Depois de 2 anos de ausências o ciclismo World Tour regressou ao Canadá com o G.P. Quebec, com um circuito relativamente duro e um total de cerca de 200 kms a cumprir. Normalmente nestas corridas a fuga até sai rapidamente, mas desta vez demorou alguns quilómetros até Damiano Caruso, Stan van Tricht, Sebastian Grignard, Hugo Toumire e Carson Miles ganharem uma vantagem consistente sobre o pelotão. Intermarche-Wanty Gobert, Jumbo-Visma e Bike Exchange assumiram as despesas da corrida para os seus sprinters e mantiveram a diferença a rondar os 4 minutos.
Foi já dentro dos 50 kms finais que a corrida animou, o canadiano Miles perdeu o contacto com a frente da corrida e do pelotão surgiram ataques, Quinn Simmons foi o primeiro a mexer e foram com ele Simon Clarke, Andrea Piccolo, Jan Tratnik e Pascal Eenkhoorn, numa altura em que Peter Sagan abandonava, ele que ganhou esta corrida em 2016 e 2017. O grupo perseguidor conseguiu colar à frente e como a Jumbo-Visma tinha representação obrigou outras formações a trabalhar, chegámos a ver Movistar e UAE Team Emirates na frente. Tudo juntou a 23 kms da meta, quando recomeçaram as ofensivas, numa corrida difícil de controlar.
Na entrada para a última volta foi a vez dos franceses, menos explosivos num sprint, tentarem a sua sorte, com David Gaudu e Romain Bardet a fazerem parte de um grupo perigoso que se escapou, tanto que foi o próprio Wout van Aert a fechar espaços e a fazer a ponte para a frente. Tudo voltou à forma original e a 10 kms do final fugiu um quarteto com Mikkel Honore, Neilson Powless, Nathan van Hooydonck e Michael Storer, A colaboração não era incrível e Storer tentou a sua sorte sozinho, alcançado 5 kms depois.
Foi a Jumbo-Visma a entrar na frente da última grande dificuldades, tentando controlar as operações para o sprint de Wout van Aert, mas a 2 kms da meta ficou praticamente sem homens de trabalho (apenas Laporte com van Aert) e foi Benoit Cosnefroy quem aproveitou para lançar um ataque fulminante, que ninguém conseguiu seguir, nem mesmo Laporte que quando tentou reagir foi tarde demais. Parecia que o ciclista da Ag2r Citroen iria morrer na praia, mas os perseguidores e o pelotão quase que pararam, abrindo ainda mais o espaço.
Quase em desespero Wout van Aert lançou o sprint de muito longe, só que era já tarde demais, Cosnefroy teve tempo para festejar aquele que foi o primeiro triunfo do ano, para um ciclista tremendamente talentoso e incrivelmente inconsistente. Ele que confirmou no pós-corrida não ir aos Mundiais por ser muito longe. Michael Matthews foi 2º e Biniam Girmay o 3º, com Wout van Aert a ficar em 4º. Matthews, Cortina e Bettiol somaram pontos cruciais para as respectivas equipas e colocaram em (ainda mais) apuros Lotto-Soudal e Israel-Premier Tech. Ruben Guerreiro foi 17º, Rui Costa foi 102º e André Carvalho 110º.