Final de Outubro, é tempo dos últimos retoques nos plantéis. Há mesmo formações com o elenco para 2024 completamente fechado a menos que apareça algo de incrível no mercado.

A Uno-X até tem conseguido manter os principais talentos nórdicos que recruta, no entanto, em 2023, registam a saída de alguns ciclistas importantes, que têm feito parte do núcleo duro. O trepador Torstein Traeen assinou até 2025 com a Bahrain-Victorious, quebrando assim um laço de 7 temporadas com a formação norueguesa. Pode-se dizer que dá o salto para o World Tour tardiamente, aos 28 anos, ainda que na Uno-X tenha feito durante os últimos anos um calendário semelhante ao que vai fazer na Bahrain, incluindo o Tour este ano.



O principal responsável da equipa já tinha vindo a público explicar as saídas e entradas, não é uma surpresa. Traeen é um bom escalador, disso não há dúvidas. A sua evolução foi atrasada por problemas físicos e este ano mostrou ser capaz de fazer top 10 em corridas World Tour como concretizou no Dauphine ao finalizar em 8º. Agora, está a arriscar muito ao sair de uma equipa que conhece muito bem e com um excelente calendário para uma estrutura poderosa onde terá ciclistas como Tiberi, Poels, Haig, Caruso ou Buitrago à sua frente, não vai ser fácil integrar o principal bloco.

Outra saída é de Jonas Gregaard, um ciclista muito combativo, conhecido pelas suas fugas, esteve em 4 no Paris-Nice, ganhando a classificação da montanha, em 2 no Dauphine e no Tour voltou a ser dos mais inconformados, com 4 escapadas. Tem 27 anos e certamente que recebeu uma oferta bem vantajosa financeiramente da Lotto-Dsnty, uma equipa onde deverá ter as mesmas funções. A equipa belga tem uma mentalidade muito ofensiva e poderá ajudar em alguns momentos o seu compatriota Andreas Kron, uma figura em ascensão neste momento. A Uno-X não fica propriamente a perder, nestes casos têm de se fazer escolhas e manter Tiller, Johannessen e contratar Cort, Hoelgaard e Leknessund não parece uma opção nada má.

Entretanto a Bahrain-Victorious ficou sem Filip Maciejuk, polaco de 24 anos, que até esteve suspenso por 1 mês durante esta época devido à queda colectiva que provocou no Tour des Flandres. Maciejuk sempre foi um bom contra-relogista, inclusivamente medalhado em Mundiais nos escalões mais jovens e vinha a incorporar o bloco de clássicas e os comboios da Bahrain. Sai agora, num contrato de 1 época, para a Bora-Hansgrohe, que lhe dá mais uma chance neste escalão. A formação germânica está muito focada nas Grandes Voltas, mas ainda tem Sam Welsford, Danny van Poppel ou Jordi Meeus para os sprints. Creio que o potencial de Maciejuk ainda não foi totalmente desbloqueado e pode vir a ser importante para estes comboios.



Continuando na senda dos sprinters, a Cofidis contratou Stanislaw Aniolkowski, poderoso polaco que representou a Human Powered Health em 2023 depois de ter estado na Bingoal em 2021 e 2022. Primeiro que tudo, é um corredor muito consistente, que se coloca bem e que geralmente anda bem o ano todo, somou 300 pontos UCI em 2022 e praticamente o mesmo em 2023. Diria que será o sprinter mais puro que a equipa gaulesa terá em 2024, nem Noppe, nem Oldani, nem Coquard se adaptam às chegadas mais acessíveis tão bem quanto ele.

Ainda dentro dos homens rápidos, Marc Sarreau regressa a uma casa que bem conhece. O francês de 30 anos já tinha estado na Groupama-FDJ entre 2014 e 2020, tendo passado as últimas 3 épocas na Ag2r Citroen. Tem no Tour du Poitou Charentes a sua corrida favorita, já lá ganhou várias vezes, e teve a sua época afectada por problemas físicos este ano. É um corredor algo inconsistente, nunca se sabe quando vai aparecer. Não sei até que ponto não vai começar a fazer a transição para lançador, no caso em 2024 para Matthew Walls ou Paul Penhoet, ambos precisam de uma boa colocação e de um lançador experiente.



Por fim, passamos para a montanha. Mesmo estando com algumas dificuldades financeiras, a Intermarche-Circus-Wanty garantiu o concurso de Kevin Colleoni, jovem italiano de 23 anos, que em 2021 subiu para o World Tour com a Jayco. Colleoni fez uma belíssima época de sub-23 em 2020, foi 3º no Baby Giro apenas atrás de Pidcock e Vandenabeele, vinha de facto com um belo currículo. 2021 não foi nada fácil, é normal. Em 2022 já mostrou laivos do que seria capaz, 7º no Tour of Oman, 11º na Volta a Turquia, 3º na República Checa. Só que foi um 2023 repleto de dificuldades e desilusões. A Intermarche acredita que ainda pode potenciar o talento deste transalpino e com a posição actual que têm no mercado realmente estão quase obrigados a contratar ciclistas deste género.

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