Aproveitando uma excelente contratação da Arkea-B&B Hotels, hoje vamos falar dos últimos reforços das equipas francesas, nomeadamente da Cofidis e da Groupama-FDJ.
A Arkea-B&B Hotels anunciou ontem uma contratação muito importante. Aproveitando a situação que envolve a Soudal-Quick Step, a formação francesa garantiu Florian Senechal, um exímio lançador e ciclista de clássicas. Senechal até esteve como estagiário na Quick-Step e na sua equipa de desenvolvimento, mas acabou na Cofidis em 2014. Teve algumas temporadas razoáveis até que a Quick-Step decidiu contratá-lo em 2018, numa perspectiva de reforçar o seu bloco de clássicas, o gaulês era visto como uma grande promessa nesse campo.
Ganhou a Le Samyn e a Primus Classic, foi 2º na Gent-Wevelgem e na E3, mas por algum motivo nunca conseguiu chegar ao patamar que muitos previam e esperavam, o de estar a discutir os grandes Monumentos, especialmente o Paris-Roubaix. Foi uma mistura de algum azar, incapacidade física e estar um pouco tapado dentro de uma equipa com Asgreen e Lampaert como opções. O melhor que fez foi 6º no Paris-Roubaix e 9º no Tour des Flandres. Aproveitando a sua explosão e o facto de ser muito possante, participou em vários comboios e foi muito importante em diversos triunfos de sprinters. Com esta espécie de desmantelamento da equipa encontrou nova casa na Arkea-B&B Hotels, que lhe garante protagonismo e continuar a fazer um calendário adaptado às suas características.
Não tenho grandes dúvidas que Senechal fará parte do apoio a Arnaud Demare nas provas mais importantes, mas que também terá a sua liberdade para chefiar um bloco de clássicas que tem nomes interessantes. Luca Mozzato tem subido nos rankings, Matis Louvel dá a espaços boas indicações, Clement Venturini é muito experiente e ainda há David Dekker ou Jenthe Biermans. A Arkea precisava de uma janela de transferências como esta depois de uma época bastante fraca, onde se sentiu que era uma equipa curta para o World Tour. Demare deverá ser garante de vitórias e Senechal uma máquina de fazer pontos para o World Ranking.
Semanas antes a equipa também tinha assinado contrato com o espanhol Raul Garcia Pierna, ainda não tínhamos falado deste movimento. 4º nos Mundiais e 6º nos Europeus sub-23 de contra-relógio, é um corredor que sempre esteve em destaque nesta especialidade, sendo inclusivamente campeão nacional entre os elites em 2022. É visto como uma aposta de futuro para as provas por etapas. Sempre se defendeu bem na média montanha e este ano melhorou nesse campo ao ser 14º na Volta a Eslovénia, 12º na Vuelta a Burgos e 6º na Vuelta a Castilla y Leon. Assinou apenas por 1 temporada, proveniente da Kern Pharma.
Como hoje o tema é as equipas francesas, passemos para a Cofidis, que conseguiu reunir novamente os irmãos Izagirre para 2024. Ion já lá estava, ingressa Gorka Izagirre para uma temporada que será, certamente, uma das últimas da carreira aos 35 anos de idade. Gorka Izagirre fez a melhor época da carreira em 2018, quando começou muito bem o ano e depois foi campeão nacional, ao serviço da Bahrain, tendo passado por Astana e Movistar entretanto. Na formação espanhola foi assumindo cada vez mais o papel de gregário e de capitão na estrada, ainda assim foi 9º no Tour Down Under logo no início da época. É um corredor que ainda demonstra alguma capacidade na montanha para ajudar os colegas, neste caso o seu irmão e Guillaume Martin, mas que para ganhar nas fugas de uma Grande Volta já parece um pouco curto.
Para além de Gorka Izagirre falta falar do jovem britânico Oliver Knight, também anunciado entretanto. O ciclista de 22 anos, com uma forte base em França tem um percurso de carreira curioso, em vez de se evidenciar nas provas internacionais sub-23, foi uma das figuras do calendário amador francês, onde somou 4 vitórias. Junta-se a Harrison Wood no contingente de britânicos da Cofidis para 2024.
Por fim, vamos aos 2 últimos reforços da Groupama-FDJ para 2024. Numa perspectiva de montar um comboio poderoso para o sprinter Paul Penhoet, a equipa recrutou Matthew Walls, britânico de 25 anos que esteve 3 temporadas na Bora-Hansgrohe. Walls nunca foi protagonista na formação alemã, mas também nunca competiu muito, 34 dias em 2021, 38 dias em 2022 e somente 25 dias de competição em 2023. Sim, quando teve oportunidades, principalmente em 2021 evidenciou uma espectacular ponta final, mas nunca fez a transição completa da pista para a estrada e continua a apostar muito na vertente da pista ao longo do ano. Geralmente estes corredores acabam por ficar relegados um pouco para lançadores, têm a potência, mas muitas vezes falta a explosão depois de um dia duro e acusam a falta de competição. Resta saber a intenção de Marc Madiot nesta contratação, se é para lançar Penhoet ou se Walls se compromete a fazer a transição plena para a estrada depois dos Jogos Olímpicos de 2024.
Um ciclista com boa ponta final, mas longe de ser um puro sprinter é o francês Cyril Barthe, reforço para pelo menos 2 épocas, proveniente da Burgos-BH. No final de 2022 foi um dos “lesados” da B&B Hotels e encontrou nova equipa na ProTeam espanhola, que lhe permitiu dar nas vistas na Tropicale Amissa Bongo e na Volta ao Alentejo, onde até ganhou em Estremoz. Como dissemos em cima, é um corredor que se destaca em chegadas com grupos reduzidos, mas creio que a este nível será um gregário, contratado pela sua capacidade de andar bem em vários terrenos.