O mercado andou calmo, mas aqueceu nos últimos dias. Quando a Dimension Data contratou Roman Kreuziger e Michael Valgren fizemos a piada “se contratasse Enrico Gasparotto ficava com o pódio completo da Amstel Gold Race de 2018”. E não é que parecíamos que estávamos a adivinhar, a Dimension Data contratou mesmo Enrico Gasparotto! Aos 36 anos, Gasparotto mostrou esta temporada que ainda está para as curvas, 11º na Volta a Polónia, 3º na Amstel Gold Race e 6º na Liege-Bastogne-Liege, ainda é uma opção válida para as clássicas das Ardenas e para algumas provas de 1 semana. Um elemento muito experiente que servirá como mais um alvo a marcar numa Dimension Data que parece claramente apostada no mês de Abril. Certamente não recusaria que os seus ciclistas repetissem os lugares da última edição da Amstel Gold Race.
Muitas vezes se diz que Peter Sagan não ganha ainda mais porque não tem uma equipa à altura, uma super-equipa, como a Quick-Step Floors tem. A Bora-Hansgrohe anunciou esta semana 2 reforços que vêm claramente tentar colmatar essa falha. Comecemos por Oscar Gatto, um grande amigo de Peter Sagan, que coincidiu com o eslovaco na Cannondale em 2014 e na Tinkoff em 2016. Um ciclista de 33 anos, com 15 vitórias na carreira, mas claramente já na fase descendente da mesma. Só para terem uma ideia, nas últimas 2 épocas, sempre ao serviço da Astana, Gatto tem 1 pódio, no prólogo da Volta a Áustria. Mesmo já longe do seu auge, pode vir a ser útil, com a sua experiência, naquelas batalhas de colocação que existem sempre. O outro reforço é outro veterano, Jempy Drucker, aos 32 anos, sai da BMC após 4 temporada na formação de Jim Ochowitz. Um ciclista muito completo, passa bem as colinas, tem uma boa ponta final e parece no pico da carreira, este ano foi 31º no Tour des Flandres, 23º no Paris-Roubaix, sempre ao serviço de Greg van Avermaet. Tem, nada mais, nada menos que 12 corridas em que terminou no top-10 este ano, um número impressionante e será alguém que vai ser uma preciosa ajuda para Peter Sagan, não só nas clássicas, mas possivelmente nas Grandes Voltas, pois Drucker tem um sentido de colocação fenomenal. Drucker e Gatto assinaram ambos por 2 temporadas.
Outra equipa que fez um duplo anúncio foi a Trek-Segafredo. Alex Kirsch sobe do escalão Profissional Continental para o World Tour após já ter sido estagiário da Trek em 2014. Vice campeão nacional do Luxemburgo de estrada e contrarrelógio, é alguém muito alto e possante, que tem nas clássicas a sua praia, tendo sido 6º na Le Samyn este ano e 2º no ano passado. Não nos parece um ciclista que possa evoluir para liderar a equipa, podendo ser uma boa ajuda para Stuyven, Degenkolb e Pedersen. O outro reforço é um pouco mais complicado de explicar, William Clarke tem 33 anos, vem da Team EF Education First e assinou, tal como Kirsch, por 2 épocas. Clarke é mais conhecido por ser um especialista em prólogos, já ganhou no Tour Down Under e na Volta a Portugal, sempre graças a fugas. É um puro rolador, um homem de trabalho, mas que está claramente um nível acima do seu. É inevitável associar a sua chegada à de Richie Porte, um compatriota, de quem é amigo.
As transferências seguintes passaram um pouco mais despercebidas, já que não envolvem equipas do World Tour. A Rally Cycling está a formar um plantel de enorme qualidade para 2019, aproveitando o fecho de algumas equipas norte-americanas. Depois de anunciar Gavin Mannion, a equipa oficializou Pier-Andre Cote (sprinter canadiano de 21 anos, vencedor de 2 etapas no Tour de Beauce) e John Murphy (experiente ciclista de 33 anos que já ganhou etapas na Colorado Classic ou no Tour of Utah no passado).
Aquele que é talvez o melhor ciclista romeno na actualidade (no mesmo nível de Serghei Tvetcov, mas é discutível) vai mudar de ares. Eduard Michel Grosu sai da Nippo-Vini Fantini para ingressar na Delko Marseille aos 26 anos, num acordo válido por 2 temporadas. É uma saída algo inesperada, tendo em conta que Grosu está na Nippo desde 2014, parecia em casa e fez uma boa época, ganhando 1 etapa na Volta a Croácia, 3 no Tour of Qinghai Lake e sendo campeão nacional de estrada e contrarrelógio. Para além disso, ele foi tremendamente consistente, obtendo 20 lugares dentro dos 10 primeiros até agora. Um sprinter que tem nas chegadas técnicas a sua praia, na Delko Marseille será o principal homem rápido, mesmo à frente de Brenton Jones, numa equipa que bem precisava de um aumento de qualidade e de um ciclista destes.
Se Eduard Grosu deixa a Nippo, um colombiano entra. Alejandro Osorio, 20 anos, pode significar uma mudança de rumo na Nippo, tentando imitar o modelo de negócio e scouting da Androni de Gianni Savio. Osorio é um puro trepador, foi o rei da montanha na Volta a França do Futuro e 6º no Baby Giro, um dos sub-23 mais regulares da temporada e ainda tem muito por onde evoluir. Osorio será certamente uma cartada interna importante a jogar por parte da Nippo, que tinha falta de puros trepadores, quem sabe daqui a 1 ou 2 anos não será pretendida pelas principais equipas a nível mundial. Cam Atkinson Authentic Jersey scarpe nike air