Está na hora de mais um Monumento, desta vez no empedrado da Flandres! Numa temporadade clássicas recheada de muito espetáculo e drama, será alguém capaz de parar Mathieu van der Poel?
Percurso
Bem cedo, a partida é dada na cidade de Antuérpia. Digno de um Monumento são os 270,8 quilómetros de extensão, os 16 setores de empedrado e as 17 subidas. Os primeiros 100 quilómetros são planos, existindo dois setores de empedrado não muitos longos. O mítico Oude Kwaremont (2,2 kms a 4%, 1500 metros em empedrado com rampas máximas de 11,6%) é a primeira grande subida do dia, surge pela primeira vez ao km 134,3 sendo que a partir daqui inicia-se uma nova prova, que se caracteriza por muitas ascensões, numa rápida sucessão.
Começa pelo Kapelleberg (900 metros a 6,3%), seguindo-se mais 5 subidas e 3 setores de empedrado em apenas 31 quilómetros: Wolvenberg (600 metros a 6,5%), os setores de empedrado de Holleweg (700 metros), Kerkgate (1400 metros) e Jagerij (900 metros), Molenberg (400 metros a 7,1%), Marlboroughstraat (1800 metros a 3,1%), Berendries (900 metros a 6,4%) e Valkenberg (600 metros a 6,9%).
Antes da entrada no circuito final surgem o Berg Ten Houte (1100 metros a 5,7%) e o Nieuwe Kruisberg (2700 metros a 4%), que culmina a 65 kms da meta. A corrida entra num período de acalmia até aos derradeiros 55 quilómetros, quando os ciclistas fazem o seu regresso a Oudenaarde, que começa com mais uma passagem do Oude Kwaremont, à qual se segue o famoso Paterberg (360 metros a 12,9% com rampas a 20%).
A 45 quilómetros da meta aparece o Koppenberg (600 metros a 9,7%), logo seguido do Steenbeekdries (1100 metros a 2,5%) e do Taaienberg (500 metros a 8%), que está a 36,5 quilómetros do final.
Se ainda nada estiver decidido, restam 3 subidas. O Oude Kruisberg (2,5 kms a 4%, com 500 metros em empedrado) antecede a terrível dupla do Oude Kwaremont e do Paterberg, sendo que esta ascensão termina a apenas 16 quilómetros da linha de meta. Da última dificuldade até à linha de meta as estradas são planas e bastante largas, perfeitas para uma perseguição a um ciclista que esteja isolado.
Táticas
As ausências de Wout van Aert e Jasper Stuyven e as consequências da queda em Mads Pedersen mudam a análise prévia que se pode fazer à corrida. Toda a responsabilidade deve recair sobre a Alpecin-Deceuninck, vai ter que ser a equipa neerlandesa a assumir a perseguição e a fechar espaços caso alguém se movimente.
Ora, é aqui que pode estar a chave da corrida. Soren Kragh Andersen e Axel Laurance devem ser aquele que mais perto devem estar de Mathieu van der Poel, visto que Gianni Vermeersch também caiu na quarta-feira e ainda é uma incógnita. Isto pode deixar o campeão do Mundo exposto demasiado cedo. As equipas rivais sabem que têm de atacar de longe para obrigar a um maior desgaste e, talvez num desses ataques possam quebrar com a resistência de Van der Poel. Se o deixam chegar confortável à sequência final Oude Kwaremont/Paterberg, só o veem no pódio final.
Favoritos
Se antes de todos estes acontecimentos Mathieu van der Poel já era o principal favorito, agora muito mais. O campeão do Mundo está em grande forma, mostrou no fim-de-semana passado que é praticamente impossível superar nas subidas e, depois de ter perdido ao sprint quererá chegar sozinho. Se o deixam chegar confortável ao final, ninguém o conseguirá seguir. Tem que ser muito frio a seguir os ataques iniciais.
Matteo Jorgenson terá que fazer o papel de Wout van Aert. O momento de forma do norte-americano parece não abrandar e, depois de vencer o Paris-Nice, foi 5º na E3 Saxo Classic e venceu a Dwars door Vlaanderen. Prova longa com muitas subidas é perfeito para Jorgenson que deverá ser o ciclista mais resguardado da Visma|Lease a Bike.
Outsiders
Stefan Küng é daqueles ciclistas que sabe que tem de chegar sozinho para vencer. O helvético tende a antecipar os principais ataques e não nos admirávamos que o voltasse a fazer, foi assim que fez 6º e 5º nas últimas duas edições. Uma grande vitória está a bater à porta, Kung já merece.
Alberto Bettiol foi traído por problemas físicos na Dwars door Vlaanderen, quando parecia estar bem. Já não é a primeira vez que isso acontece ao italiano no entanto é inegável que está em grande forma, basta ver como se mostrou na Milano-Sanremo. Já sabe o que é vencer esta prova, isso será fundamental. É um ciclista que não tem medo de atacar.
Uma equipa que deverá atacar de longe é a Lidl-Trek e, nesse cenário, apontamos Toms Skujiņš. O letão tem estado “discreto” mas sempre entre os melhores. Um dos mais fortes nas subidas do fim-de-semana de abertura, 2º na Strade Bianche e 8º na E3 Saxo Classic, está pronto para dar o salto. Tem que antecipar as grandes figuras, a forma está lá.
Possíveis surpresas
Mads Pedersen foi um dos ciclistas que caiu na quarta-feira e, por isso, não está a 100%. A forma está lá, o dinamarquês adora este tipo de provas longas mas também sabe que no duelo direto não será fácil aguentar nas subidas. Terá que antecipar as grandes movimentações, principalmente, Van der Poel pois a sprintar sabe que o consegue superar. Tem sido uma Primavera para esquecer para Dylan van Baarle. O neerlandês está longe do seu melhor mas também é certo que tem tido azares. A Visma|Lease a Bike terá que o lançar de longe, o seu ciclista não se importa de fazer esses ataques, foi assim que conseguiu grandes vitórias. Na equipa neerlandesa, Tiesj Benoot é outra alternativa, apareceu a um bom nível na Dwars door Vlaanderen, um sinal motivador.
A Bahrain-Victorious é uma equipa que corre um pouco por fora mas não significa que não tenha dois bons candidatos. Matej Mohoric não tem tido uma temporada de clássicas muito positiva mas o esloveno garantiu que os próximos dois fim-de-semanas são os seus objetivos.Mohoric é um ciclista de grandes momentos, raramente falha. O seu companheiro de equipa Fred Wright deverá ser usado para seguir ataques, tem estado muito bem na aproximação à Flandres.
Matteo Trentin volta a ter uma oportunidade para liderar uma equipa em Flandres. O italiano é um ciclista muito competente, sabemos que a vitória será muito difícil, só que o ciclista da Tudor tem a experiência para o conseguir. Michael Matthews e Laurence Pithie são outros dois ciclistas com boa ponta final e que têm estado muito bem, veremos como irão reagir a uma distância tão longa e tanta dureza, principalmente Pithie. Oier Lazkano não vai ter medo de atacar de longe, é a sua imagem de marca, o campeão espanhol sabe que só assim pode conseguir um grande resultado. Nessa linha também entram nomes como Valentin Madouas, Tim Wellens, Nils Politt e o antigo vencedor Kasper Asgreen, ciclistas ofensivos e que sabem que têm de atacar de longe para vencer.
Super-jokers
Os nossos super-jokers são Vincenzo Albanese e Krists Neilands.