Os primeiros dias de mercado têm sido bastante mexidos e para além das transferências mais sonantes houve mais alguns movimentos de mercado interessantes que não tiveram tanto impacto mediático, mas que também são muito relevantes.
Aos 31 anos e depois de 8 temporadas na equipa que lhe abriu as portas do World Tour, Esteban Chaves deixa a estrutura australiana da BikeExchange. Acaba assim um casamento que parecia perfeito e que deu grandes resultados.
Esteban Chaves foi um dos melhores ciclistas do Mundo em 2016, 2º no Giro, 3º na Vuelta, vencedor do Giro di Lombardia. Em 2017 ainda obteve alguns bons resultados, mas nas 3 temporadas seguintes esteve longe do nível demonstrado, principalmente em termos de consistência. Ganhou etapas no Giro em 2018 e 2019, só que antes estava a discutir a classificação geral, num patamar diferente, sofreu problemas físicos e psicológicos no caminho.
Tendo isto em conta esta época nem tem sido má para “Chavito”, ganhou 1 etapa e fez 6º na Volta a Catalunha, foi 10º na Volta a Suíça e 13º no Tour. Irá para uma equipa com alguns colombianos e com forte tradição “cafetera”, a EF Education Nippo de Jonathan Vaughters. Em termos de hierarquia deverá ter um papel semelhante, sendo que o contrato de 1 ano é a EF a apostar no facto de conseguir voltar a extrair a melhor versão de Chaves.
Outro ciclista que teve alguns problemas físicos e que a partir daí nunca mais foi o mesmo foi John Degenkolb. O alemão de 32 anos decidiu voltar a uma casa que bem conhece, a Team DSM, uma estrutura onde esteve de 2012 a 2016 e onde obteve as maiores vitórias da carreira, os 2 Monumentos e as 10 etapas na Vuelta.
Muito curioso que numa altura em que parece que toda a gente quer sair da Team DSM Degenkolb opte por regressar. Muito porque o alemão foi uma aposta forte da Lotto-Soudal, uma aposta que manifestamente não resultou em termos desportivos, e a equipa belga parece estar a focar-se em jovens talentos e em construir um bloco forte em redor de Caleb Ewan. A DSM ainda pensa em tirar o melhor de John Degenkolb, apesar de ser uma opção e um nome a ter em conta para as clássicas, já não tem a explosão de outrora em finais ao sprint. O contrato de 3 anos parece algo excessivo na perspectiva da DSM tendo em conta a fase da carreira de John Degenkolb.
Outro ciclista que regressa a uma equipa que já representou é Tony Gallopin. O francês de 33 anos rubricou um contrato de 2 temporadas com a Trek-Segafredo, estrutura onde esteve em 2012 e 2013, antes de passar 4 anos na Lotto-Soudal e outros tantos na AG2R.
Gallopin também já não está propriamente na sua melhor fase da carreira, e o próprio reconhece isso, integra a Trek-Segafredo numa perspectiva não de liderar, mas de dar apoio aos líderes na montanha e de capitanear na estrada nas provas mais importantes. Vencedor de etapas no Tour e na Vuelta e de algumas clássicas importantes, entre 2013 e 2018 era um grande perigo sempre que havia uma etapa de média montanha ou entrava numa fuga, sendo que perdeu algum protagonismo nas últimas épocas.
Um dos movimentos mais surpreendentes até agora foi a saída de Bram Welten da Arkea-Samsic para a Groupama-FDJ. O poderoso holandês de 24 anos assinou por 2 anos e sobe assim ao WT depois de uma temporada onde fez alguns bons resultados em clássicas, tal como já tinha conseguido em 2018 e 2019. Resta saber a lógica por detrás desta contratação, se a equipa gaulesa vê Welten como um lançador para integrar um comboio ou para ser mesmo um potencial sprinter principal. Também pode haver alguma saída do actual comboio de Demare.
Por fim, hoje falamos de Niklas Eg, o promissor trepador dinamarquês que dá um passo atrás na carreira. Eg foi mais um talento que deu nas vistas como sub 23, a fenomenal temporada de 2017 acabou com um 3º posto na Volta a França do Futuro. A Trek-Segafredo contratou-o, e é de lá que sai para a Uno-X, uma equipa que está sempre à procura de talentos nórdicos. O ciclista de 26 anos ainda não cumpriu os vaticínios, já foi 5º na Volta a Croácia ou no Tour of Utah, mas ainda não ganhou como profissional, por vezes uma mudança destas para uma estrutura sólida faz maravilhas.