Os últimos dias não têm sido particularmente mexidos no mercado de transferências, quase que está tudo um bocadinho em stand-by para ver o que vai acontecer na situação de Remco Evenepoel e a sua eventual ida para a Red Bull-Bora.

Nem por isso a formação germânica está parada e anunciou a contratação de Oier Lazkano. O polivalente espanhol que este ano foi uma das figuras de proa da Movistar e que demonstra como a estrutura liderada por Eusebio Unzué já nem sequer consegue segurar os principais ciclistas espanhóis. 2024 mostrou que o céu é o limite para Lazkano, um corredor mega combativo e com um motor enorme, que entre Tour e Vuelta esteve praticamente em 10 fugas, apesar de poucos resultados práticos nessas corridas. Esta época provou que Lazkano consegue fazer um pouco de tudo, andou bem nas clássicas do empedrado, depois fez um surpreendente 9º lugar no Dauphiné, com belíssimas exibições na alta montanha. Nota-se o esforço da Red Bull-Bora para recrutar este tipo de ciclistas, polivalentes, capazes de dar soluções em todo o tipo de terreno, e que estejam em ascensão no ranking, mesmo que muitas vezes não estejam nas equipas mais poderosas.




Foi uma passagem curta de Emils Liepins pela DSM, o campeão letão de estrada apenas esteve vinculado 12 meses à equipa neerlandesa e assinou para 2025 com a Q36.5. Esta é uma ProTeam que parece estar a fazer uma autêntica revolução no plantel, apenas tem 13 ciclistas com contrato para 2025, apesar de provavelmente terem renovado com alguns corredores para a próxima época, faltam apenas os anúncios oficiais. Liepins é um ciclista possante, rápido, e que deve entrar com a função principal de guiar Giacomo Nizzolo nos finais ao sprint, sendo que em algumas provas poderá ter a sua oportunidade de lutar por um top 5. É um reforço importante para o comboio visto que tem alguns anos de experiência no World Tour nestas funções.

Liepins é o 4º reforço da Q36.5, a equipa apostou também em Sjoerd Bax, holandês de 28 anos que teve um final de 2022 incrível antes de ingressar na UAE Team Emirates e a equipa espera precisamente recuperar esses resultados. As outras contratações vieram do mercado espanhol, David Gonzalez foi recrutado à Caja Rural, o corredor de 28 anos é um bom finalizador, já ganhou em Portugal nessas circunstâncias e potencialmente adapta-se bem às clássicas belgas, corridas que a Caja Rural não faz muito. Enekoitz Azparren é um jovem de 22 anos que em 2023 deu muito boa conta de si em corridas sub-23, foi 14º na Volta a França do Futuro e top 10 na Corrida da Paz, no entanto os resultados não foram os melhores em 2024.

A Israel-Premier Tech apostou em 2 vertentes distintas, para refrescar o seu lote de trepadores a equipa foi buscar Jan Hirt, checo de 33 anos que já está na fase final da sua carreira e que nas últimas 2 temporadas esteve no apoio aos líderes na Soudal-Quick Step. Hirt é um puro trepador, este ano foi 2º no Tour of Oman e 8º no Giro, nas Grandes Voltas é conhecido por fazer uma excelente 3ª semana quando a concorrência já está mais fatigada. A Israel neste momento não tem propriamente um voltista, Hirt pode ter as suas oportunidades, tem mais pedigree e experiência nessa área comparando com Derek Gee ou Matthew Riccitello. Para as clássicas a aposta recaiu em Matis Louvel e este pode ser um belíssimo reforço, trata-se de uma aposta de futura, após 5 épocas na Arkea, assinou até 2027 com a Israel-Premier Tech. Os seus melhores resultados surgiram quase todos em clássicas com empedrado, ou pelo menos com alguma dureza, fica na retina o ano de 2022, fez 17º no Tour des Flandres e 15º no Paris-Roubaix. A Israel tem um bloco interessante apesar de não ser dos mais vistosos, com Strong, Neilands e Hofstetter, veremos também qual será o caminho de Joseph Blackmore, mas espero alguns top 10 em corridas importantes por parte de Louvel.




Por fim, mencionar uma aposta arriscada que a Astana fez, algo que até é compreensível pela posição da formação cazaque no mercado. Sergio Higuita é reforço para os próximos 2 anos e a carreira do colombiano é muito curiosa. Apareceu de rompante em 2019 na Euskadi e foi contratado a meio da época pelo EF Education First e teve impacto imediato, 4º na Volta a Polónia, 2º na Volta a Califórnia, vencedor de etapa na Vuelta. Começou 2020 novamente em alta e a partir daí perdeu o gás, saiu para a Bora em 2022, onde voltou a fazer uma grande época, campeão nacional de estrada, vitórias na Volta ao Algarve, Volta a Polónia, Tour de Romandie e na geral da Volta a Catalunha, top 5 em 2 Monumentos e depois voltou a eclipsar-se, tal como tinha acontecido na EF. Se a Astana conseguir voltar a tirar o melhor do colombiano de 27 anos tem potencial para ser uma bela contratação, Higuita é um trepador explosivo, com boa ponta final e que claramente não tem a recuperação e a endurance para ser um voltista, com um bom ambiente e bom calendário para ele pode voltar a sorrir.

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