INEOS Grenadiers' Colombian rider Daniel Felipe Martinez reacts as he crosses the finish line during the seventh stage of the 75th edition of the Criterium du Dauphine cycling race, 148km between Port de Savoie to Col de la Croix de Fer - Saint Sorlin, France, on June 10, 2023. (Photo by Anne-Christine POUJOULAT / AFP) (Photo by ANNE-CHRISTINE POUJOULAT/AFP via Getty Images)

Tem sido um tema recorrente deste mercado de transferências, aparentemente a super-poderosa Ineos-Grenadiers está a ficar claramente mais debilitada e nos últimos 2 dias perdeu mais 2 ciclistas de montanha, isto depois de já ter ficado sem Tao Hart para a Lidl-Trek e Pavek Sivakov para a UAE Team Emirates.

Ontem foi oficializada a transferência de Daniel Martinez para a Bora-Hansgrohe, o colombiano de 27 anos deixou a formação britânica, onde estava desde 2021. Martinez foi subindo nos rankings a partir de 2018 e o triunfo no Dauphine conjuntamente com a conquista de 1 etapa na Volta a França convenceram os responsáveis da Ineos-Grenadiers que talvez ali estivesse um diamante por pulir. É um corredor que na altura reunia todas as capacidade que a Ineos gostava, para além de ser um bom trepador era um bom contra-relogista e até se defendia bem nos sprints em grupos reduzidos.




O seu percurso foi de altos e baixos, em 2021 fez 5º no Giro, mas mais do que isso foi fundamental para o triunfo do seu colega Egan Bernal na competição, foi o seu braço direito. Pensou-se que com a lesão de Bernal ele assumisse um papel de líder e até correspondeu a isso na primeira metade de 2022, 3º na Volta ao Algarve, 3º no Paris-Nice, ganhou a Volta ao País Basco, 5º na Fleche Wallonne e 4º na Liege-Bastogne-Liege, só que depois desapareceu quase por completo na segunda metade do ano e esta época fez algo semelhante, ganhou a Volta ao Algarve em Fevereiro e depois quase que se sumiu.

Agora é a Bora-Hansgrohe que aposta nas suas capacidades, vamos tentar ver as 3 perspectivas. A Ineos-Grenadiers até apostou minimamente nele, deu-lhe oportunidades, algumas desperdiçadas, acreditou que Martinez poderia ser um grande líder e quando viu que não era também não fez questão de ficar com ele, se calhar porque o colombiano não aceita ser somente gregário com o estatuto que já tem. No ponto de vista de Martinez a Bora poderá não ser a melhor opção, é uma estrutura em crescimento, mas que já tem Hindley, Vlasov e Higuita, para não falar de Kamna e do super talento Uijtdebroeks. Daí eu não perceber muito bem esta contratação, será uma espécie de 8 ou 80 na minha opinião, ou Martinez de repente vai buscar uma consistência que ainda não mostrou e aí é de génio ou então vai continuar a estagnar como Higuita e aí mais valia dar lugar aos mais jovens e construir um bloco com gregários com mais provas dadas nesse departamento.

Um pouco mais surpreendente é a saída de Ben Tulett, ainda para mais para a Jumbo-Visma, o que mostra bem a recente perda de poder da Ineos-Grenadiers na hierarquia do ciclismo mundial. Tullet é o tipo de ciclista que quando entrou na formação britânica eu esperava que por lá ficava muitos e bons anos, era a nova génese do projecto, jovens corredores do Reino Unido. Veio proveniente da Alpecin-Fenix, onde já tinha feito top 10 na Volta a Polónia, até teve um calendário muito interessante em 2022, foi 2º na Settimana Coppi e Bartali, fez o Giro com bons desempenhos no contra-relógio e foi 5º na Volta a Polónia.



Só que este ano parece que foi relegado para um calendário mais fora do World Tour e tem provado que já está acima desse nível, 2º na Volta a Hungria e ganhou a Volta a Noruega. É um trepador leve e explosivo, a Ineos tentou trabalhar o seu contra-relógio também logo desde início e talvez não tenha gostado dessa direcção de desenvolvimento e não obstante a Jumbo-Visma ter tantas opções internas, é neste momento a melhor equipa do Mundo nas Grandes Voltas e é o sítio certo para se estar numa perspectiva de aprendizagem. A Jumbo-Visma precisava de renovar um pouco o seu leque de trepadores, daí as contratações de Jorgenson e Tulett por exemplo, de lembrar que Tulett daqui a uns dias vai fazer apenas 22 anos, ainda tem muito espaço para crescer.

Com estas 4 saídas confirmadas, com a de Carlos Rodriguez quase a confirmar-se para a Movistar, com um Geraint Thomas que não vai para novo e um Egan Bernal que ainda não mostrou voltar ao nível de ganhar Grandes Voltas não está fácil a vida da Ineos-Grenadiers.

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