, a Lotto-Soudal tem um reforço muito importante em Victor Campenaerts, que está em boa forma para atacar o record da hora. Wellens defende-se perfeitamente em contra-relógios com esta distância e é explosivo em subidas curtas. Não seria uma surpresa ver Wellens a arriscar e atacar de longe na 4ª ou 5ª etapa.

Rohan Dennis é outro nome a ter em conta, o actual campeão do Mundo de contra-relógio tem progredindo na montanha e estas ascensões com menos de 10 minutos são superáveis para ele, como já provou em Willunga. Caso esteja perto do top 5 no último dia é um grande perigo, e as atenções estarão viradas para Vincenzo Nibali em Itália.

Possíveis surpresas

A Astana é outra das equipas do momento e Jakob Fuglsang parece mais fino que nunca, conseguiu rivalizar com Alaphilippe na Strade Bianche. Só que o dinamarquês sairá altamente prejudicado pelos contra-relógios, podendo mesmo perder mais de 1 minuto logo a abrir. A Team Sky irá defender-se bem aí, mas depois levanta-se a questão, Gianni Moscon parece fora de forma, Geraint Thomas não é muito explosivo e Wout Poels perderá muito tempo no último dia. Os ciclistas das clássicas também estão de olho nesta prova, Greg van Avermaet é um poço de regularidade e raramente quebra, fala-se que Peter Sagan tem trabalhado na montanha, mas adoeceu recentemente e é também preciso muito cuidado com Tiesj Benoot e Soren Kragh Andersen, que são muito completos. Adam Yates é outra boa opção, mas não estamos a ver o britânico a conseguir ganhar margem suficiente para gerir no último dia. Vincenzo Nibali é uma grande incógnita, o italiano pode aparecer já aqui numa forma razoável. Rui Costa, Thibaut Pinot e Ben Hermans estarão de olho no top 10.

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Alexey Lutsenko e Tanel Kangert.

Tips

Tom Dumoulin no pódio da geral -> odd 2.20 (stake 1)

Para a etapa 1: Mitchelton-Scott no pódio -> odd 2,00 (stake 1)

Para a etapa 1: Bahrain-Merida fora do pódio -> 1,448 (stake 4)

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