Foto: Tim de Waele/Getty Images

A prova chinesa fecha a temporada de ciclismo em termos de World Tour. Esta é uma competição onde vários ciclistas se vão despedir das suas equipas, querendo fazê-lo da melhor maneira possível.

 

Percurso

Etapa 1

O Tour de Guangxi começa com uma curta etapa de 150 quilómetros em Fangchenggang, feita num circuito a ser percorrido por 4 vezes. O circuito tem um total de 4 subidas, todas elas feitas de forma consecutiva – 600 metros a 7,3%, 1000 metros a 5,1%, 400 metros a 7,4% e 1000 metros a 6,7%. Algumas pendentes interessantes, pode levar a ataques no entanto tudo se deve decidir ao sprint num grupo ainda numeroso.




Etapa 2

A primeira etapa com alguma montanha. Depois de 140 quilómetros praticamente planos, os ciclistas têm pela frente 11,7 kms a 3,3%, uma subida longa mas, como se pode evidenciar pouco dura e que na sua parte final é quase plana. Ficam a restar 27 quilómetros para o fim pelo que devemos ver nova chegada ao sprint.

 

Etapa 3

A maratona desta edição, com 216 quilómetros de extensão. O terreno ondulante está presente durante toda a etapa, com o menu principal a estar nos derradeiros 35 quilómetros. Já depois de algumas subidas não muito complicadas, surgem 1400 metros a 7,4%, uma colina já com pendentes bastante inclinadas. Rápida descida até à última dificuldade, 1500 metros a 5,6%, esta situada a menos de 13 quilómetros da chegada, o que pode proporcionar ataques mais importantes.

 

Etapa 4

Quatro contagens de montanha pelo caminho entre Bama e Jinchengjiang podem tornar a etapa bastante interessante de se acompanhar. Apesar de tudo, 3 delas na primeira metade da etapa, o que não deve levar a muitos ataques. Por curiosidade, pode ser num sprint bonificado localizado num pequeno topo a 12 quilómetros do fim que os ataques podem surgir e evitar mais uma chegada ao sprint na prova.

 

Etapa 5

A única chegada em alto aparece ao 4º dia, num total de 166 quilómetros com chegada a Nongla Scenic Area. Praticamente 162 quilómetros planos até ao muro final. São 3300 metros a 6,7%, com rampas a superar os 10% tanto no início como na parte final. Uma etapa perfeita para trepadores explosivos.




Etapa 6

Naning recebe a última etapa da competição, mais uma em circuito, esta com um total de 5 voltas perfazendo 135 quilómetros. Este é um circuito marcado por uma curta colina de 1300 metros a 2,4% (primeiros 600 metros a 13,3% e derradeiros 400 metros a 14,3%) ao quilómetro 4. Na última passagem, restam cerca de 20 quilómetros para o final.

 

Táticas

Apesar de quase todas as terem algumas dificuldades, é difícil ver outro cenário no qual a classificação geral não seja decidida na chegada em alto do 4º dia. O percurso até foi mais endurecido, o que pode fazer com que a corrida se fracione mais vezes que o habitual, no entanto os blocos não são assim tão fortes e há muitas equipas com sprinters, pelo que dificilmente não veremos várias chegadas ao sprint a acontecer. Sendo assim, o vencedor deverá ser um trepador explosivo que ainda está motivado e fresco nesta altura da temporada.

 

Favoritos

Lennert van Eetvelt vem de fazer 7º na Lombarida, isto tudo depois de ter abandonado a Vuelta devido a doença. O jovem belga deu um salto qualitativo impressionante esta temporada, muito mais regular e na disputa das grandes provas, basta ver o que fez no UAE Tour onde ganhou a geral e uma das chegadas em alto. Van Eetvelt adora estas subidas mais explosivas, alguém que ainda se encontra realtivamente fresco nesta altura da temporada.

Será Joseph Blackmore capaz de terminar a temporada com mais um grande resultado? 2024 é um ano para mais tarde recordar, começou na equipa de desenvolvimento e, os grandes resultados valeram a promoção a meio do ano. Vencedor do Tour de l’Avenir, 5º nos Mundiais sub-23 e 8º no GP Wallonie, o jovem britânico chega em excelente forma e motivado para terminar bem a temporada, num percurso ideal para si.

 

Outsiders

Max Poole iniciou a sua viagem até à Ásia mais cedo, triunfando no Tour de Langkawi, onde conseguiu as primeiras vitórias da carreira. Trepador muito talentoso, o britânico libertou a pressão com esses triunfos e isso pode ser fundamental para tudo correr bem. Nem sempre tem as melhores decisões táticas, viu-se isso na Vuelta, no entanto com Oscar Onley pode formar uma dupla muito perigosa.



Pavel Sivakov está longe de ser um trepador explosivo, é alguém que preferiria subidas longas. Apesar de tudo, o francês chega depois de fazer um grande trabalho em prol de Tadej Pogacar na Lombardia, demonstrando grande disponibilidade física. A equipa da UAE Team Emirates tem diversas opções e Sivakov pode ser utilizado para atacar de longe e, nesse cenário, terá mais vantagem.

Jhonatan Narvaez regressa após ter contraído COVID-19 que o retirou dos Mundiais. O equatoriano irá para a last dance na INEOS Grenadiers e quererá acabar da melhor maneira possível, num percurso bem ao seu estilo. Longe de ser um trepador, Narvaez é alguém bastante explosivo e que se pode defender na chegada em alto. Conseguindo bonificações nas restantes etapas fica mais perto do triunfo.

 

Possíveis surpresas

Já aqui referimos Oscar Onley e o britânico pode, muito bem, ser a principal aposta da Team dsm fiermenich. O britânico é, também, um ciclista muito explosivo e com mais experiência neste tipo de andanças. Evidenciou-se em boa forma no Tour of Britain e nos Mundiais. Por falar em Campeonatos do Mundo, Quinn Simmons foi quem ousou seguir o ataque de Tadej Pogacar. O irreverente norte-americano chega com pouca competição, mais fresco que a maioria, e motivado para acabar bem a temporada. Não é um trepador mas um ciclista completo e sem medo de atacar de longe. A UAE Team Emirates tem em Tim Wellens e Felix Grosschartner duas excelentes alternativas. O belga já conta com esta prova no palmarés, alguém que acaba sempre bem as temporadas e adora este tipo de finais. O austríaco é alguém que costuma vir à China com objetivo de estar entre os primeiros.



Alex Baudin tem uma oportunidade rara de liderar a Decathlon AG2R, uma equipa que tanto rendeu em 2024. O francês é um trepador com uma boa ponta final, esteve bem nas provas recentes e ainda não tem equipa para 2025. Ainda na equipa francesa, olho em Victor Lafay, numa época marcada por uma grave lesão, o gaulês quererá dar um ar da sua graça num percurso bom para as suas características. Não será fácil, para não dizer quase impossível, ver Milan Vader repetir o triunfo do ano passado. O neerlandês pouco ou nada se evidenciou este ano, não evoluiu como se previa e não acreditamos que irá mudar o paradigma aqui. Por fim, olho em Lorenzo Fortunato, um trepador que gostaria de subidas mais longas mas que, quando menos se espera, consegue destacar-se, e o duo da Red Bull-BORA composto por Maximilian Schachmann e Giovanni Aleotti.

 

Super-jokers

Os nossos super-jokers são Louis Barré e Oscar Rodriguez.

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