Ao mesmo tempo do Paris-Nice, o World Tour continua por terras transalpinas com a “Corrida dos Dois Mares”, que será mais um grande teste para os melhores do Mundo em direção a outros grandes objetivos.

Percurso

Etapa 1

Lido di Camaiore volta a receber a partida do Tirreno-Adriático mas ao contrário de um contra-relógio coletivo será com um esforço individual. 13900 metros muito rápidos, com um percurso de ida e volta na cidade transalpina.



Etapa 2

Longa etapa de 219 quilómetros, com final em Sovicille, num dia que deve terminar com uma chegada ao sprint. Apesar de tudo isso, os últimos 60 quilómetros são bastante ondulados, contam com 5 subidas, que podem dificultar a vida a alguns dos homens rápidos presentes.

Etapa 3

Os sprinters voltam a ter uma nova oportunidade ao 3º dia, em mais uma etapa nada fácil para estes corredores uma vez que toda a etapa é feita em sobe e desce, o que é demonstrado pelos 2000 metros de desnível acumulado positivo.

Etapa 4

Primeiro dia de grande impacto na classificação geral, se retirarmos o contra-relógio inaugural. Mais uma maratona acima dos 200 quilómetros, onde tudo se deve resumir aos derradeiros 50 quilómetros, feitos em circuito na cidade de Bellante. Nesse espaço, os ciclistas passam por 3 vezes pela subida final, uma escalada com 4,2 kms a 5,7%.

Etapa 5

Clássica etapa do Tirreno-Adriático, com as curtas mas inclinadas subidas transalpinas a aparecerem no menu. É nestes dias que a corrida pode ser armadilhada, podendo provocar algumas diferenças. Tal como no dia anterior, o mais importante estará nos últimos 30 quilómetros, com um carrossel de subidas.

Capodarco (3 kms a 5,8%) antecede dois pequenos topos não categorizados (900 metros a 10,1% e 1000 metros a 5,6%) que, por sua vez, coincidem com o final de corrida que, na primeira passagem ficam a 19 quilómetros do fim. Segue-se a subida de Madonna d’Ete (2,2 kms a 8,5%) antes da subida final para Fermo que, na totalidade tem 3200 metros a 6,1%.




Etapa 6

Etapa rainha da prova italiana, com o verdadeiro dia de alta montanha mas sem uma chegada em alto. Toda a tensão será guardada para 50 quilómetros finais. Ainda antes da subida para o Monte Carpegna os ciclistas passam uma primeira vez pela meta, depois de subirem 6,1 kms a 5,3%. A subida já referida é muito dura, são apenas 6 kms mas a 9,9%! Na primeira passagem restam 31 quilómetros e na segunda apenas 12, antes de uma descida bastante complicada, que termina às portas do quilómetro final.

Etapa 7

San Benedetto del Tronto volta a receber o Tirreno-Adriático mas, ao contrário do contra-relógio final habitual, terá uma etapa em linha. Depois de muito sofrerem nos dias anteriores, será a hora para o duelo final entre os sprinters presentes em solo italiano.

Tácticas

A organização decidiu alterar o perfil da prova este ano, nas últimas épocas o Tirreno-Adriatico fechava com um contra-relógio individual, desta vez vai abrir com o esforço contra o cronómetro. Depois haverá oportunidades para os sprinters, 2 etapas de média montanha e o grande dia de alta montanha. Teoricamente não será necessário uma equipa do outro Mundo para controlar a corrida, muitas vezes esta corrida decide-se à base de força e isso até pode acontecer nos dias de média montanha, com rampas empinadas e estradas estreitas.

 

Favoritos

Depois do que fez no UAE Tour e na Strade Bianche, Tadej Pogacar tem de ser considerado o maior favorito e com alguma distância sobre os restantes. Um possível desgaste será mitigado com algumas etapas ao sprint nos primeiros dias e o bloco de apoio é excelente, contando com Majka, Formolo, Soler e Bjerg, especialmente Formolo conhece muito bem estas estradas. Não estamos a ver muitas maneiras da concorrência conseguir bater Pogacar.



Jonas Vingegaard foi a grande revelação no Tour 2021 e será dos poucos que tem hipóteses de bater o “alien” esloveno. O dinamarquês é bom em todo o tipo de terreno, até se defende bem no contra-relógio e o recente triunfo na Drome Classic prova que já está em boa forma nesta fase da temporada, aliás, como se viu hoje no Paris-Nice, quase toda a Jumbo-Visma está. O problema será a rede de apoio, numa primeira fase Bouwman e depois apenas Kuss.

 

Outsiders

Outro corredor que esteve na luta pelo Tour no ano passado, Richard Carapaz, começa aqui mais a sério a preparação para o Giro, o que implica um pico de forma mais cedo em relação aos rivais, talvez esteja mais avançado na sua preparação. A Ineos-Grenadiers precisa de um boost de confiança face aos resultados recentes das rivais e do golpe que foi a lesão prolongada de Egan Bernal. Ganna, Porte, Narvaez e Tao Hart são bons apoios.

O ambiente na Astana não é nada famoso, há rumores de salários em atraso e na Strade Bianche só 1 elemento da equipa terminou a corrida. Ainda assim, Miguel Angel Lopez vai querer dar uma sapatada na crise, ele que surpreendeu em Fevereiro com a sua capacidade de explosão em Espanha, um indício que está bem. O que perder nas outras etapas pode recuperar na alta montanha, é daqueles corredores que terá o pódio como objectivo.



Giulio Ciccone teve alguns problemas físicos no início de temporada, mas mostrou estar no Trofeo Laigueglia e temos elevadas expectativas sobre o que o italiano poderá fazer, se este será o verdadeiro ano da afirmação. Em Laigueglia falhou o movimento decisivo, mas recuperou bem, vai precisar que a Trek-Segafredo o coloque melhor, lembrando que ele adora as etapas de média montanha desta corrida.

 

Possíveis surpresas

Seria uma enorme surpresa para nós se Julian Alaphilippe ou Remco Evenepoel ganhassem esta corrida, até duvidamos muito de um pódio, principalmente porque Alaphilippe está a pensar mais nas clássicas e sofreu uma aparatosa queda na Strade Bianche e Evenepoel ainda apresenta debilidades na alta montanha, está possante demais para andar com os melhores nesse terreno. Enric Mas e Wilco Kelderman são corredores que quase certamente vão andar entre os melhores, são muito consistentes, até podem fazer top 5, mas não os estamos a ver a conseguir mais do que isso. Como é seu apanágio, Pello Bilbao está a fazer uma temporada discreta mas muito regular, tendo sido 3º no UAE Tour e 5º na Strade Bianche. Em muito boa forma, o basco é um especialista de provas de uma semana. Emanuel Buchmann é uma caixinha de surpresas, tem potencial para muito, mas ainda não estará a 100%. Romain Bardet gosta do terreno ondulado de Itália, só que não parece com capacidade para fazer mais do que um top 10. Rigoberto Uran vai liderar a EF Education, sendo que a falta de ritmo competitivo leva a duvidar das hipóteses de um pódio para o colombiano. Internamente Ruben Guerreiro e Mark Padun poderão dar mais garantias. Davide Formolo, Sepp Kuss e Richie Porte são alternativas nas principais equipas aos seus líderes caso lhes aconteça algo. Domenico Pozzovivo deverá lutar por um lugar dentro do top 10 e Jakob Fuglsang e Thibaut Pinot continuam muito longe do seu melhor.




Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Lorenzo Fortunato e Cristian Rodriguez.

 

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