À partida dos 132 quilómetros da prova de estrada dos juniores masculinos havia um claro favorito, o campeão europeu e já campeão mundial de contra-relógio em Innsbruck, Remco Evenepoel. No pelotão de 159 ciclistas todos diziam que o prodígio belga era o grande favorito, um pelotão onde estavam Guilherme Mota e Afonso Silva.
Curiosamente foram os norte-americanos e os alemães que quiseram levar a corrida mais controlada para o início das dificuldades montanhosas. O número 13 é por vezes o símbolo do azar e muitas vezes os ciclistas que levam esse dorsal até o levam ao contrário para ver se conseguem afastar a maleita desta superstição. Curiosamente, o dorsal 13 estava no equipamento de Remco Evenepoel, que se viu envolvido numa queda colectiva poucos quilómetros antes de iniciar a primeira ascensão do dia. Um ciclista checo distraiu-se e lá foi meio pelotão ao chão, Evenepoel perdeu cerca de 2 minutos, pensou-se por momentos que a prova estaria perdida e ficaram cerca de 20 ciclistas na frente.
Só que o jovem belga não é de desistir e começou uma recuperação épica subida acima, ultrapassando ciclista atrás de ciclista, e poucos eram os que ousavam tentar seguir no ritmo dele, os que tentavam, resistiam poucos metros. Marius Mayrhofer e Andrea Piccolo atacaram e o grupo desorganizou-se. No final da subida, Evenepoel, praticamente sozinho, tinha conseguido colar ao grupo perseguidor e estava a 50 segundos da frente da corrida. Depois, 2 colegas de equipa controlaram as operações, na descida e na parte plana e no sopé da subida na primeira passagem pelo circuito.
Ilan van Wilder fez um trabalho fenomenal, colocou o duo da frente a 30 segundos. Já bem na subida, um ciclista norte-americano tentou atacar, foi rapidamente marcado por Evenepoel e o belga contra-atacou, levando somente consigo mais 4 ciclistas. Continuou a forçar o ritmo e só mesmo Marius Mayrhofer e Karel Vacek terminaram a subida com ele. Vacek foi atacado com problemas musculares na descida, Mayhhofer conseguiu seguir na frente (sem passar pela frente, nem Evenepoel pediu) até ao início da subida final, quando Evenepoel “descarregou” o último resistente.
A partir daí foi sempre a ganhar tempo, abrindo uma vantagem superior a 1 minuto, que lhe permitiu festejar em abundância e imitar Philippe Gilbert ao passar na linha de meta. O alemão Mayrhofer completou uma grande corrida com um merecido 2º posto a 1:25 do vencedor, resistindo à perseguição de Alessandro Fancellu (3º classificado) e de Alexandre Balmer, que foi 4º. Guilherme Mota realizou uma excelente corrida e acabou num muito bom 16º lugar, à frente de nomes grandes do escalão e a 6:41 de Evenepoel, ainda mais impressionante porque ficou na grande queda e finalizou com uma média a rondar os 41,5 km/h. Afonso Silva também finalizou a prova, o que é de louvar, na posição 70.
Esta foi uma vitória esperada, mas no fundo épica, já que Evenepoel ganhou após ter a corrida “perdida”, demonstrando assim mais uma vez a sua superioridade entre os seus pares, ele que assinou com a Quick-Step para as próximas 2 temporadas e vai passar a correr com os seniores aos 19 anos. No final analisou muito bem a corrida e disse que o seu sonho é vencer as 3 Grandes Voltas. Desde que se dedicou ao ciclismo (jogava futebol até aos 16 anos), Evenepoel correu 45 dias competitivamente e venceu 35 deles.
De manhã disputou-se a prova de juniores femininas, uma corrida muito animada e pouco controlada, ganha pela atleta da casa, Laura Stigger, num sprint a 4. Derrotou a francesa Marie Le Net e a canadiana Simone Boilard. As italianas é que não terão ficado nada contentes, eram as maiores candidatas, colocaram 3 ciclistas no top 7 e não levaram medalha. Esta foi a 2ª competição na estrada para Laura Stigger, ela que é especialista no Mountain Bike.