Já falámos aqui como funciona o apuramento olímpico para a pista e esclarecemos como Portugal pode levar 3 a 4 ciclistas às olimpíadas de Tóquio 2020, agora é a vez de estrada, provas que prometem junto da capital japonesa.
O sistema de qualificação é semelhante e é baseado no UCI World Ranking, o ranking que reúne todas as provas UCI. Será utilizado o UCI World Ranking por Nações, a pontuação de cada país resulta da soma de pontos dos 8 melhores ciclistas desse país. O UCI World Ranking para a qualificação olímpica dura somente entre 22 de Outubro de 2018 a 27 de Outubro de 2019, ao contrário do UCI World Ranking normal, que funciona num sistema progressivo de 52 semanas, onde os resultados vão sendo anulados e acrescentados.
Para a prova de estrada existem 128 vagas, que serão distribuídas da seguinte forma:
Um total de 122 ciclistas apuram-se desta forma, depois há algumas excepções. Os países que não estejam no top 50 do Ranking por Nações, mas que tenham algum ciclista no top 200 no UCI World Ranking individual têm direito a 1 vaga, tal como os países dos continentes africano, americano e asiático que não tenham qualificado ninguém através destas vagas e que tenham ficado nos primeiros lugares dos campeonatos continentais.
Isto significa que nos Jogos Olímpicos, comparando com os Mundiais, vai haver mais homogeneidade e teoricamente uma corrida menos controlada, já que nos Mundiais há selecções de 6 e 8 ciclistas. O pelotão será mais reduzido e espera-se espectáculo visto que o traçado da prova de estrada é bem durinho.
A época ainda agora começou e ainda poucas provas entraram para o ranking olímpico, mas Portugal está neste momento no 19º lugar com 191 pontos, muito graças à prestação de Ruben Guerreiro no Tour Down Under, num ranking que é liderado pela Austrália. Analisando o UCI World Ranking normal, que abrange as últimas 52 semanas, e que é portanto uma boa referência, Portugal está na 20ª posição. Ao que tudo indica, Portugal poderá levar 3 corredores à prova de estrada, se se mantiver acima do 21º lugar, levará apenas 2 se cair para baixo do 22º posto. Desengane-se quem pense que estamos somente dependentes dos ciclistas que correm no WT para dar pontos, visto que as provas WT dão mais pontos. Dos 8 ciclistas portugueses com mais pontos, e que por isso entram nas contas do UCI World Ranking por Nações, 4 deles correram em Portugal em 2018, falamos de Joni Brandão, Domingos Gonçalves, Edgar Pinto e Ricardo Mestre.
Para a prova de contra-relógio masculino o sistema de qualificação é bem mais simples. Os 30 países melhor colocados no ranking podem levar 1 ciclista (em princípio Portugal tem o top 30 garantido) e depois os países com 1 ciclista no top 10 do Mundial em 2019 podem levar um segundo corredor. Existe a possibilidade de Portugal levar um segundo ciclista nesta disciplina caso o melhor ciclista português nesta especialidade, Nelson Oliveira, faça top 10 nos Mundiais em 2019.
Para as provas femininas o panorama está complicado, mesmo muito complicado para Portugal. Primeiro, existem menos vagas (inexplicavelmente) em comparação com as provas masculinas. Somente 65 para a prova de estrada e 25 para o contra-relógio e depois pela forma como o calendário feminino está estruturado. Para uma ciclista somar pontos para além dos campeonatos nacionais tem quase obrigatoriamente que correr no estrangeiro numa equipa UCI e Portugal só tem Maria Martins e Daniela Reis nessa situação.
Seria necessário um esforço e um desempenho enorme destas 2 ciclistas para que Portugal conseguisse ficar nos 22 primeiros do ranking e assim conseguir levar uma ciclista às Olimpíadas, neste momento Portugal é 51º no World Ranking. Existe ainda outra forma de apuramento, caso Maria Martins ou Daniela Reis fiquem no top 100 do Ranking Individual, o que também é complicadíssimo, Maria Martins é neste momento 341ª e Daniela Reis 233ª.