Ao mesmo tempo do Paris-Nice, o World Tour continua por terras transalpinas com a “Corrida dos Dois Mares”. Mais um grande teste para os melhores do Mundo em direção a outros grandes objetivos, com Jonas Vingegaard a ser o grande nome presente.

 

Percurso

Etapa 1

O Tirreno-Adriatico começa com o habitual contra-relógio individual, pela terceira vez consecutiva em Lido di Camaiore a abrir a corrida em vez de San Benedetto del Tronto a concluir. Filippo Ganna ganhou das últimas 2 vezes e sempre sem grande contestação, o traçado é de ida e volta e em 2024 a distância será mais curta, 10 kms em vez de 12 e 14 das anteriores edições.




Etapa 2

Os sprinters têm oportunidade de brilhar em Follonica, uma jornada muito simples, com 2 contagens de montanha a meio, mas sem grande dificuldade e os últimos quilómetros serão bem planos. Como sempre a col0cação será de extrema importância, ainda para mais quando a última viragem está a cerca de 400 metros da meta. Os ciclistas têm oportunidade de reconhecer o final de etapa, passam por lá a primeira vez a 18 kms do final.

 

Etapa 3

Entra em acção a média montanha. Não é o habitual carrossel italiano de 225 kms, desta vez a organização decidiu privilegiar os sprinters que passam bem as dificuldades e com 2100 metros de acumulado guardou o mais complicado para o final. Primeiro há 6 kms a 3,6% e depois um longo falso plano até à meta que deverá encher as pernas dos ciclistas de ácido láctico.

 

Etapa 4

Mais um final propício para puncheurs ou sprinters que gostem de um final em subida. Veremos se a dura subida logo na primeira metade da etapa altera o cenário de um sprint em pelotão reduzido, são 17 kms a 5%, se o pelotão fizer esta montanha a passo a fuga vai ganhar muita vantagem e se for imposto um ritmo muito elevado pode causar muitos estragos. O quilómetro final tem uma inclinação média de 2,7%.

 

Etapa 5

Primeiro verdadeiro teste para os corredores da classificação geral e esta tirada deve ser encarada pelos favoritos como uma chegada em alto, no caso a San Giacomo, que está a 23 kms da meta, creio que tudo o resto apenas servirá de aquecimento e depois a aproximação à meta é feita em falso plano, com rampas a rondar os 4 e 5%. San Giacomo tem 11,9 kms a 6,2% e caracteriza-se por um início acessível e um final fácil. Os ataques devem surgir no miolo, com 3 kms consecutivos acima dos 7%.

 

Etapa 6

A etapa rainha. Chegada ao Monte Petrano num dia com cerca de 3500 metros de acumulado, um número até elevado para esta altura do ano. Na aproximação há uma colina com 2,4 kms a 8,4%, mas ainda há depois 15 kms de ligeira descida até à entrada na última montanha. O Monte Petrano é a subida mais difícil da competição, 10,2 kms a 7,9% e logo com uma entrada brutal, 2000 metros a 9%, que dão o mote. Depois as rampas raramente baixam dos 7%, é um martírio constante.

 

Etapa 7

Não deverá haver espaço para surpresas aqui. O Tirreno-Adriatico vai terminar com um sprint, chance para os homens rápidos que sobrevivam às dificuldades desta corrida de 1 semana.

 

Táticas

O Tirreno-Adriático habituonou-se a etapas muito animadas, com os circuitos finais nos muros transalpinos a trazerem muito espetáculo para os adeptos da modalidade. Este ano, esse tipo de etapas estão ausentes, existindo uma etapa com um final em subida, um dia de uma montanha muito dura e, finalmente, uma verdadeira chegada em alto. Acreditamos que a classificação geral se vai decidir aí, com os restantes dias a puderem causar pequenas diferenças entre os homens da geral.



Olhando para os blocos, a Visma|Lease a Bike traz, de longe, a equipa mais forte. Vingegaard é o líder indiscustível mas se olharmos para a restante equipa Cian Uijtdebroeks e Attila Valter podiam ser líderes noutra equipa, sendo que ainda há Steven Kruijswijk, Dylan van Baarle, Ben Tulett e Robert Gesink. Será a equipa neerlandesa a assumir a corrida, sendo que depois há várias equipas com duas alternativas, o que pode baralhar as contas mas sem uma etapa muito dura, fica difícil os ataques de longe. A BORA com Daniel Martinez e Jai Hindley e a UAE Team Emirates com Juan Ayuso e Isaac del Toro serão as equipas rivais.

 

Favoritos

Depois do que fez no Gran Camiño, é difícil não colocar Jonas Vingegaard como o grande favorito. O dinamarquês esteve um nível acima de todos e, depois disso, é impossível imaginar outro cenário. Vingegaard nunca venceu esta prova, é um fator de motivação extra para mais uma grande exibição. Não será fácil colocar o ciclista da Visma sob pressão,ele que deverá guardar-se para a chegada em alto, onde irá desferir um dos fortes ataques.

O seu grande rival tem de ser Juan Ayuso. O espanhol está a começar a temporada bem, conta com 3 pódios nas últimas 3 clássicas realizadas e isso demonstra boa forma. Numa UAE Team Emirates que chega motivada, Ayuso parte com responsabilidade mas isso não deve assustar o jovem ciclista que até pode conseguir bonificações pelo caminho e, dessa forma, adiantar-se face aos rivais.

 

Outsiders

Ben O’Connor entrou a todo o gás em 2024, com uma vitória e um pódio final no UAE Tour. A vitória na geral escapou por muito pouco mas, ao contrário de outros anos, vemos um australiano a começar a temporada em grande forma. A Decathlon AG2R está a andar muito bem e O’Connor é daqueles ciclistas que não tem medo de atacar de longe. Não resulta em todas as provas no entanto a estratégia tem sido bem sucedida.

Daniel Martinez foi um ciclista rejuvenescido na Volta ao Algarve, muito sólido na montanha e, como sempre, bem no contra-relógio. Há muito tempo que não víamos o colombiano tão forte, o que pode indicar que a mudança de equipa lhe fez muito bem. A motivação estará em altas, Martinez tem de continuar a mostrar que pode liderar neste tipo de provas, é mais um teste importante.



Depois de muitos meses de fora, Tao Geoghegan Hart regressou com uma exibição positiva no Algarve. Ainda longe do seu melhor, o britânico mostrou sinais de melhoria na montanha, em subidas que não eram perfeitas para si. Aqui a montanha é diferente, mais longa, mais ao seu jeito. Veremos como se defende no contra-relógio, normal é competente.

 

Possíveis surpresas

Enric Mas abre a sua temporada mais tarde que o habitual. Normalmente é um ciclista que demora a carburar mas também é preciso que renda rápido para dar pontos UCI à Movistar. Deverá estar entre os melhores mas pensar num triunfo é bastante diferente. Thymen Arensman terá no contra-relógio uma arma a seu favor e o facto da chegada em alto ser numa montanha bastante longa também o beneficia. Um motor de gosta de subidas constantes, nem sempre aparece bem, veremos se esta semana é o caso. Na INEOS Grenadiers, Tom Pidcock faz um primeiro teste à geral, ele que vem de exibições sólidas no Algarve e na Strade Bianche, só que aqui a dificuldade será ainda maior. Max Poole é um enorme talento, aos poucos tem conseguido exibições muito boas, a mais recente no UAE Tour onde foi 7º. Numa equipa onde também há Romain Bardet, a pressão não estará no jovem britânico que, dessa forma, poderá conseguir correr com mais liberdade. Richard Carapaz tem por norma apenas aparece nas Grandes Voltas, fora disso é um ciclista muito discreto, no entanto nunca podemos descartar o campeão olímpico de sacar um coelho da cartola. Neste tipo de provas não tem medo de arriscar. Na Bahrain-Victorious, Damiano Caruso é o principal líder, o italiano corre em casa e costuma aparecer minimamente bem nestas provas. Antonio Tiberi é uma alternativa muito credível, o transalpino tem evoluído a olhos vistos, um grande resultado deve estar para breve. Já aqui referimos que a Visma, UAE Team Emirates e BORA têm alternativas dentro do seu elenco. Neste caso, falamos de Cian Uijtdebroeks, Isaac Del Toro e Jai Hindley. Dentro destes 3 nomes, aquele que pode ter maiores possibilidades é o belga da Visma. Por fim, olho em Kevin Vauquelin, jovem francês da Arkea-B&B Hotels.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Damien Howson e Antonio Tiberi.



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