Está na hora de mais um Monumento, desta vez no empedrado da Flandres! As recentes clássicas trouxeram muito espetáculo e a expetativa de mais um duelo Wout van Aert vs Mathieu van der Poel vs Tadej Pogacar é enorme!

 

Percurso

Desde 2012 que o percurso se mantém praticamente inalterado, com a partida a ser dada bem cedo na cidade de Brugge. Digno de um Monumento são os 273,5 quilómetros de extensão, os 16 setores de empedrado e as 18 subidas.

Os primeiros 100 quilómetros são planos, existindo dois setores de empedrado não muitos longos. O mítico Oude Kwaremont (2,2 kms a 4%, 1500 metros em empedrado com rampas máximas de 11,6%) é a primeira grande subida do dia, surge pela primeira vez ao km 136,5 sendo que a partir daqui inicia-se uma nova prova, que se caracteriza por muitas ascensões, numa rápida sucessão.



Começa pela Kortekeer (1200 metros a 6,4%), seguindo-se mais 6 subidas e 3 setores de empedrado em apenas 31 quilómetros: Eikenberg (1200 metros a 5%), Wolvenberg (645 metros a 7,9%), os setores de empedrado de Holleweg (700 metros), Kerkgate (1400 metros) e Jagerij (900 metros), Molenberg (463 metros a 7%), Marlboroughstraat (2100 metros a 2,1%), Berendries (900 metros a 6,8%) e Valkenberg (500 metros a 7,4%).

Antes da entrada no circuito final surgem o Berg Ten Houte (1100 metros a 5,5%) e o Kanarieberg (1000 metros a 7,9%), que culmina a 70 kms da meta. A corrida entra num período de acalmia até aos derradeiros 55 quilómetros, quando os ciclistas fazem o seu regresso a Oudenaarde, que começa com mais uma passagem do Oude Kwaremont, à qual se segue o famoso Paterberg (360 metros a 12,9% com rampas a 20%).

A 45 quilómetros da meta aparece o Koppenberg (600 metros a 9,7%), logo seguido do sector de pavê do Mariaborrestraat, do Steenbeekdries (700 metros a 5,3%) e do Taaienberg (500 metros a 7,5%), que está a 36,5 quilómetros do final.

Se ainda nada estiver decidido, restam 3 subidas. O Kruisberg (2,6 kms a 4,1%, com 500 metros em empedrado) antecede a terrível dupla do Oude Kwaremont e do Paterberg, sendo que esta ascensão termina a apenas 14 quilómetros da linha de meta. Da última dificuldade até à linha de meta as estradas são planas e bastante largas, perfeitas para uma perseguição a um ciclista que esteja isolado.

 

Tácticas

Wout van Aert vs Mathieu van der Poel vs Tadej Pogacar? As casas de apostas veem este Tour des Flandres assim e é inevitável não achar que será parcialmente assim. Existem 3 factores diferenciadores para tal, a recente exibição deste trio na semana passada na E3 Harelbeke, as declarações de alguns dos rivais e as ausências no bloco de clássicas da Jumbo-Visma.

Falando sobre isso, as ausências de Jan Tratnik e de Dylan van Baarle alteram algumas dinâmicas da corrida, a formação neerlandesa antes pensava em maximizar a força do seu bloco, agora o foco está mais em potenciar os bons apoios a Wout van Aert para o belga ir o mais confortável possível. Diríamos mesmo que com os correntes alinhamentos não existe uma diferença assim tão grande entre Alpecin, Jumbo-Visma e UAE Team Emirates. Isto porque Laporte não é assim tão bom nestas subidas encadeadas e tanto Soren Kragh Andersen como Matteo Trentin têm estado em boa forma.



Para derrotar estes 3 tubarões é necessário antecipar os principais ataques, a questão é que é complicado antecipar mais ainda face ao momento que Pogacar e van der Poel vão usar para atacar. Sendo assim é preciso tentar antecipar e para além disso esperar que haja uma marcação cerrada entre as principais figuras visto que ainda há alguma distância até à meta.

Dentro desta tríade, para além de muita capacidade física há também um jogo psicológico muito grande. Pogacar nunca mostrou debilidades nas subidas, mas sabe que perde em condições normais, na E3 Wout van Aert ia perdendo o contacto várias vezes, muito dificilmente estava a fazer bluff. No entanto, os outros 2 sabem que levá-lo para o risco de meta é muito perigoso. Já Van der Poel é o que teoricamente até tem menos pressão, ora veja-se, já venceu esta corrida 2 vezes no passado, foi campeão do Mundo de Ciclocrosse e triunfou na Milano-Sanremo, dos 3 é o que mais espaço tem para especular.

Acho que vamos assistir a uma corrida muito parecida à E3 Harelbeke, Van der Poel e Pogacar vão querer abrir a corrida cedo e com isso também desgastar ao máximo Wout van Aert. Sem Dylan van Baarle não haverá tanta preocupação relativa a um grupo reduzido com uma superioridade grande da Jumbo-Visma e isso pode dar espaço a alguma antecipação dos ataques e eventualmente a um ciclista que poucos preveem fazer pódio.

ZWEELER

Como já é hábito para o Tour des Flandres haverá mais um incrível jogo do Zweeler! Para participar nesta prova tem um custo de 10 euros e distribui 6400 euros em prémios, têm 145 créditos para montar a vossa equipa e escolher os 13 ciclistas que acham que vos garantem o melhor resultado possível!

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Favoritos

Mathieu van der Poel – Campeão em título e com um registo impressionante nesta corrida, fez top 4 nos últimos 4 anos e pódio em 3 deles. Não me lembro de ver um Mathieu van der Poel tão fino nesta fase da temporada, tão à vontade em cima da bicicleta e é um corredor que de certa forma aparece sempre nos Monumentos e nos momentos decisivos. Parece que a época foi planeada ao detalhe, tanto no ciclocrosse como na estrada e o que fez na Milano-SanRemo foi muito, muito especial. A contratação de Soren Kragh Andersen pode vir a mostrar-se crucial nestes momentos, o dinamarquês está também a um nível muito elevado.



Wout van Aert – Não impressionou nas subidas durante a E3 Harelbeke, mas num momento em que começavam a surgir as dúvidas soube sofrer e conseguir uma motivadora vitória. Deu-lhe certamente outra tranquilidade, tal como lhe dá saber que dos 3 grandes favoritos em condições normais é o melhor sprinter. Está numa das equipas mais fortes, senão na mais forte, no entanto as ausências de Jan Tratnik e Dylan van Baarle fazem muita mossa e fazem com que a Jumbo-Visma altere a sua estratégia, veremos como os neerlandeses jogam as cartas Benoot e Laporte.

 

Outsiders

Tadej Pogacar – O esloveno bem tenta, mas não conseguiu até agora descarregar Mathieu van der Poel nas subidas da Flandres e isso é um handicap muito grande porque, apesar de ter uma boa ponta final, teoricamente é inferior ao holandês e ao belga nesse departamento. Não seria uma surpresa ver a UAE Team Emirates a pegar na corrida cedo porque para Pogacar quanto mais rápido se andar e dura for a corrida melhor, para tentar depois maximizar diferenças nas subidas. Precisa que Wellens e Trentin estejam ao seu melhor nível e bem colocados, ao contrário do que aconteceu na Dwars door Vlaanderen.

Matej Mohoric – Fora dos 3 “aliens” tem sido dos ciclistas mais consistentes e que mais critérios preenche para surpreender. É verdade que não é dos ciclistas mais explosivos e por isso perde nas subidas, mas Mohoric tem antecipado os maiores ataques de forma consistente e graças a isso tem estado em boas posições para obter grandes resultados. O mais provável é que tente fazer o mesmo e depois jogar com o facto de não ter dos ciclistas mais marcados, de ser esloveno e com o facto de andar bem sozinho.



Neilson Powless – Não tem grande experiência neste tipo de provas, no entanto tem tudo para ser uma das grandes surpresas na minha perspectiva. Gostei muito do que vi dele na Dwars door Vlaanderen, é muito completo e mostrou-se bem nas subidas e a ausência de Alberto Bettiol abriu-lhe até mais portas internamente. É um corredor que adora corridas longas, nomeadamente clássicas, já ganhou em San Sebastian, fez top 10 na Milano-SanRemo e na Liege-Bastogne-Liege, não podem dar muito espaço ao norte-americano.

 

Possíveis surpresas

Christophe Laporte – Está num grande momento, mas é preciso ver o contexto em que as vitórias foram obtidas, tanto na E3 Harelbeke como na Gent-Wevelgem mostrou-se alguns pontos abaixo dos grandes nomes nas subidas e isso vai ser exposto e exponenciado numa corrida como o Tour des Flandres, nesse departamento até Tiesj Benoot tem estado num patamar superior.

Movistar – Creio que os recentes resultados obtidos por Ivan Garcia Cortina e por Matteo Jorgenson vão fazer a equipa espanhola arriscar um pouco menos, para fazer um pódio precisam de antecipar os principais movimentos e arriscar, mas já viram fazer 2 top 10 é perfeitamente possível se forem um pouco mais conservadores.

Groupama-FDJ – Stefan Kung é um dos ciclistas mais consistentes do pelotão internacional neste tipo de corridas, mas o suíço tem-se mostrado curto nos momentos decisivos das corridas, parece que a forma da Volta ao Algarve não subiu ainda mais. Acho que a melhor aposta seria Valentin Madouas, o gaulês esteve mais forte na Dwars door Vlaanderen, ainda tinha alguma energia na parte final e é superior nas subidas face a Kung.

Mads Pedersen – Um especialista em corridas longas e duras, mas que é prejudicado pelo ritmo alucinante que é praticamente pelos grandes nomes nas subidas. Apesar de ser um sprinter exímio, Pedersen tem constantemente atacado de longe, mostrando que não quer ficar quieto à espera de ser descarregado por um ataque de Pogacar, para surpreender tem de ser mais esclarecido tacticamente.

Thomas Pidcock – Parecia que estava a caminho de batalhar com os melhores nestas clássicas, mas uma paragem forçada perturbou a sua preparação para este objectivo, pode aparecer e arriscar alguma coisa, não acho que esteja em condição física de lutar com os melhores.

Soudal-Quick Step – Em todas as clássicas até agora estiveram a correr atrás do prejuízo, é incrível como uma estrutura tão dominadora no passado está nesta situação. Alaphilippe diz que está em boa forma, mas anda a disparar pólvora seca, Asgreen está a milhas do nível que já mostrou e aquele que ainda tem dado algumas boas indicações face ao seu estatuto é Davide Ballerini.

Michael Matthews – Nos últimos anos tem focado a sua preparação nas subidas, chega aqui um pouco como Thomas Pidcock, é alguém que viu a sua preparação condicionada por problemas de saúde, em forma é ciclista para fazer top 5.



Soren Kragh Andersen – Num Mundo alternativo em que os 3 principais favoritos se marcam mutuamente isso abre espaço a uma surpresa e não seria impossível que a Alpecin colocasse Soren Kragh Andersen a marcar ciclistas como Laporte ou Benoot e depois o dinamarquês aproveitasse a oportunidade de uma vida, está a andar muito bem.

Anthony Turgis – Sem se saber bem como de certa forma aparece sempre bem nas principais corridas.

Nils Politt – Tem estado relativamente bem, o top 10 é perfeitamente possível.

Alexander Kristoff – Com um histórico invejável nesta corrida (não obstante tantas subidas), tem de ser mencionado, mas acho que a longa fuga na Dwars door Vlaanderen não foi assim tão benéfica para ele, pode ter gasto ali energia preciosa.

Israel Premier Tech – Sep Vanmarcke tem estado muito bem e se não tiver os seus habituais azares pode perfeitamente fechar top 10, resultado que obteve na Nokere Koerse, na Gent-Wevelgem e na Omloop. Deverá ficar mais expectante enquanto Krists Neilands, letão bem conhecido dos portugueses e que finalmente parece estar a dar mais um salto qualitativo, segue os ataques.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Matis Louvel e Frederik Frison.

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