Com o corrupio mediático de um Giro emocionante e de uma Vuelta muito peculiar neste estranho ano de ciclismo afectado pelo COVID-19, as movimentações de mercado têm passado para segundo plano. Agora que terminou a Volta a Itália é tempo para colocar tudo em ordem e analisar as transferências que, entretanto, aconteceram.
Começando pelo nome mais sonante dos últimos dias, Ryan Gibbons já encontrou equipa numa altura em que continuam as saídas da NTT. O sprinter sul-africano que tinha entrado no World Tour em 2017 irá representar a UAE Team Emirates nas próximas 2 temporadas. Gibbons é um ciclista rápido que passa bem a montanha, longe de ser um puro sprinter e por isso é consistente, mas não um corredor que ganhe muitas corridas.
Há quem diga que entra para o lugar de Jasper Philipsen, de saída para a Alpecin-Fenix, mas são ciclistas com características totalmente diferentes. Não terá propriamente muitas oportunidades visto que para além de haver Gaviria, Kristoff e Trentin na equipa, a UAE Team Emirates aposta de uma forma veemente nas Grandes Voltas e nessas provas os sprinters têm de se sacrificar por vezes pelos seus líderes. Não deixa de ser um corredor completo e com qualidade para este nível de competição.
Outra formação que lentamente vai perdendo os seus elementos é a CCC Team, desta vez foi confirmada a saída de Victor de la Parte, um verdadeiro “globe trotter” que já passou por Portugal e que vai para a Team Total Direct Energie. Na equipa francesa será um dos melhores trepadores, a trabalhar deverá ser para Pierre Latour, se o gaulês voltar ao seu melhor nível.
De la Parte sobe bem e rola bem, isso permite-lhe fazer muitas vezes top 20 em provas por etapas, varia entre andar escondido no pelotão e ataques no início das subidas para tentar a sua sorte, não sendo diferenciador irá certamente dar alguns bons resultados à Direct Energie.
Já a B&B Hotels – Vital Concept está a apostar na veterania, com 2 contratações de ciclistas conceituados no ciclismo francês. Jonathan Hivert já está nestas andanças desde 2006, tendo passado por diversas equipas, depois de 4 temporadas na Direct Energie vai então mudar de ares. Hivert é um autêntico matador, tem um registo incrível de 17 vitórias na carreira, 2 delas no World Tour, apesar de não dar muito nas vistas. Já ganhou no Paris-Nice e no Tour de Romandie, como passa bem as colinas e tem uma boa ponta final, é um perigo nas fugas em provas de maior gabarito e no circuito europeu francês e espanhol. Veremos se aos 35 anos ainda tem magia para sacar alguns triunfos.
O outro recruta da Vital Concept é Cyril Lemoine, que deixa a Cofidis depois de 7 épocas. Lemoine é o oposto de Hivert, um capitão de estrada, bom rolador, sem qualquer vitória na carreira, mas com imensa experiência, contando já com 9 Grandes Voltas. É um gregário que tem como último pódio o Tour du Poitou Charentes em 2014, provavelmente estará já a pensar na fase de transição do término da carreira, até porque assinou apenas por 1 ano.