Durante os últimos dias houve algumas transferências interessantes, portanto é tempo para mais um capítulo das “Mexidas”. Ainda há algumas situações a bloquear o mercado, nomeadamente a fusão entre a Israel Cycling Academy e a Katusha-Alpecin, mas nos próximos tempos é de esperar mais novidades sobre esse assunto também.
Comecemos pela mudança de Fabio Felline, que sai da Trek-Segafredo, equipa onde estava desde 2014 e onde obteve os melhores resultados da carreira. Felline foi para a equipa norte-americana depois de ter dado nas vistas na Androni (ganhando 1 etapa na Volta a Eslovénia em 2013). Em 2015 fez uma época fabulosa: 8º na Strade Bianche, 3º no Criterium Internacional, ganhou 1 etapa aí e na Volta ao País Basco, foi 5º no Eneco Tour e ganhou o Gp Fourmies.
Em 2016 realizou um excelente final de ano, fazendo 2º na Volta a Polónia e ganhando a classificação por pontos da Vuelta. Aí fez pódio em etapas por 5 vezes. Voltou a andar bem em 2017, 1º no Trofeo Laigueglia, 4º na Omloop, 11º na E3 Harelbeke e 13º na Strade Bianche, 4º no Tour de Romandie. Só que 2018 e 2019 foram para esquecer, algumas lesões e o único pódio que teve foi nos nacionais. Um ciclista fantástico e que ao seu melhor consegue fazer de tudo, aguentar muito tempo com os melhores na montanha, tem uma boa ponta final e defende-se bem no contra-relógio.
O seu destino? A Astana, onde vai encontrar os compatriotas Manuele Boaro e Davide Martinelli. A formação cazaque está a efectuar uma renovação do seu contingente italiano depois das saídas de Dario Cataldo, Davide Villella e Davide Ballerini. Na Astana Felline tem de tudo para voltar aos bons resultados, terá oportunidades nas clássicas e em algumas provas por etapas e a Astana é uma equipa que geralmente consegue tirar o melhor dos seus corredores.
Outra mudança que esteve em destaque nos últimos dias foi a de Jens Keukeleire da Lotto-Soudal para a EF Education First, num acordo válido por 1 temporada. O belga de 30 anos passou grande parte da carreira na estrutura da Mitchelton-Scott e saiu em 2018 depois de uma época onde até ganhou a Volta a Bélgica e fez 2º na Gent-Wevelgem. Na Lotto-Soudal foi sempre um dos ciclistas escolhidos para as grandes provas, alinhou no Tour nas 2 épocas que lá esteve e fez sempre as clássicas.
Um ciclista muito regular este ano fez top 15 na Omloop, na Kuurne-Bruxelles-Kuurne, na E3 Binckbank Classic, na Gent-Wevelgem, na Dwars door Vlaanderen e no Tour des Flandres, sendo ainda 3º no 4 Jours de Dunkerque. Na nossa opinião a contratação de Keukeleire é muito parecida à de Magnus Cort, são corredores que vêm reforçar um bloco de clássicas que já tem Sep Vanmarcke, Sebastian Langeveld e Alberto Bettiol, mas principalmente serão vistos como peças fundamentais nas Grandes Voltas, protegendo no terreno mais plano Rigoberto Uran, Sergio Higuita ou Hugh Carthy, uma debilidade que a equipa detectou este ano e tanto Keukeleire como Cort têm experiência neste tipo de função.
Num movimento compreensível no mercado a CCC Team decidiu promover Michal Paluta da equipa de desenvolvimento à equipa principal. Paluta foi campeão nacional sub-23 em 2015 e 2016, 8º nos Mundiais dessa categoria em 2017. Quando a CCC deu o salto para o World Tour em 2019 foi preterido e foi para a equipa de desenvolvimento, andou bem em algumas provas na Polónia e foi campeão nacional de elites, o que lhe valeu a promoção à equipa principal.
A Gazprom-Rusvelo está a fazer uma aposta fortíssima no mercado italiano, talvez pensando num possível Wild Card para o Giro em 2020. Depois de Simne Velasco e Marco Canola a formação russa contratou Cristian Scaroni, jovem de 21 anos que corria na equipa de desenvolvimento da Groupama-FDJ. Campeão nacional junior em 2015, foi 4º nos Europeus sub-23 em 2018. Esta época andou com os melhores no Giro sub-23, fez 13º na geral, um resultado algo enganador, partiu para a última etapa em 5º e teve um dia mau nessa última tirada.