As provas por etapas World Tour estão de regresso com a Suíça a marcar presença no calendário, numa competição onde Primoz Roglic vai tentar afinar o motor para o Giro.
Percurso
Como já é tradicional, o Tour de Romandie começa com um prólogo, desta vez na cidade de Neuchatel. 39100 metros que ficam marcados por uma subida de 400 metros a 5.5% a meio do percurso.
A primeira etapa em linha traz logo bastante montanha nos 168,8 quilómetros entre Neuchatel e La Chaux-de-Fonds. Cinco contagens de montanha de segunda categoria, com os últimos 50 quilómetros a incluírem o Cote de la Vue Des Alpes (5.1 Kms a 4.8%) e o Col de la Tourne (4.2 Kms a 7.2%), com esta última a ficar a 25 quilómetros do fim. De destacar uma subida de 1.7 kms a 7.6% a 12 quilómetros do fim.
Ao terceiro dia surge, talvez, a única oportunidade para os sprinters e, mesmo assim, estes não terão tarefa fácil já que existe o longo Col du Mollendruz (21.3 Kms a 3.3%) a meio da etapa e o Reverolle (800 metros a 8.6%) a 22 quilómetros da chegada. Sem mais chances para os homens rápidos e, apesar das subidas, esperamos ver uma chegada em pelotão compacto.
Romont recebe a partida e a chegada da 3ª etapa. O percurso é bastante ondulante desde o seu início no entanto a corrida só deve começar a animar após a passagem pela meta, à falta de 48 quilómetros para a chegada. A subida de Villars-Bramard (4.3 kms a 5.3%) termina a 17 quilómetros da chegada e, após uma curta descida, segue-se uma colina de 5900 metros a 3.1% que termina a 4 quilómetros do fim. A etapa deve decidir-se nos últimos 900 metros da etapa que são a 7.8%.
O fim-de-semana traz a única chegada em alto da prova. Duas segundas categorias e três primeiras categorias vão animar a etapa, sendo que o mais importante está nos derradeiros 50 quilómetros com o Col des Mosses (13.1 Kms a 4.1%) que antecede a subida final para Torgon (10.3 Kms a 6.5% com rampas a 12%). A subida termina a 2300 metros do fim, seguindo-se mais um quilómetro em ligeira subida, antes do último quilómetro plano.
A decisão do Tour de Romandie será em Geneve, nos 16850 metros de contra-relógio individual. Logo no quilómetro inicial há 600 metros a 7.7%. Após a íngreme subida, a estrada continua inclinada, mas não tanto, até uma curtíssima descida, que antecede 700 metros a 5.7%, antes do ponto intermédio. A partir daqui o percurso é bastante simples, com os últimos 5 quilómetros em linha reta.
Tácticas
Esta é daquelas provas por etapas em que não há grande táctica possível, não perder muito tempo no prólogo e nas primeiras etapas para depois fazer as diferenças na chegada em alto e no contra-relógio, será necessário ser muito bom na corrida contra o cronómetro.
Favoritos
Primoz Roglic – O actual campeão em título está a preparar meticulosamente o Giro e deve chegar aqui quase a 100%. Com Steven Kruijswijk para o ajudar e uma grande capacidade no contra-relógio o esloveno é o claro candidato ao título. Nas 2 provas em que entrou em 2019, ganhou sempre.
Emanuel Buchmann – Está a efectuar a sua melhor temporada de sempre, com resultados impressionantes no contra-relógio. A Bora-Hansgrohe está a andar muito bem e os seus ciclistas estão muito motivados, Buchmann não tem medo de atacar e tem uma boa capacidade de explosão.
Outsiders
Geraint Thomas – Tudo depende da condição física do britânico, teoricamente terá mais que capacidade para estar na luta, mas em 2019 ainda nem sequer conseguiu integrar os 5 primeiros em alguma prova. Também no plano teórico já estará em melhor forma. O nosso feeling é que Thomas ainda não estará em condições de discutir a corrida.
Daniel Martinez – O colombiano estará radiante com a melhoria da EF Education First no contra-relógio, é um bom especialista que precisava disto para discutir provas de 1 semana. Martinez não é um puro trepador, mas com só 1 ou 2 dias de montanha defende-se muito bem. O top 20 na Liège-Bastogne-Liège indica boa forma.
Steven Kruijswijk – Caso Primoz Roglic não estivesse cá seria um forte candidato. Assim sendo deve trabalhar para Roglic, que é melhor contra-relogista que ele, a Jumbo-Visma costuma ter uma hierarquia muito bem definida. No entanto, há a possibilidade de Roglic não querer gastar demasiados cartuchos e aí Kruijswijk entra na luta.
Possíveis surpresas
David Gaudu – Um enorme talento com um estilo muito característico. Não será ciclista para discutir a corrida, mas o top 5 é perfeitamente possível. Terá de atacar e fazer diferenças na chegada em alto, quando mais importa, é um puro trepador que demonstrou estar bem ontem.
Michael Woods – O único a par de Davide Formolo capaz de seguir Fuglsang numa fase inicial ontem, Woods deve estar entre os melhores na montanha, mas sobre a “cabra” é muito fraco e deve perder muito tempo.
Felix Grossschartner – Recente vencedor da Volta a Turquia, tem evoluído de forma muito sustentável e pode perfeitamente ameaçar o pódio, adora os contrarrelógios na ordem dos 20 kms e pode aproveitar uma menor marcação.
Simon Spilak – Praticamente desparecido em 2019, foi 1º em 2010 e 2º em 2013, 2014 e 2015 na Romândia, o esloveno parece que se encontra quando compete na Suiça, o histórico na Volta a Suiça também é impressionante.
Ilnur Zakarin – 10º no Paris-Nice, o russo esteve bem ontem, numa prova muito dura e com condições complicadas, Zakarin terá o top-10 como principal objectivo.
Rui Costa – Fez pódio em 2012, 2013 e 2014, 5º no ano passado, sente-se em casa na Suiça. Apresentou-se melhor do que o esperado nas Ardenas depois de uma queda que lhe prejudicou a preparação, deve estar bem melhor aqui até porque não completou a prova ontem.
Remco Evenepoel – Ainda não tem o nível necessário para discutir esta prova, desengane-se quem pense o contrário. É o principal objectivo da época para ele, mas estará no máximo no top 10, não mais.
Sebastian Reichenbach – Um gregário de luxo para Thibaut Pinot que pode ter uma oportunidade de ouro em casa, especialmente se David Gaudu acusar o desgaste da Liège.
Guillaume Martin – Em constante progressão e muito constante, um top 10 seria uma vitória para ele e para a Wanty – Groupe Gobert. Já esteve entre os 10 primeiros na Volta a Catalunha este ano.
Super-Jokers
Os nossos Super-Jokers são: James Knox e Gino Mader.
Tips
Emanuel Buchmann no pódio da geral a 2.75 (stake 1)