É uma tendência crescente no ciclismo português, os corredores lusos que dão mais nas vistas procuram ir o mais cedo possível para o estrangeiro, sabendo que quanto mais tempo ficarem no nosso país, menor é a probabilidade de darem o salto. É raríssimo o ciclista português que, com mais de 23 anos que sai e consegue uma carreira estável e de sucesso (vários anos consecutivos no World Tour) e nos últimos anos as saídas das formações nacionais têm sido cada vez mais precoces, basta ver o caso de sucesso de João Almeida, que muitos jovens tentam replicar.

Esta foi uma época em que uma geração de ouro dos juniores portugueses deu nas vistas, e de que maneira. O expoente máximo foi a medalha de prata nos Campeonatos do Mundo por parte de António Morgado, depois de uma temporada praticamente incólume neste escalão. Estas exibições valeram-lhe o salto para o estrangeiro, integrando a bem conhecida Hagens Berman Axeon, onde será acompanhado por um dos seus braços direitos ao longo de 2022: Gonçalo Tavares, outro corredor que esteve em excelente plano em corridas internacionais.




No entanto, do incrível lote de ciclistas que a Bairrada, comandada por Henrique Queiroz, tinha para 2022, há outro nome que atrai atenções. Um pouco mais discreto do que Morgado e Tavares, Daniel Lima fez uma temporada muito consistente, onde assinou um lugar no pódio em diversas corridas. Foi 3º na Volta a Loulé, na Volta a Portugal de Juniores, 2º no G.P. Minho, 3º nos Nacionais e 9º na Vuelta a Besaya (ganha por Morgado). Foi ainda 38º nos Mundiais e um excelente 11º nos Europeus, onde foi o melhor português. Ao longo de 2022 mostrou-se um muito bom finalizador em grupos reduzidos, até a nível internacional, com boa capacidade para ultrapassar a média montanha e tem claramente uma grande margem de evolução.

O destino de Daniel Lima, um jovem que apenas recentemente fez os 18 anos é a Israel Cycling Academy, a equipa de desenvolvimento da Israel- Premier Tech. Este é um projecto que nasceu em 2018 e que ganhou mais força a partir de 2020, cujo plantel é habitualmente constituído por israelitas (metade) e ciclistas de outras nações (a outra metade). Foi a Israel Cycling Academy que veio correr a Volta a Portugal em 2021, não foi a equipa principal, e é preciso recordar que saíram com 1 etapa conquistada, por intermédio de Mason Hollyman. Neste momento a Israel Premier tech conta com 3 corredores que passaram pela sua equipa de desenvolvimento: Hollyman, o canadiano Derek Gee e o australiano Taj Jones.




É uma excelente oportunidade para Daniel Lima continuar a dar nas vistas e continuar o seu processo de evolução, nesta estrutura terá certamente um bom acompanhamento e terá a oportunidade de competir em algumas boas corridas do calendário europeu, quem sabe competindo até no Troféu Joaquim Agostinho. De recordar que em 2022 a Israel Cycling Academy realizou 9 provas do calendário internacional que não eram destinadas especificamente a ciclistas sub-23. A informação foi confirmada por Daniel Lima ao blog “Cyclingandthoughts” através de uma entrevista. Daqui aproveitamos para desejar a Daniel Lima a melhor das sortes nesta sua aventura.

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