Nos últimos dias, o mercado de transferências foi completamente dominado pela mudança de Primoz Roglic da Jumbo-Visma para a BORA-hansgrohe e pela possível fusão entre Jumbo-Visma e Soudal-Quick Step, que afinal já não deve acontecer. No entanto, fora deste furacão, foram oficializadas algumas mudanças de equipa.

A formação mais activa foi a Cofidis, com 2 anúncios nos últimos dias. É um reforço do contingente belga, que em 2024 terá, pelo menos, 5 ciclistas. Das contratações, o mais conhecido é Aimé de Gendt, ciclista de 29 anos que nas últimas 5 temporadas representou a Intermarche-Wanty-Gobert. Fez excelentes épocas em 2019 e 2020, é alguém que se destaca de forma positiva nas clássicas e nas provas por etapas de média montanha na Europa como os 4 dias de Dunkerque ou a Volta ao Luxemburgo. Com a subida ao World Tour da equipa, foi perdendo algum protagonismo e algum espaço, muitas vezes tendo de trabalhar para Girmay ou Thijssen. A Cofidis ganha um corredor experiente e bom em grande parte do calendário que a equipa faz. Aimé de Gendt insere-se num bloco interessante de belgas com Allegaert, Robeet e Noppe, todos com potencial para este tipo de terreno.



O outro recruta belga é o jovem Milan Fretin, mais um ciclista que terminou a sua formação na Team Flandres e que sobe ao World Tour, têm sido dezenas ao longo dos anos. Em termos de características, não há muito por onde fugir, o corredor de 22 anos e que assinou por 2 temporadas, é um sprinter e sai de 2023 com mais de 1 dezena de top 10’s em provas até conhecidas do calendário europeu e com quase 200 pontos UCI. Para ele será uma boa oportunidade para crescer, em termos de sprint não estou a ver ninguém à sua frente sem ser Bryan Coquard, o que quer dizer que vai continuar a ter oportunidades.

No seguimento da renovação de Mark Cavendish, a Astana oficializou o ingresso de Michael Morkov, numa tentativa de formar novamente uma parceria de sucesso entre o britânico e o dinamarquês, tal como aconteceu na Quick-Step. Apesar de achar que Mark Cavendish já não tem pernas para ganhar no Tour, compreendo esta aposta da Astana. Vendo bem as coisas e não obstante a veterania, Cavendish é um dos que terá mais hipóteses de surpreender e fazer uma gracinha, principalmente olhando à globalidade do plantel da formação cazaque. Para além disso, todo este enredo e tudo o que envolve um possível recorde de triunfos no Tour dá muita visibilidade aos patrocinadores e, para a surpresa acontecer, Cavendish precisa de uma colocação perfeita e mais algumas circunstâncias conjugarem-se bem. Para tal precisa de um lançador como Morkov, o que também vai indiretamente libertar um pouco Cees Bol para outras corridas.

Por fim vamos falar da Kern Pharma, que está em processo de renovação após perder 3 dos seus principais ciclistas, Igor Arrieta, Raul Garcia Pierna e Roger Adriá. Um dos reforços é Marc Brustenga, que nos últimos 2 anos militou na Trek-Segafredo. Aos 24 anos dá um passo atrás na carreira e recordo-me que em 2022, quando foi para o World Tour, havia algumas dúvidas dos motivos do seu ingresso na equipa norte-americana. É que Brustenga, foi um sub-23 bom em 2021, fez um calendário amador espanhol impressionante, mas a nível internacional não mostrou nada, talvez tenha sido um passo maior do que a perna para o gigante de 1,90 metros.



Previamente, já tinha sido anunciado Antonio Jesus Soto, espanhol de 28 anos que estava na Euskaltel-Euskadi e que em 2021 ganhou de forma surpreendente a Vuelta a Murcia. É um corredor completo, combativo e regular, que esteve ao serviço dos seus colegas na última Volta a Portugal. Em 2021 para além da maior vitória da carreira fez uma Vuelta que impressionou, ao terminar nos 15 primeiros por 6 vezes ao longo da prova.

A pensar nos sprints, vem Miguel Angel Fernandez, proveniente da Burgos-BH. O espanhol de 26 anos foi uma belíssima contratação por parte da Burgos-BH, na altura recrutado à Global Cycling, e também acho o mesmo deste movimento de mercado, tendo em conta o contexto das equipas. Quem acompanhou a Volta a Portugal mais atentamente certamente que se lembra dele, 4º em Ourém, 2º em Vila Franca de Xira, depois nas chegadas mais duras o líder foi Oscar Pelegri. Também competiu muito na China onde terminou 7 etapas no top 10, o que atesta bem a sua consistência em pelotões que são altamente competitivos no que toca a sprints.



By admin