Está de regresso o World Tour! O pelotão internacional volta a viajar até à Austrália para a abertura oficial da temporada. Com um percurso bastante variado, e com oportunidades para todos, os candidatos à vitória são muitos.

 

Percurso

Etapa 1

Tanunda acolhe a primeira jornada do World Tour masculino de 2024. Um circuito com 3 passagens pela meta e o mesmo número de passagens por uma contagem de 4ª categoria com 1000 metros a 5,2%, que não deverá fazer grandes diferenças. O final é em ligeira subida, o traçado é semelhante à etapa 2 de 2023, quando Phil Bauhaus bateu Caleb Ewan e Michael Matthews.




Etapa 2

Traçado diferente e muito interessante, vai ser uma incógnita porque nos últimos anos o Tour Down Under nunca teve um final aqui. Primeiramente é interessante pelos 10 quilómetros iniciais sempre a subir, será que alguém vai tentar alguma coisa aqui e vai-se formar uma fuga forte? Ao longo do dia os ciclistas fazem a Fox Creek Climb (1600 metros a 7,5%) por 2 vezes, ambas ainda longe da meta e dentro dos 5 kms finais há uma colina de 600 metros a 5,6% que pode originar ataques, não vai ser nada fácil para as equipas dos sprinters controlarem este final em Lobethal.

 

Etapa 3

Parte inicial mais acidentada, inclusivamente com 2 contagens de montanha, depois acalma tudo para um previsível final ao sprint em Campbelltown. Nos 2 finais anteriores coincidentes com esta cidade houve a subida a Montacute perto da meta, este ano não existe, portanto o perfil é mais semelhante à etapa 4 de 2017, quando Caleb Ewan levantou os braços diante de Peter Sagan e Danny van Poppel

 

Etapa 4

Os sprinters já estão de barriga cheia e ainda mais vão ficar quando virem este perfil, 136 quilómetros quase sempre junto à costa e apenas com uma contagem de 3ª categoria a meio, final em Port Elliot

 

Etapa 5

Finalmente começa a haver espaços para diferenças, no clássico final em Willunga Hill! A organização decidiu colocar novamente a dupla passagem por esta complicada subida de 3400 metros a 7,3% de inclinação média. É uma romaria que já não se faz desde 2020 (em 2023 o final foi mais abaixo, ao sprint e não houve corrida em 2021 e 2022). Na segunda casa de Richie Porte, o último vencedor foi Matthew Holmes graças a uma fuga.




Etapa 6

O término da edição de 2023 repete-se em 2024, desta vez com 3 voltas completas ao circuito, ao contrário das 4 do ano passado. Os últimos 14 quilómetros de cada volta são quase sempre em falso plano e a fase mais dura quase coincide com a chegada, os tais 1600 metros a 6,5%. Não é um circuito que faça diferenças enormes, no ano passado quase 20 ciclistas chegaram a 10 segundos ou menos do vencedor, Simon Yates.

 

Táticas

Creio que globalmente esta é uma edição muito amiga dos “puncheurs” porque o único local propício para fazer diferenças é Willunga. Este ano não há Montacute, não há Corkscrew (como em 2023 quando Bilbao, Yates e Vine deram meio minuto a toda a gente), nem sequer há prólogo. Já se viu que no Mount Lofty quem está minimamente em forma se consegue defender (no ano passado até Coquard chegou no grupo principal).

A questão é que mesmo Willunga não é um monstro intransponível. Em 2019 e 2020, 16 ciclistas conseguiram minimizar perdas e terminar a menos de 30 segundos de Richie Porte, edições em que Daryl Impey disputou o triunfo na geral. Quero dizer que não descarto a possibilidade de um corredor com as mesmas características de Impey estar na luta, esta é uma boa edição para tal e há 12 sprints bonificados que ajudam a que isso aconteça.

Esta é uma corrida especial, nem todos se dão bem com a Austrália e nem todos os ciclistas andam bem nesta fase do ano.

 

Favoritos

Simon Yates – Uma das corridas mais importante do ano para a Jayco e vem com o grande líder para a montanha, acompanhado de Plapp e Harper. Não tenho dúvidas que vem para liderar a equipa, senão nem fazia esta incursão e que pretende vingar a derrotar de 2023 face a um superlativo Jay Vine. É explosivo o suficiente para ir às bonificações nos últimos 2 dias.



Filippo Ganna – Julgo que tem boas chances de somar aqui uma importante vitória. Em 2023 vimos um Ganna muito melhor ao sprint do que em anos anteriores e isso pode ser fulcral aqui, sempre com o pensamento de minimizar perdas em Willunga (veja-se o Malhão no ano passado em que apenas cede 20 segundos) e de ir somando bonificações. Costuma estar a andar muito bem logo em Janeiro.

 

Outsiders

Julian Alaphilippe – Estando em grande forma …teria de estar na categoria acima, mas o Alaphilippe de 2023 dificilmente poderá ganhar a geral. É preciso estar a um grande nível para fazer diferenças em Willunga, é um esforço brutal e Alaphilippe é um bocadinho como Ludwig, aguenta até partir o motor e depois a partir daí é sempre em queda. Sempre espirituoso, ficou recentemente a saber que não terá lugar na equipa do Tour, veremos como está o lado motivacional.

Finn Fisher-Black – É desta parte do globo, o que é uma vantagem porque não exige tanto esforço de habituação ao fuso horário e ao clima. É um tiro no escuro porque não se sabe bem quem é o líder da UAE, acredito que seja ele. Surpreendeu na Vuelta de 2023 com um 2º lugar em etapa, logo numa subida parecida a Willunga. É explosivo e inconstante, vamos ver se deu o salto após ter feito uma prova de 3 semanas.

Oscar Onley – Em 2023 mostrou que deu um salto qualitativo e ao mesmo tempo que este tipo de subidas é onde se adapta melhor. A DSM tem por hábito apresentar-se bem aqui e o britânico pode muito bem ser aquele convidado mistério que todos subestimam e ninguém espera.

 

Possíveis surpresas

Luke Plapp – Ou faz pódio ou fica fora do top 20. Não só é esse tipo de ciclista como está dependente do que faz e de como está Yates para ter liberdade.

Milan Vader – Último vencedor do World Tour em 2023 contra alguma concorrência interessante, vamos ver se não se transforma numa espécie de “novo Roglic” na perspectiva de adaptação ao ciclismo de estrada. A equipa claramente acredita no seu potencial e gosta destas montanhas.

Diego Ulissi – Um dos ciclistas com melhor histórico dos que estão aqui presentes, no entanto creio que tem sido um pouco ultrapassado pela nova geração nos últimos tempos. Aos 34 anos já não tem a explosão e a acutilância que tinha.



Corbin Strong – O único ciclista do estilo “Impey” que vejo nesse pelotão e que falei na parte das Táticas. Sinto que evoluiu bastante neste tipo de terreno nos últimos 12 meses e se partir para Willunga com alguma vantagem para a concorrência pode exceder-se.

Damien Howson – Por vezes acompanhou ciclistas que nunca pensámos conseguir seguir em 2023. Será que vai voltar a superar as expectativas e talvez conseguir um top 5?

Jack Haig – Apesar de ser australiano é a primeira vez que começa a temporada aqui. Na minha perspectiva é um corredor de top 10, sem grande explosão e sem grande capacidade de fazer diferenças.

George Bennett – Aplica-se quase o mesmo. Ciclista regular, conhecedor do traçado e da prova, corredor de top 10.

Stephen Williams – Ciclista explosivo e que gosta de subidas destas é extremamente irregular, será que vai aparecer aqui em boa forma?

Michael Storer – Trepador incrível nos seus dias, está a liderar a selecção australiana e é outro sólido candidato ao top 10.

Johannes Staune-Mittet e Archie Ryan – Coloco estes 2 corredores sensivelmente no mesmo patamar, incríveis sub-23 em 2022 e 2023, com grandes performances na Volta a França do Futuro e no Baby Giro, é uma grande incógnita saber como será a transição para elites, podem brilhar ou passar completamente despercebidos, mas considero serem daqueles outsiders com chances de ganhar.

Isaac del Toro – O mexicano está visto que é uma caixinha de surpresas. Será que estamos perante o próximo Pogacar que brilha logo na primeira corrida entre os elites?



Ruben Guerreiro – No papel o líder da Movistar, confessou não estar ainda a 100% antes da prova começar, vai tentar um lugar de honra na mesma, mas assim torna-se complicado surpreender os favoritos.

 

Super-Jokers

Os nossos Super-Jokers são: Joshua Tarling e António Morgado.

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