Hoje vamos falar dos reforços que foram oficializados até agora pela Groupama-FDJ e pela Lotto-Dstny. Estas 2 equipas têm algo em comum, não estão à procura de estrelas ou novos líderes, nenhuma delas tem um orçamento por aí além. A Groupama-FDJ virou a página este ano, já ficou sem Demare e vai ficar sem Pinot, fica com Gaudu, Madouas e Kung e tem uma grande jornada de jovens em ascensão, nomeadamente Gregoire, Martinez e Penhoet, não quer mais galos para o poleiro. Já na Lotto-Dstny, os belgas jogam tudo em Arnaud de Lie e Lennard van Eetvelt, sendo que para eles é muito importante somar pontos numa tentativa de voltar ao World Tour.

Das contratações da Groupama-FDJ a que mais sentido faz na minha opinião é a de Sven Erik Bystrom. O norueguês de 31 anos que foi campeão Mundial sub-23 em 2014 e que já tem passagens por Katusha, UAE e Intermarche-Wanty tem o perfil certo para a equipa. Será essencialmente um gregário, mas como é muito completo e como pode ajudar em muitas tipologia de terreno, será potencialmente bastante útil. É um corredor muito possante, algo explosivo, bom na média montanha, ainda este ano foi 7º no Tour Down Under, está perto do seu melhor, e com o perfil alto que tem dará muita protecção aos seus líderes.




O movimento de mercado para ir buscar Clement Russo também se compreende, a equipa tinha Jacopo Guarnieri e Ramon Sinkeldam que saíram e por muito talentosos que estes novos valores da Groupama-FDJ sejam e por muito potencial que um comboio composto por sub-25 tenha, é necessário alguma experiência e uma voz de comando. Russo tem isso tudo, 28 anos, algumas épocas como lançador de Bouhanni ou McLay e capacidade física para fazer top 10 em sprints no World Tour, como se viu hoje no Renewi Tour. Para além disso, sendo francês tem comunicação fácil com Penhoet e com a estrutura da equipa.

Por outro lado, não percebo muito bem a transferência de Remy Rochas, é um corredor algo limitado no que toca à polivalência, é muito leve e pequeno e a sua evolução tem tardado após uma boa época como sub-23. E a Cofidis até dá oportunidades aos seus ciclistas, com um calendário longo, interessante, e liberdade para entrar em fugas. Não creio que Rochas, 15º na Vuelta em 2021 numa prova fantasma onde mal se viu seja propriamente um ciclista diferenciador na ajuda a Madouas, Gaudu ou Martinez.

Em relação à Lotto-Dstny, não tendo o poder orçamental e do World Tour neste momento, está a apostar em nomes mais jovens e mais discretos, pelo menos para já. No imediato garantiu o ingresso de Harm Vanhoucke, que saiu da Team DSM (sim, mais um) com efeito imediato. Na verdade é um regresso, visto que o belga de 26 anos estava nesta mesma estrutura em 2022, só teve 8 meses na Team DSM. A Lotto espera potenciar este talento que foi um excelente sub 23. capaz de ganhar o Giro di Lombardia, fazer top 5 em diversas provas conceituadas e conseguir top 10 na Volta a França do Futuro. Curiosamente antes de sair já tinha feito alguns bons resultados no circuito europeu, foi 2º no Sibiu Tour e 5º na Volta a Turquia, provavelmente será um caça etapas nas Grandes Voltas e um “caça-pontos” no resto do ano.




Não é o único talento belga a deixar a Team DSM, e não é um único regresso. Henri Vandenabeele esteve na equipa sub-23 da Lotto em 2019 e 2020, foi precisamente em 2020 que foi um dos melhores sub-23 do ano, sendo vice campeão na Ronde de l’Isard e no Baby Giro (somente atrás de Thomas Pidcock). Subiu ao World Tour em 2022, ainda começou bem a época, mas em 2023 ainda não se viu uma única vez em destaque, vai em procura do ambiente que o fez brilhar há 3 anos e tem potencial para ser uma das revelações de 2024, porque talento bruto tem para dar e vender.

Já bem mais experiente e Lionel Taminiaux, proveniente da Alpecin-Deceuninck. É um bom finalizador e um bom rolador, veremos se eventualmente fará parte do comboio de Arnaud de Lie, é possível. Para além disso o belga de 27 anos é tremendamente eficaz nas semi clássicas belgas e vai certamente somar muitos pontos nessas provas, a Lotto-Dstny bem precisa, ele fez 170 pontos em 2022 e até agora 360 em 2023. Esta entrada serve também para suprir um pouco a saída de Frederik Frison, ciclista de 31 anos que fez a sua melhor época de sempre e vai embora para a Q36.5 à procura de mais oportunidade para glória pessoal.

O reforço menos sonante é mais um recruta da Flandres-Baloise, neste caso Jenno Berckmoes. É mais um belga, neste caso com 22 anos e tem mostrado alguma capacidade para andar bem nas clássicas. Tem sido regular em 2023, com alguns bons contra-relógios e já no ano passado tinha sido 10º nos Mundiais sub-23, algo já característico dos corredores com esta formação.

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