O ciclismo também prossegue em solo europeu e em França com mais uma prova por etapas. Quatro dias de competição, com etapas para todos os gostos, uma competição que marca a estreia em 2022 do campeão do Mundo Julian Alaphilippe.

 

Percurso

Prólogo

Este ano a organização do Tour de la Provence decidiu mudar um pouco o perfil da prova e a jornada inaugural consiste num contra-relógio individual com pouco mais de 7 kms junto a uma Promenade. É um esforço para corredores bastante poderosos, com longas rectas e onde o vento poderá ter alguma influência caso vá mudando de direcção ou intensidade. Desde 2019 que a corrida não começava desta forma, na altura foi decisivo para o triunfo de Gorka Izagirre, mas numa edição em que não havia alta montanha.




Etapa 1

Uma etapa aparentemente inofensiva e que a organização montou para os sprinters terem uma chance nesta corrida. Mas que pode ter mais que se lhe diga, as últimas dezenas de quilómetros apresentam possibilidade de bordures caso as condições se apresentem para tal.

 

Etapa 2

É a vez dos puncheurs aparecerem numa tirada clássica de média montanha, um sobe e desce constante, especialmente nos últimos 100 quilómetros, com uma contagem de 2ª categoria já dentro dos 30 kms finais, mas que não deve fazer grandes diferenças. Até poderá haver um ou outro sprinter com esperança de passar as dificuldades para discutir o final em Manosque. O quilómetro final tem uma inclinação média de 4%, mas os últimos 500 metros são bem mais duros.

 

Etapa 3

Muito possivelmente o palco de todas as decisões será a Montagne de Lure, numa etapa sem grandes dificuldades sem ser esta subida final, as equipas de quem tenha aspirações deverão conseguir controlar as operações e manter o bloco junto. Esta subida tem 13,4 kms a 6,5%, um teste importante nesta fase da temporada, é relativamente constante e tem a sua fase mais complicada já perto do final, com 2 kms a 7,7%, o mais provável é que os favoritos se mexam aí, a 3/4 kms da meta.




A incerteza

Estas antevisões de Fevereiro são sempre muito complicadas, para alguns ciclistas é a primeira competição do ano e não se sabe como se vão apresentar aqui. Para as grandes figuras como Alaphilippe ou Carapaz, podem não querer levar o seu corpo até ao máximo, alguns corredores tiveram Covid-19 e não sabem como o corpo vai reagir.

Apesar do prólogo inicial ser aparentemente irrelevante para a classificação geral, acreditamos que irá ser importante na definição da estratégia da corrida na última etapa. Puros trepadores como Quintana, Sosa, Ciccone, Tolhoek ou Storer vão perder alguns segundos aí para os melhores no contra-relógio e a etapa de alta montanha não é assim tão dura.

 

Favoritos

Podemos passar completamente ao lado nesta previsão, mas vemos com bons olhos a possibilidade de vitória para Ethan Hayter. O britânico é um especialista em pista, mostrou na Volta ao Algarve do ano passado que pode andar bem em subidas longas e a 2ª etapa é muito boa para ele. Ou seja, na última etapa poderemos ver a Ineos-Grenadiers a controlar a corrida para Hayter com o seu habitual comboio de montanha, onde Filippo Ganna e Richard Carapaz (não parece em grande forma, caiu em Besseges e não parecia muito interessado na geral nessa corrida) serão preponderantes. Em caso de vento a Ineos tem uma excelente equipa para tal.



Não temos completa certeza que vai andar no limite, mas se fizer remotamente perto disso, Julian Alaphilippe é um óbvio candidato ao triunfo. O francês defende-se bem em esforços explosivos, adora o final da 2ª etapa e depois na alta montanha é capaz de boas exibições, lembrando que no ano passado foi o que melhor conseguiu acompanhar o ritmo da Ineos na subida decisiva. A Quick-Step é outra especialista com vento.

 

Outsiders

Se estiver ao nível de 2021 nesta corrida, Ivan Sosa é ciclista para vencer este Tour de la Provence novamente. O colombiano, agora na Movistar, mostrou estar numa forma aceitável nas clássicas espanholas e já tem alguma rodagem. No entanto, vai ser dos mais prejudicados pelo prólogo e saiu da sua zona de conforto ao integrar a equipa ibérica, veremos como será a sua adaptação.

Estamos muito curiosos para ver como se sairá Michael Storer com as cores da Groupama-FDJ, uma transferência surpreendente daquele que foi uma das grandes revelações da Vuelta em 2021. É um puro trepador que vai adorar a subida da última etapa, mas o seu desempenho é uma grande incógnita, acreditamos que a Groupama-FDJ vai querer andar bem nesta corrida caseira e só Storer tem hipóteses de fazer pódio.



Com a ausência de Giulio Ciccone, Mattias Skejlmose Jensen ganhou uma enorme oportunidade para poder liderar a equipa da Trek-Segafredo. O dinamarquês é um jovem que tem paulatinamente subido nos rankings e que é muito regular na montanha. Em 2021 entrou muito forte, foi 6º no UAE Tour, e um resultado importante aqui seria um marcar de posição na hierarquia.

 

Possíveis surpresas

Como referimos anteriormente, acreditamos que após o prólogo a aposta da Ineos-Grenadiers não recaia em Richard Carapaz, mas o equatoriano pode surpreender-nos. Na Quick-Step é preciso não descartar o jovem Ilan van Wilder, sobre o qual temos grandes expectativas para 2022 após a saída conturbada da Team DSM, o belga é bom no contra-relógio e tem vindo a melhorar na montanha, só apostamos mais em Alaphilippe porque é uma corrida francesa e que o campeão do Mundo pode ganhar sem se esforçar em demasia. Aos 32 anos, em claro declínio na carreira, será muito pouco provável vermos uma vitória de Nairo Quintana, também pelo tempo que vai perder no prólogo e pela falta de explosão que tem. A Trek-Segafredo tem, também, Antwan Tolhoek e Kenny Elissonde. Após um grande 2021 onde foi 9º no Paris-Nice e 15º no Tour, existem grandes expectativas sobre Aurelien Paret-Peintre, mas o promissor francês não é propriamente um puro trepador e chega aqui sem rodagem. Pierre Latour é um nome a ter bastante em conta, achamos quase impossível que vença, mas o pódio ou top 5 é bem possível, já que é um bom contra-relogista, bom trepador em subidas rolantes como Montagen de Lure e vem de um 4º lugar na Etoile de Besseges. Vemos com possibilidades de top 10 Gorka Izagirre, Oscar Rodriguez e Geoffrey Bouchard.




Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são Victor Lafay e Carl Hagen.

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