É raro uma equipa mudar tantos ciclistas de uma temporada para a outra e a Team Dimension Data, com as 3 contratações anunciadas hoje, já vai em 9 reforços para 2020, altura em que passará a chamar-se Team NTT. Até agora tinham sido contratados alguns corredores que não renderam o que se esperava em outras equipas como Michael Gogl, Carlos Barbero ou Max Walscheid, 2 jovens da equipa de formação (Matteo Sobrero e Samuele Battistella) e ainda 1 grande líder na figura de Victor Campenaerts.
Hoje a formação sul-africana mostrou uma nova abordagem, estes 3 ciclistas que vamos falar mais à frente são todos provenientes de equipas PCT ou CT, obtiveram bons resultados este ano, mas nunca correram no WT nem têm provas dadas ao mais alto nível.
O único que corria numa equipa Profissional Continental era Andreas Stokbro, na Riwal Cycling Team. Trata-se de um dinamarquês de 22 anos com excelentes resultados no escalão junior e que fez uma boa transição para o ciclismo profissional. Em 2018 foi 5º no Tour des Flandres sub-23 e 2º na Volta a Estónia, esta temporada sagrou-se mesmo vencedor do Tour des Flandres sub-23 e mais tarde viria a ser 5º na Grote Prijs Marcel Kint, tem características de puncheur, o talento para estar lá, mas ainda precisa de evoluir muito e ganhar outra consistência.
Dylan Sunderland é outro jovem, com 23 anos, passou as 2 últimas épocas a correr em equipas australianas, país de onde é oriundo. Foi 5º no Herald Sun Tour em 2018, 9º nessa mesma prova este ano e terminou em 4º no Tour de Savoie Mont Blanc. Não tem propriamente resultados impressionantes para subir ao World Tour, as declarações dos responsáveis tanto da Dimension Data como da NTT levam a crer que estas escolhas se basearam somente em análise de dados e estatística, nomeadamente os pontos que os ciclistas por dias de corrida e o rácio de vitórias, o que muitas vezes pode ser enganador tendo em conta a concorrência em determinada prova face ao resultado obtido.
Por fim Benjamin Dyball é o mais experiente e o mais velho dos 3, já com 30 anos o australiano passou a carreira toda em equipas continentais excepto uma pequena passagem pela Delko Marseille como estagiário. Desde 2018 que regista uma impressionante subida no nível de resultados, dominando o circuito asiático, desde o Tour of Langkawi, que ganhou este ano e fez 3º em 2018, ao Tour of Taihu Lake e ao Tour of Fuzhou, em ambos ficou em 2º. Em 2019 foi também 3º no Tour of Qinghai Lake, ganhando a 7ª tirada da competição. É um trepador que se consegue defender no contra-relógio.
Para uma equipa que está a passar um péssimo momento e que quer dar a volta a isso em 2020, ainda por cima com um novo patrocinador principal, não nos parece que apostar em ciclistas sem qualquer prova dada ao mais alto nível seja o mais indicado. Ainda para mais quando é necessário referências sólidas para os jovens talentos que a equipa tem. Uma equipa World Tour não pode basear a sua temporada e justificar o seu investimento com resultados em provas 2.1 e 2.HC.